Convenção dará controle do MDB a Roseana e definirá os rumos do partido nas eleições de 22

 

Roseana Sarney  será presidente tendo Roberto Costa como vice e João Alberto como presidente de Honra

Com a convenção extraordinária que será realizada amanhã (02), o MDB cravará dois marcos na sua trajetória no Maranhão desde que passou a ser controlado pelo Grupo Sarney, no início dos anos 90 do século passado. O primeiro é o fim do comando de mais de três décadas pelo ex-senador João Alberto, e o segundo é a ascensão da ex-governadora Roseana Sarney à direção da legenda, depois de mais de uma década atuando como eminência parda. Entre essas duas visões de partido está o fator causador dessa reviravolta: a ala jovem do MDB, comandada pelo deputado estadual Roberto Costa, com o apoio do ex-presidente nacional do MDB Jovem, Assis Filho. No contexto dessa mudança está o projeto maior: livrar o MDB maranhense da ameaça de se tornar um nanico e devolver-lhe peso no tabuleiro partidário estadual apostando num bom desempenho nas eleições do ano que vem. A convenção de amanhã elegerá Roseana Sarney presidente, Roberto Costa vice-presidente e João Alberto presidente de Honra, além do ex-senador Edson Lobão, dos deputados federais Hildo Rocha e João Marcelo e dos deputados estaduais Arnaldo Melo e Socorro Waquim para a Executiva partidária.

Sob o comando de Roseana Sarney, o MDB definirá sua linha de atuação nas próximas eleições. Lançará candidato a governador? Se afirmativo, quem será? Em caso negativo, apoiará Carlos Brandão (PSDB), Weverton Rocha (PDT) ou Roberto Rocha (ainda sem partido)? Vai disputar o Senado? Se não, apoiará quem? E para presidente da República, a quem apoiará? Roseana Sarney será candidata ao Governo ou vai mesmo disputar uma cadeira na Câmara Federal? São perguntas que há tempos estão feitas e que, a partir de amanhã, o braço maranhense do MDB começará a responder. As respostas do partido poderão impactar o cenário político estadual, no qual os pré-candidatos à sucessão do governador Flávio Dino (PSB) veem o MDB como um aliado qualificado e importante.

Mesmo depois de ter sido o maior e mais poderoso partido político do Maranhão nas últimas décadas e de ter sido varrido do poder com a eleição de Flávio Dino em 2014, e destroçado nas urnas em 2018, o MDB ainda é uma força política respeitável, e com potencial para ganhar mais musculatura. Essa condição foi mantida graças aos esforços da ala jovem liderada pelo deputado Roberto Costa que, contrariando os setores mais conservadores, adotou o pragmatismo como linha de ação, e com isso abriu canais de diálogo nas mais diversas direções, incluindo a do Palácio dos Leões. Hoje, o Governo Flávio Dino reconhece o MDB como um partido independente, mas que atua como um interlocutor confiável e um parceiro eventual na Assembleia Legislativa, por exemplo. Uma construção lenta e cuidadosa e que deu ao deputado Roberto Costa o status de articulador eficiente.

Com a mudança, o MDB passará a ser uma incógnita, pelo menos no primeiro momento. Isso porque não se sabe exatamente como Roseana Sarney conduzirá o partido. Ela tem emitido sinais de que dialogará “com todo mundo” e está disposta a conversar com os demais partidos sobre candidatura ao Governo, inclusive considerando “bons” todos os pré-candidatos. Só que ao mesmo tempo, sinaliza que está tentando “construir” sua candidatura ao Palácio dos Leões. Assumirá a condição de articuladora na linha de frente? Entregará essa tarefa ao vice-presidente Roberto Costa, que já está credenciado como o grande articulador do partido? Até onde ela levará ou pretende levar o partido? Os primeiros passos serão dados na convenção. Ontem, ao anunciar, em discurso na Assembleia Legislativa, a reunião emedebista, Roberto Costa garantiu que as decisões todas serão tomadas de forma consensual, ouvindo as lideranças do partido, os deputados federais, os deputados estaduais, os prefeitos, ex-prefeitos e vereadores.

Pode ser, mas até as pedras de cantaria da Praia Grande sabem que Roseana Sarney não costuma tomar decisões colegiadas facilmente. É possível, porém, que a situação do partido e a pandemia tenham-na tornado uma política mais flexível com os pés fincados no chão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Nome apoiado por Dino terá maioria ampla dentro do PSB, PCdoB e PT

Flávio Dino vai iniciar consultas para escolher entre Carlos Brandão e Weverton Rocha

Em meio à expectativa para a reunião de Segunda-Feira (05) do governador Flávio Dino (PSB) com os chefes partidários da aliança que lidera, para iniciar as discussões sobre a escolha de um candidato de consenso à sua sucessão, aumentam os sinais de que os partidos mais próximos caminham para se alinhar à candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB). PSB, PCdoB e PT têm sido sacudidos por discussões internas, informais, sobre quem apoiar, e de acordo com fontes de cada um, o clima é de divisão, mas “com uma leve maioria” inclinada a apoiar o vice-governador. De acordo com as mesmas fontes, o senador Weverton Rocha (PDT) tem também muitos simpatizantes nas três legendas. Para esses observadores, nenhum dos dois candidatos terá apoio integral nas três agremiações, mas é certo que receberá a maioria esmagadora desse apoio o nome que for apontado pelo governador Flávio Dino.

 

Edivaldo Jr. pode ser carimbado como bolsonarista se entrar no PSD ou no PTB

Edivaldo Holanda Jr.:bolsonarismo dificulta filiação ao PSD ou ao PTB no Maranhão

Não é segredo que PSD e PTB estão interessados no passe do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., e que ele próprio tem manifestado interesse nessas legendas. De longe o sem-partido mais importante do Maranhão, com cacife político e potencial eleitoral para turbinar qualquer legenda à qual vier a se filiar, Edivaldo Holanda Jr. se depara com um problema cabeludo em relação às duas agremiações: elas são linha de frente do bolsonarismo. Eleito duas vezes vereador de São Luís, uma vez deputado federal e uma vez prefeito pelo PTC, um partido de direita e hoje quase fantasma, Edivaldo Holanda Jr. deu uma guinada à esquerda moderada ao ingressar no PDT, pelo qual se reelegeu para a Prefeitura de São Luís em 2016. Isso torna constrangedor retroceder para a direita com o rótulo de bolsonarista. Comandado pelo deputado Edilázio Jr., um político de direita assumido e aliado do presidente Jair Bolsonaro, o PSD dificilmente mudará esse rumo, o que praticamente fecha as portas ao ex-prefeito de São Luís. O mesmo acontece com o PTB, hoje transformado numa espécie de falange bolsonarista. Edivaldo Holanda Jr, sabe que se ingressar num dos dois será carimbado como bolsonarista, o que poderá complicar gravemente o seu próximo passo, que é disputar as eleições do ano que vem, provavelmente como candidato a deputado federal. Ele deve se posicionar em breve sobre seu futuro partidário.

São Luís, 01 de Julho de 2021.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *