Custo de assessoria e notícia falsa sobre atentado a Bolsonaro põem Roberto Rocha em posição complicada 

 

Roberto Rocha: notícias envolvendo-o causam surpresa e expectativa no Maranhão

Se está realmente decidido a continuar na vida pública encarando disputa para o Governo do Estado ou para o Senado, podendo ser também para a Câmara Federal, o senador Roberto Rocha (sem partido) precisa urgentemente estabelecer um canal direto e abrangente de comunicação com a sociedade maranhense. O propósito: esclarecer – confirmando, explicando ou desmentindo – notícias preocupantes a seu respeito em redes sociais e na imprensa formal nos últimos dias. Verdadeiras ou falsas, são informações fortes, graves e que não devem ser tratadas com indiferença por um político do quilate do senador pelo Maranhão.

Nesta Terça-Feira, jornais surpreenderam os maranhenses estampando informações levantadas pelo site Ranking Político dando conta que Roberto Rocha é o senador que mais gasta com assessores. De acordo com levantamento feito junto ao Senado, o parlamentar mantém nada menos que 51 auxiliares distribuídos em seu gabinete e escritório em Brasília e no Maranhão, a um custo mensal de R$ 611 mil mensais, mais do que a folha de salário de grande parte de muitas prefeituras. Isso significa que, sem levar em conta que uns assessores ganham mais e outros menos, a bolada dá uma média mensal de R$ 11,9 mil por cabeça, e que, multiplicando esse valor por 12, chega-se à surpreendente cifra de R$ 7,3 milhões por ano, o equivalente a cinco meses a folha de salário básico dos 42 deputados estaduais do Maranhão. Não há ilegalidade nisso, mas em tempos econômicos e financeiramente sombrios, cabe forte discussão.

Também ontem, o jornal O Globo publicou, em matéria sobre a notícia falsa, divulgada pela jornalista Leda Nagle, politicamente alinhada aos Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente Lula da Silva e membros do Supremo Tribunal Federal teriam tramado o atentado contra o então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) em 2018. O senador aparece no seguinte trecho da reportagem: “No Telegram, um áudio apócrifo contava sobre um suposto relato do senador Roberto Rocha (PSDB-MA) e de um integrante “barra pesada” do Gabinete de Segurança Institucional que “revelava” outros mandantes da falsa conspiração: Jean Wyllys, José Dirceu e Fernando Henrique Cardoso”.

Logo ficou claro tratar-se de uma farsa. Mas o tal áudio permanece, mesmo sendo difícil imaginar a hipótese de o senador Roberto Rocha, na condição de tucano, que foi líder do PSDB no Senado e presidiu o partido no Maranhão, ter “revelado” que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, intelectual humanista e o maior dos líderes tucanos, tenha se juntado com o agora ex-deputado Jean Wyllys (PSOL), vice fora do Brasil, e com o ex-ministro e líder petista José Dirceu para tramar a morte do candidato Jair Bolsonaro. Mais ainda associando a tal revelação a um integrante “barra pesada” do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão que cuida da segurança e dos deslocamentos do presidente da República. Um informe estarrecedor.

O senador Roberto Rocha tem uma trajetória respeitável e recheada de bons resultados eleitorais e alguns fracassos, tendo sido deputado estadual, deputado federal, vice-prefeito de São Luís e chegou ao Senado em 2014 derrotando nas urnas ninguém menos que o então deputado federal emedebista Gastão Vieira (MDB), levando-se ainda em conta a sua vivência partidária, tendo militado como membro do PDS, PFL, PTB, PSDB e PSB, um arco da direita à esquerda, estando agora sem partido, mas posicionado de volta à direita. Isso sem contar o fato de que carrega o legado político construído por seu pai, o saudoso Luiz Rocha, dono de trajetória marcante como líder estudantil, vereador de São Luís, deputado estadual, deputado federal, governador do Maranhão e prefeito de Balsas.

Se o senador preferir manter silêncio sobre tais informações, tudo bem, é seu direito e ninguém pode obrigá-lo a fazer o que ele não está obrigado a fazer. Mas, em meio à cruel pandemia do novo coronavírus, que já ceifou a vide de 378 mil brasileiros, e quando as forças políticas começam a se mobilizar para as decisivas eleições do ano que vem, nas quais estará envolvido nos planos estadual e federal, nada mais coerente e politicamente saudável do que encarar os fatos, vir a público e jogar aberto e colocar os pingos nos is. Político ainda jovem, com horizonte pela frente, apesar das controvérsias que envolvem sua trajetória partidária e ideológica mais recente, o senador Roberto Rocha tem maturidade suficiente para firmar posições e responder por elas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino foi um dos articuladores da carta enviada pelos governadores ao presidente dos EUA

Flávio Dino foi um dos articuladores da carta dos governadores a Joe Biden sobre crise ambiental

