A pré-campanha da disputa para o Governo do Estado está servindo também de preparação antecipada da disputa pela Prefeitura de São Luís em 2024. Todos os sinais emitidos até aqui indicam que nomes destacados da corrida majoritária e proporcional para as eleições de outubro têm como focos as suas eleições agora, mas motivados pela perspectiva de brigar pelo Palácio de la Ravardière daqui a dois anos, quando o prefeito Eduardo Braide, atualmente sem partido, certamente tentará renovar o mandato, e muito provavelmente entrando na corrida como favorito. O desenrolar da pré-campanha para as eleições deste ano tem mostrado três nomes se movimentando fortemente na direção da Prefeitura da Capital: o deputado estadual e candidato a deputado federal Duarte Jr. (PSB), o ex-prefeito de São Luís e pré-candidato a governador Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e o deputado federal e candidato à reeleição Márcio Jerry (PCdoB). Com cacifes e motivações diferentes, mas com os pés fincados no tabuleiro político da Capital, essa quadra de nomes vai dar as cartas na disputa, que será uma das mais duras dos tempos recentes, a começar pelo fato de que à frente da máquina como candidato à reeleição estará um político hábil e de largo horizonte pela frente.
Dono de um faro político diferenciado e com capacidade de enxergar muito à frente, o prefeito Eduardo Braide traçou sua trajetória política com etapas muito claras com início, meio e fim. O início foi sua bem-sucedida passagem pela Assembleia Legislativa, onde pontificou como governista e depois na oposição ao governador Flávio Dino (PSB), fez o primeiro e malsucedido teste para a Prefeitura de São Luís em 2016, partindo em seguida para uma eleição de deputado federal com votação espantosa – quase 190 mil votos – e em seguida para o Palácio de la Ravardière, disputa na qual entrou favorito e saiu vitorioso. Essa fase-meio poderá ser completada com a reeleição de prefeito, resultado que, se alcançado, o credenciará para disputar o Governo do Estado em 2026 ou em 2030.
Até aqui, o seu adversário mais forte e ousado é o deputado estadual Duarte Jr. (PSB), pré-candidato a deputado federal nessas eleições e apontado por muitos como um dos nomes que certamente integrarão a bancada federal a ser eleita em outubro. Segundo na eleição de 2020, sendo o adversário de Eduardo Braide no segundo turno, o parlamentar dá todos os indicativos de que trabalha diuturnamente para fortalecer seu cacife político na corrida ao Palácio de la Ravardière. Duarte Jr. não ganhou a eleição, mas continuou em campanha em São Luís, não escondendo de interlocutores que seu objetivo é, primeiro, chegar à Câmara Federal, e na sequência brigar pela Prefeitura da Capital. Sua movimentação evidencia que nada o demoverá de entrar nessa disputa, independente do que venha ser o resultado da corrida ao Governo do Estado.
Ninguém duvida de que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. está, de fato, na corrida ao Governo do Estado. Mas igualmente ninguém duvida de que, além desse objetivo, ele se movimenta visando se cacifar para, não se elegendo governador, tentar voltar a despachar no Palácio de la Ravardière, que ocupou por oito anos, eleito e reeleito nas asas do prestígio do então governador Flávio Dino e do seu grupo. Agora sem aqueles parceiros, os quais abandonou sem explicação lógica, o ex-prefeito faz uma caminhada quase solitária rumo ao Governo. Mas parece apostar que pode voltar à Prefeitura. O problema é que terá como adversário um prefeito bem diferente de um João Castelo desgastado que derrotou em 2012 e de um Eduardo Braide sozinho que o ameaçou em 2016.
O deputado federal Márcio Jerry é citado aqui e ali como uma opção válida e viável dentro do grupo liderado pelo ex-governador Flávio Dino. Político de grupo, com um histórico respeitável de militância coerente, e consolidado como o mais ativo de influente quadro do grupo dinista, Márcio Jerry desconversa quando é provocado sobre o assunto, mas quando aceita tratar o tema, diz que está pronto para a missão que o grupo lhe confiar, ou seja, se o grupo o escolher, ele irá para a luta. O trabalho que realizou como secretário das Cidades o aproximou muito do eleitorado de São Luís. Mas deixa claro que não é um projeto seu.
Os movimentos da campanha para as eleições de outubro evidenciarão mais ainda o fato de que está em curso uma pré-campanha para a Prefeitura de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Cinco milhões de maranhenses estão aptos a votar em outubro
Os candidatos a presidente da República, ao Governo do Maranhão, à vaga de senador, às 18 cadeiras na Câmara Federal e aos 42 assentos da Assembleia Legislativa disputarão os votos de 5.042.999 eleitores maranhenses no pleito de 2 de outubro. Com 749.873 eleitores, o que representa pouco mais de 14% do eleitorado estadual, São Luís consolida sua condição de maior colégio eleitoral entre os municípios maranhenses, o mesmo acontecendo no sentido inverso com Nova Iorque, que permanece como o menor colégio, com 3.959 eleitores aptos.
Os números do eleitorado brasileiro apto a votar este ano foram divulgados ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o comunicado, o eleitorado brasileiro é 156.454.011 eleitores, o que corresponde a um aumento de 6,21% em relação ao eleitorado de 2018. Essa massa de eleitores encontra-se espalhada em 5.570 municípios, incluindo os 697.078 eleitores que votam em 181 cidades do exterior.
A votação vai ocorrer em 496.512 seções eleitorais distribuídas em 2.637 mil zonas eleitorais.
Novo eleitorado vai aumentar o cociente eleitoral para deputado federal e deputado estadual
Se todos os 5.042.999 eleitores maranhenses votarem, o cociente eleitoral para deputado federal será de 280 mil votos por vaga, ou seja, para eleger um deputado federal, o partido deverá reunir esse número de votos, sendo eleito o candidato que atingir sozinho o cociente eleitoral ou o mais votado da soma dos votos de todos os candidatos a deputado federal do partido.
Já para eleger um deputado estadual, o partido terá de alcançar 120 mil votos. E o processo é o mesmo: o candidato que alcançar o cociente sozinho entra direto, do contrário, será eleito o mais votado de uma chapa cuja soma dos votos de todos os candidatos da chapa alcançar o cociente eleitoral.
Vale lembrar que o cociente eleitoral é definido com base no número de votos válidos, excluídos a abstenção, os votos nulos e os votos em branco. A média de cocientes eleitorais no Maranhão tem sido bem menores, uma vez que os votos inválidos variam entre 20% e 30% em cada eleição.
São Luís, 16 de Julho de 2022.