CPI da Covid pode arranhar imagem de Edivaldo Jr. ou confirma-lo político sem mácula ética

 

Edivaldo Holanda Jr.: politicamente isolado, distante do Palácio dos Leões e agora sob risco de ir à CPI

Cinco meses após deixar o comando da Prefeitura de São Luís montado numa confortável sela de prestígio, resultado dos oito anos que passou dando as cartas no Palácio de la Ravardière, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. corre o risco de ter a imagem de correção da sua gestão gravemente arranhada pela CPI da Covid. Politicamente isolado, sem partido- saiu recentemente do PDT -, causando a impressão de que enfrenta sérias dificuldades para se reinserir na aliança comandada pelo governador Flávio Dino, o ex-prefeito será convocado para depor no rumoroso caso da compra de máscaras superfaturadas pela Secretaria Municipal de Saúde, na fase inicial da chegada do novo coronavírus na Capital do Maranhão. A encrenca – que uns avaliam como grave e outros que não irá além do constrangimento dos depoimentos – atinge em cheio o ex-secretário municipal de Saúde, Lula Filho, que na época foi exonerado, causando forte mal-estar na Prefeitura de São Luís.

Até prova em contrário, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. não teve participação na rumorosa e, ao que parece, desastrada, compra de 20 mil máscaras pela Secretaria Municipal de Saúde, cuja investigação foi batizada pela Polícia Federal como “Operação Tempo Real”. De acordo com a PF, a compra de máscaras com superfaturamento teria envolvido o secretário Lula Fylho e um grupo de servidores da pasta, que teriam agido como “uma quadrilha”, impondo prejuízo de quase R$ 500 mil aos cofres da Capital. Diante da denúncia, Edivaldo Holanda Jr. exonerou Lula Fylho em meio a um forte mal-estar dentro e fora do governo municipal. Meses depois, a PF fez buscas na residência de Lula Fylho e outros envolvidos na denúncia, apreendendo joias e mais de R$ 200 mil em espécie.

O então prefeito Edivaldo Holanda Jr. praticamente não se manifestou sobre o caso, como que calculando que o silêncio seria a sua melhor postura. Afinal, nos seis anos de gestão vencidos até aquele momento nenhuma denúncia grave de desvio tinha vindo à tona, o que dava ao prefeito Edivaldo Jr. a justa estatura de governante correto na liderança de um governo sem mácula. Tal imagem, além de atrair o reconhecimento público a uma administração limpa e eficiente, carimbou Edivaldo Holanda Jr. como um gestor de excelência, um exemplo a ser seguido. Afinal, gestões de capitais importantes, como a do Rio de Janeiro, por exemplo, foram marcadas pela chaga da corrupção escandalosa, que levou o prefeito Marcelo Crivella a ser trucidado nas urnas ao tentar a reeleição, correndo agora o risco de parar na cadeia.

Edivaldo Holanda Jr. deixou a Prefeitura de São Luís com os méritos de bom gestor, tanto no campo administrativo, com resultados surpreendentes em todas as regiões da cidade, a começar pelo Centro, quanto na delicada seara ética, na qual parece ter enveredado rigorosamente dentro da linha.

O seu desempenho administrativo lhe deu estatura política para ser apontado como um quadro destinado a ter participação destacada nas eleições do ano que vem. Foi lembrado como um bom candidato a vice, nome forte para o Senado, e até mesmo como candidato a governador, dependendo das circunstâncias. Politicamente, Edivaldo Holanda Jr., que fora fortemente apoiado pelo grupo dinista na eleição em 2012 e na reeleição em 2016, se omitiu ostensivamente em 2020, dando as costas para o candidato apoiado pelo seu partido, o PDT, e para o candidato do Palácio dos Leões, construindo assim os muros do isolamento em que vive, quando as forças começam a se articular para a guerra eleitoral do ano que vem.

A convocação para a CPI da Covid, se aprovada, poderá criar-lhe embaraços de elevado custo político, ou poderá lhe dar a oportunidade de eliminar suspeitas e se reafirmar como um político de estatura.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Grupo liderado por Weverton Rocha se reúne em Brasília para avaliar corrida aos Leões

Weverton Rocha tendo à direita Othelino neto, Osmar Filho, Juscelino Filho, Erlânio Xavier e Glaubert Cutrim e à esquerda Eliziane Gama, Pedro Lucas Fernandes, Neto Evangelista, Gil Cutrim, Márcio Honaiser, (?) e Carlos Madeira, ontem, em Brasília  

O comando informal, mas ativo, do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, realizou ontem mais uma reunião em Brasília. Oficialmente, o grupo se reuniu para avaliar o quadro da pandemia no Maranhão e discutir medidas a serem sugeridas ao Governo do Estado e às Prefeituras. Oficiosamente, o comando avaliou o cenário da corrida ao Palácio dos Leões até aqui e alinhavou os próximos passos que o senador e seus aliados darão no sentido de viabilizar o projeto de candidatura.

Liderados pelo senador Weverton Rocha, reuniram-se ontem, no gabinete do pedetista, a senadora Eliziane Gama (Cidadania), o presidente da Assembleia Legislativa, os deputados federais Juscelino Filho, que preside o DEM no Maranhão, Pedro Lucas Fernandes, agora no comando do PSL, e Gil Cutrim (Republicanos), o presidente da Assembleia Legislativa Othelino Neto (PCdoB), o vice-presidente Glaubert Cutrim (PDT) e o deputado Neto Evangelista (DEM), o presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT), o presidente da Câmara de São Luís Osmar Filho (PDT) e o secretário de Desenvolvimento Social, Márcio  Honaiser, que é deputado estadual pelo PDT. Além deles, o ex-juiz federal e ex-candidato a prefeito de São Luís pelo Solidariedade Carlos Madeira (cujo papel no grupo ninguém soube explicar até agora). Ausente apenas o deputado federal Cléber Verde, que preside o Republicanos e integra o grupo.

A reunião de ontem – a segunda realizada com esse formato e com essa agenda – demonstra que o senador Weverton Rocha continua firme e forte na viabilização do seu projeto de candidatura, medindo força com o seu principal adversário, o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), também empenhado em se viabilizar.

 

Assis Ramos não quis servir de tiete para Jair Bolsonaro

Assis Ramos 

Surpreendente a postura do prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM), em relação à passagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela Região Tocantina. Convidado a fazer parte do “comitê de recepção” ao chefe da Nação em Açailândia, para assistir à entrega de alguns títulos de terra – ato para o qual um presidente realmente preocupado que uma pandemia com saldo parcial de 450 mil vítimas escalaria um ministro -, o prefeito preferiu não comparecer. Indagado sobre a não ida, Assis Ramos foi claro: não tem vocação para tiete. E explicou que o convite só lhe exigia a presença física, sem lhe dar sequer o direito de usar a palavra, o que o transformaria em membro de clac. É isso aí.

São Luís, 27 de Maio de 2021.

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