O governador Flávio Dino (PCdoB), que preside o Consórcio da Amazônia, foi um dos principais articuladores e redatores da carta que ele e mais 23 governadores – menos os de Santa Catarina, Rondônia e Roraima –, que representam 90% do território brasileiros e da esmagadora maioria da população nacional, enviaram ontem ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Trata-se de uma proposta clara e direta, na qual os governantes estaduais propõem ao presidente norte-americano a abertura de um canal de entendimento entre o governo dos EUA e os governos estaduais brasileiros que possa resultar na definição de uma política de defesa dos biomas brasileiros, a começar pela Amazônia, incluindo ainda apoio na adoção de políticas públicas adequadas para as populações das regiões brasileiras sob grave risco ambiental. A carta é um marco, porque tenta recolocar o Brasil no cenário mundial como um país preocupado com a preservação das suas riquezas naturais, como também é um posicionamento firme em sentido contrário à postura nociva do atual Governo do Brasil na seara ambiental. Segue a íntegra da Carta dos Governadores ao presidente dos EUA:

“Brasil, abril de 2021

Caro presidente Joe Biden

Inicialmente, registramos nossos cumprimentos e felicitações pela vitória eleitoral, com o desejo de muito sucesso em sua gestão, ao lado da vice-presidente Kamala Harris.

Os Governadores do Brasil abaixo subscritos, representantes de estados que compreendem mais de 90% do território nacional, manifestam interesse no desenvolvimento de parcerias e de estratégias de financiamento, visando impulsionar o equilíbrio climático, a redução de desigualdades, a regeneração ambiental, o desenvolvimento de cadeias econômicas verdes e o estímulo à adoção de tecnologias para reduzir as emissões de atividades econômicas tradicionais nas Américas, além do esforço conjunto na construção de uma sociedade mais saudável e resiliente a pandemias. 

A Coalizão Governadores Pelo Clima, ampla e diversa, envolvendo progressistas, moderados e conservadores, de situação e de oposição, sinaliza o desejo do Brasil por união e construção colaborativa de soluções em defesa da humanidade e de todas as espécies de vida que estão ameaçadas pela degradação de ecossistemas.

Conscientes da emergência climática global, os governos subnacionais brasileiros signatários estão cientes da sua responsabilidade com a redução dos gases de efeito estufa, a promoção de energias renováveis, o combate ao desmatamento, o cumprimento do Código Florestal para a conservação das florestas e da vegetação nativa, a melhoria da eficiência na agropecuária, a proteção e o bem-estar dos povos indígenas e demais comunidades tradicionais, e a busca de formas consorciadas de viabilizar massivos reflorestamentos, integrados aos sistemas sociobioprodutivos regionais. Ao mesmo tempo, buscam-se soluções concretas para a superação da pobreza, ainda prevalente em nosso continente, em especial nas áreas de florestas. Estas são ações que, além da remoção de carbono, da proteção da biodiversidade e da redução da pobreza, podem evitar futuras pandemias.

Visando avançar com visão sistêmica, a aliança Governadores Pelo Clima está estruturando políticas climáticas, sociais e econômicas interligadas como base do desenvolvimento sustentável, e vêm construindo intercâmbios com Governadores dos Estados Unidos, lideranças da América Latina e governos da Europa e do Reino Unido, sede da COP26, onde desejamos apresentar inovações e parcerias de alto impacto, que considerem o protagonismo das agendas locais e suas singularidades, para alcançarmos o desenvolvimento sustentável da maneira mais ampla e com maior impacto positivo possível na vida das pessoas. 

Celebrando a decisão do seu governo em fortalecer a agenda ambiental internacional e o Acordo de Paris, expressamos nossa intenção de implementar ações conjuntas, propondo a cooperação entre os Estados Unidos e os governos estaduais brasileiros, responsáveis pela maior parte da Floresta Amazônica, a mais extensa floresta tropical do mundo, e de outros biomas que, somados, abrigam a mais ampla biodiversidade já registrada e que são capazes de regular ciclos hídricos e de carbono em escala planetária. Por outro lado, historicamente, são as áreas que mais concentram a pobreza e falta de acesso às políticas públicas básicas em nosso país. Unir, portanto, uma agenda robusta de conservação ambiental, recuperação produtiva das áreas degradadas, proteção dos biomas em risco, com foco na redução das desigualdades sociais, é urgente para esse novo cenário.

Para que a temperatura global não ultrapasse 1,5°C até o fim do século, a humanidade precisa reflorestar uma área do tamanho do território dos Estados Unidos. Nesse desafio, o Brasil pode ampliar o verde da Terra não apenas na Amazônia, mas também em biomas de grande capacidade de captura de carbono, inestimável biodiversidade e relevância socioeconômica, como Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e o Pantanal, que perdeu grandes áreas em incêndios em 2020. No entanto, fazer isso, ao mesmo tempo em que avançamos em uma nova economia, capaz de promover o bem-estar efetivo das comunidades tradicionais, é o grande desafio para que a meta da redução das emissões não sobrecarregue ainda mais os países mais pobres. 

