Começa a contagem regressiva para Eduardo Braide e Ricardo Murad confirmarem ou arquivarem candidaturas aos Leões

 

Eduardo Braide e Ricardo Murad em contagem regressiva para decidir se disputam ou não o Governo
Eduardo Braide e Ricardo Murad em contagem regressiva para decidir se disputam ou não o Governo do Estado em Outubro

A contagem regressiva de cinco dias para o início do período – 20 de Julho a 05 de Agosto – em que serão realizadas as convenções para a formalização das candidaturas ao Governo do Estado, revelarão finalmente o que está por trás de duas incógnitas. A primeira é o que de fato pretende e para onde vai o deputado estadual Eduardo Braide (PMN). A segunda é o futuro político e eleitoral do ex-deputado Ricardo Murad (PRP). Os dois estão navegando entre o voto majoritário e o proporcional, apontados ora como pré-candidatos a governador, ora como aspirantes a um período na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa, mas em movimentos intensos e silenciosos alimentam fortemente a possibilidade de entrar na disputa pelo Palácio dos Leões, quando é sabido que não dispõem de base política sólida nem de estrutura partidária para encarar uma corrida nesse plano. São, porém, casos rigorosamente diferentes, que não guardam qualquer afinidade, mas  se os dois resolverem entrar de fato na corrida, o alvo deles  será o projeto de reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), devendo atuar na mesma linha da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

Um dos políticos mais preparados e atuantes da nova geração, o deputado Eduardo Braide nasceu nas entranhas do Grupo Sarney, mas seguiu a dissidência liderada pelo então governador José Reinaldo Tavares (2006), ganhando a presidência da Caema, de onde saiu para ser o secretário de Orçamento Participativo do Governo João Castelo em São Luís. Durante os dois primeiros anos do seu segundo mandato de deputado estadual foi uma das estrelas da bancada do Governo Flávio Dino, marcando sua atuação pelo duro e eficiente combate que deu aos ataques da Oposição. Rompeu com Flávio Dino para disputar a Prefeitura de São Luís em 2016, surpreendendo com um desempenho eleitoral inesperado: levou a decisão para o segundo turno, foi derrotado pelo prefeito Edivaldo Jr. (PDT), mas saiu das urnas com um capital eleitoral que o arremeteu para o primeiro time dos pesos pesados da política estadual.

No início deste ano, Eduardo Braide confirmou à Coluna rumores de que pretendia disputar o Governo do Estado, mas com o cuidado de dizer que seu objetivo primeiro é a Câmara Federal. Iniciou aí um jogo inteligente, mas furta-cor e com grande margem de risco. Sua pré-candidatura a governador vem sendo alimentada com uma maratona de conversas com líderes partidários na busca de uma aliança que lhe assegure algum tempo de  rádio e TV e, claro, recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral para bancar sua eventual campanha. Nesse período, pesquisas o apontaram como terceiro na corrida aos Leões, batendo Roberto Rocha (PSDB), Maura Jorge (PSL) e Ricardo Murad, e foi acusado de jogar para beneficiar Roseana Sarney. Fiel à estratégia da conversa fechada e do silêncio sepulcral, elogiada por uns e criticada por outros, Eduardo Braide se manteve até aqui como “pré-candidato”. Esse, porém, está chegando ao fim. Em poucos dias, Eduardo Braide terá de abrir o jogo e dizer para onde irá de fato. Sabe que disputar o Governo do Estado será uma “pedreira” difícil de encarar, assim como a Câmara Federal, que a essa altura está com o eleitorado loteado pelos candidatos já assumidos.