Nossa parceria pode somar rapidamente capacidade técnica, grandes áreas regeneráveis de terra e governanças locais, com a imensa capacidade de investimentos da economia americana, conectando políticas públicas, conhecimentos científicos, instrumentos inovadores e iniciativas empresariais. Nossos Estados possuem fundos e mecanismos criados especialmente para responder à emergência climática, disponíveis para aplicação segura e transparente de recursos internacionais, garantindo resultados rápidos e verificáveis.

Assim, é possível viabilizar ações descentralizadas, em múltiplos pontos do território brasileiro, possibilitando a proteção de biomas nativos, a restauração de áreas degradadas, a inclusão de comunidades locais com capacitação planejada e geração de muitos empregos, e a incorporação de empresas, em diversas cadeias econômicas de baixas emissões, integrando as economias do Brasil e dos EUA, nos eixos de bioenergia, agricultura de baixo carbono, energias renováveis e bioeconomia de floresta em pé e manejada, com uso de modernas tecnologias para agregação de valor aos produtos da floresta, promovendo práticas sustentáveis de comércio internacional.

 Juntos, podemos constituir com agilidade a maior economia de descarbonização do planeta, criando referências para impulsionar a transição da economia mundial para um modelo carbono neutro, orientando uma retomada verde pós-pandemia. Os Estados brasileiros têm enormes capacidades de contribuir com a captura de emissões globais, aumentando a ambição da NDC nacional, reduzindo a pobreza, desenvolvendo novos arranjos econômicos e fortalecendo comunidades indígenas.

Certos do alto nível de convergência de interesses e desejando tempos saudáveis para nossos povos, ficamos abertos para estabelecer um canal de interação com o seu governo para avançarmos em passos práticos.

A terrível pandemia atual, somada à urgência climática, exigem ações imediatas para evitar novas doenças em escala planetária, tendo como princípio a união de nações, conhecimentos, capacidades e, sobretudo, solidariedades e sonhos que nos elevem a um novo patamar de sabedoria coletiva. Unir esforços imediatamente para vacinação é a maior prioridade. Acreditamos que é possível iniciar aqui um novo ciclo da sociedade, tornando o nosso continente mais justo, sustentável, inclusivo e próspero, para as atuais e futuras gerações. Há muito o que reparar, restaurar, curar e construir, e também há muito a inventar para a conquista de um futuro saudável e seguro. 

Atenciosamente,

Gladson Cameli (Acre), Renan Filho (Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Renato Casagrande (Espírito Santo), Ronaldo Caiado (Goiás), Flávio Dino (Maranhão), Mauro Mendes (Mato Grosso), Reinaldo Azambuja  (Mato Grosso do Sul), Romeu Zema (Minas Gerais), Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Carlos Roberto Massa Junior (Paraná), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias  (Piauí), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria  (São Paulo), Belivaldo Chagas (Sergipe), Mauro Carlesse  (Tocantins).

São Luís, 21 de Abril de 2021.

Um comentário sobre “Custo de assessoria e notícia falsa sobre atentado a Bolsonaro põem Roberto Rocha em posição complicada 

  1. Ao jornalista Ribamar Correa

    Leio estarrecido a informação publicada em sua coluna me cobrando uma posição sobre postagens polêmicas ou me alertando de que eu preciso urgentemente estabelecer um canal direto de comunicação com a sociedade maranhense. Chega a ser patético vindo de um jornalista que poderia facilmente entrar em contato com a minha assessoria ou comigo mesmo para esclarecer os fatos narrados.

    Em primeiro lugar, tenho todos os canais abertos diuturnamente com a sociedade maranhense. Me aponte um parlamentar que tenha feito tantas lives e publicações sobre o seu mandato.

    Claro que tomei conhecimento da publicação que me aponta como o campeão de despesas de pessoal no Senado Federal. Não dou usualmente importância a esse tipo de notícia que é feita apenas para criar fumaça, com tons de denúncia. Ainda mais que não tenha merecido mais que as páginas de uns poucos blogs sem maior significância.

    Mas agora vejo que mereceu a sua atenção, embora não o seu interesse jornalístico em apurar que o meu nome consta ali pelo fato de terem sido atribuídos a minha cota de funcionários todo o corpo técnico do Gabinete da Liderança do PSDB, que eu não mais exerço, e que é composto de quadros técnicos de alta qualificação. Naturalmente esses funcionários, que somam mais de uma dezena, recebem os mais altos salários do Senado. Há ainda outros cargos técnicos igualmente atribuídos a mim que decorrem de funções que exerço, tais como o de Corregedor do Senado.

    Mas não satisfeito você me atribui não sei que tipo de responsabilidade por conta de um áudio de um celerado, que eu não tenho nem como saber quem é, dado que anonimamente fez absurdas acusações a figuras públicas. O que é que eu tenho a ver com isso? Trata-se claramente de fakenews usando meu nome para dar credibilidade aos absurdos ali narrados.

    De todo modo estou a sua disposição sempre para falar sobre as dezenas de projetos de que sou autor ou relator no Senado Federal, com o mandato voltado para temas do desenvolvimento do Maranhão e do país, que parecem não despertar o mesmo interesse do jornalismo maranhense.

    Senador Roberto Rocha

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