Personagem tonitruante de uma trajetória cheia de curvas e altos e baixos, marcada por um intenso entra e sai partidário que começou na direita (PDS e PFL), mergulhou pelo centro (PMDB), visitou a esquerda (PDT e PSB) e retornou à direita (PRP), tendo alcançado o ápice como presidente da Assembleia Legislativa (1987-1989), prefeito de Coroatá, gerente metropolitano (Governo José Reinaldo) e secretário de Saúde nos dois últimos Governos de Roseana Sarney, com forte influência política no Grupo Sarney, com o qual rompeu e reatou nesse período, o ex-deputado Ricardo Murad deixou o MDB e ingressou no PRP, partido alinhado ao Grupo Sarney, anunciando sua candidatura a governador. Tal equação gerou naturalmente questionamentos de aliados e suspeitas de adversários, que enxergaram no projeto o objetivo de atuar como “laranja” de Roseana Sarney, com a missão quase impossível de tentar desconstruir o governador Flávio Dino.  Ricardo Murad não arquivou a “pré-candidatura”, mas também não fez maiores gestos para confirmá-la.

Político astuto, experiente e conhecedor profundo do caminho das pedras no tabuleiro político estadual, o “homem-forte” do último Governo de Roseana Sarney sabe que, ao contrário de outros tempos, não tem como se dissociar da pré-candidata emedebista. E tem plena consciência de que se entrar, de fato, na guerra pelos Leões, será visto como linha auxiliar da aliada e transformado num alvo dos adversários. Daí a expectativa por uma definição clara sobre o seu futuro político.

O mundo político aguarda tais definições.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Situação no PSDB se acalma, mas José Reinaldo terá de disputar vaga de candidato a senador com Waldir Maranhão

José Reinaldo terá de disputar vaga com Waldir Maranhão
José Reinaldo terá de disputar vaga de candidato  senador com Waldir Maranhão

Depois de uma série de marchas e contramarchas, a situação do ex-governador José Reinaldo Tavares dentro do PSDB parece caminhar para um clima amistoso, sem a pancadaria que vinha sendo desferida na sua direção por conta do seu projeto de lançar o deputado Eduardo Braide candidato ao Governo do Estado, colocando a candidatura do tucano Roberto Rocha em situação delicada. O problema é que, se antes tinha garantida a vaga de candidato ao Senado pelo ninho dos tucanos, agora ele terá de disputá-la com o deputado federal Waldir Maranhão, que tem a simpatia da cúpula partidária. José Reinaldo vive uma situação muito diferente de quando ingressou no PSDB. Naquele momento, ele era o candidato absoluto a uma das vagas, sendo a outra do deputado estadual Alexandre Almeida. Agora, depois de semanas e semanas de conflitos dentro do partido por causa do “fator” Eduardo Braide, a situação é outra: depois da ameaça explícita de que poderia ser rifado da disputa para o Senado, uma nova situação ganhou definição: José Reinaldo terá de disputar a vaga com Waldir Maranhão na convenção. Tal situação foi confirmada com todas as letras pelo presidente do partido e candidato a governador, senador Roberto Rocha. Tudo indica que José Reinaldo entendeu a gravidade da situação e parece disposto a consertar os estragos que ele próprio produziu nesse período. Resta saber se os chefes tucanos e o próprio Waldir Maranhão estão dispostos a recuar.

 

Desistência de Flávio Rocha de disputar presidência causa alívio no PRB do Maranhão

Flávio Rocha desiste de candidatura e alivia Cléber Verde
Flávio Rocha desiste de candidatura e alivia Cléber Verde, comandante do PRB

A desistência do empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, de disputar a presidência da República pelo PRB causou grande alívio no comando do partido no Maranhão. Político declaradamente de direita, e de uma corrente que beira ao radicalismo, Flávio Rocha vinha criando embaraços à posição do PRB no Maranhão, onde está alinhado ao projeto de reeleição do governador Flávio Dino,  ficando o partido em situação delicada se tivesse de defender as ideias do dono da Riachuelo sobre programas sociais – ele tem horror ao Bolsa Família por exemplo. Agora, o braço maranhense do PRB, que tem como chefe indiscutível o deputado federal Cléber Verde e como maior estrela o vice-governador Carlos Brandão, vai poder fazer uma campanha mais menos tensa.

São Luís, 15 de Julho de 2018.

 

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