Com duras derrotas no currículo, Roberto Rocha se lança candidato da direita ao Governo em 26

Roberto Rocha mira agora o Governo

Depois de ter amargado uma dura derrota na disputa para o Senado em 2022, vencida com vantagem quilométrica pelo ex-governador Flávio Dino (PSB), o ex-senador Roberto Rocha saiu ontem do recolhimento que se impôs e voltou ao cenário político tentando dar forma a uma quimera: disputar o Governo do Estado em 2026 como candidato da direita bolsonarista. A revelação, feita pelo blog Elias Lacerda, ao qual concedeu entrevista, chamou a atenção, primeiro pelo fato em si, com o ex-senador saindo das sombras, e depois pela pretensão de chegar ao Governo do Estado depois de uma série de derrotas acachapantes para o Governo (2018) e para o Senado. E depois, por conta do seu projeto de ser o candidato da direita, uma seara já ocupada pelo ex-prefeito de São Pedro dos Crentes.

Não se sabe com base em quais informações políticas e partidárias o ex-senador avalia a possibilidade de ser bem-sucedido numa disputa para o Governo do Estado.

Vale lembrar que em 2018 ele ficou em 4º lugar, com meros 64.446 votos (2,05%) numa eleição em que o governador Flávio Dino (PCdoB) se reelegeu com 1.867.396 votos, o equivalente a 59,29%, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) ficou em segundo com 947.191 votos (30,07%), e Maura Jorge (PSL) 247.988 votos (7,87%). Roberto Rocha ficou à frente apenas dos candidatos do PSTU, Ramon Zapata e do PSOL, Odivio Neto, ambos com o equivalente a 0,36% cada. Em 2022, como candidato ao Senado, Flávio Dino (PSB) saiu das urnas com 62% dos votos, enquanto Roberto Rocha (PTB), buscando a reeleição, agora pelo PTB, recebeu apenas 37% dos votos, mesmo com o apoio ostensivo do então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Na entrevista, o ex-senador Roberto Rocha justifica seu pífio desempenho eleitorais com uma série de desventuras na área familiar, como a perda do Filho Roberto Filho e em irmão, Luiz Rocha Filho, que tocava os negócios da família e foi prefeito de Balsas. E pelo que disse na entrevista de ontem, acredita que pode ter vez numa disputa em que, se tudo correr como está desenhado, enfrentará o atual vice-governador Felipe Camarão (PT) como governador candidato à reeleição.

Para ser candidato ao Governo do Estado em 2026, o ex-senador Roberto Rocha precisa reestruturar toda a sua vida política para se viabilizar como o candidato da direita. Para começar, o posto de representante da seara direitista na próxima corrida aos Palácio dos Leões já está ocupado pelo ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, que no pleito de 2022 atropelou o senador Weverton Rocha, candidato do PDT, alcançando o segundo lugar na disputa com o governador Carlos Brandão.

O ex-senador Roberto Rocha vai precisar de um partido para ser candidato ao Governo. Na eleição passada, sua situação política estava tão desgastada que ele passou por vários partidos em pouquíssimo tempo, tentou dividir o comando do PL com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, andou se enroscando com Lahesio Bonfim pela vaga de candidato a governador no PSC, mas acabou tendo que se contentar com o que havia de mais retrógrado e mais agressivo na direta brasileira: o PTB, sendo liderado, portanto, pelo chefão do partido, Roberto Jefferson, que hoje se encontra internado com algemas nas pernas. Nas conversas que correm nos bastidores, poucos chefes partidários estão dispostos a abriga-lo nas suas legendas. Poderá – quem sabe? – dividir o controle do PRTB com o deputado estadual Yglésio Moises, recém chegado ao partido, e com projeto bem claro de se tornar o nome da direita bolsonarista no Maranhão.

A julgar pelo seu currículo partidário, com passagem pelo PDS, PFL, PMDB, PSDB, PSB e PTB, tendo também tentado, sem sucesso, comandar uma fatia do PL no estado, o ex-senador encontrará dificuldades para retornar à vida partidária e viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado.

PONTO & CONTRAPONTO

Operação costura manutenção de deputados do PSB e do PCdoB na base governista

Operação visa manter Carlos Lula,
Júlio Mendonça e Rodrigo Lago
na base governista

O PSB não vai se dividir nem o PCdoB mudará de posição. Os dois partidos o permanecerão integralmente na base de apoio do Governo Brandão. Eventuais divergências poderão até emergir, como aconteceu há pouco em relação ao Tribunal de Contas, mas está em andamento um intenso trabalho de costura no sentido manter a base intacta.

A saída da senadora Ana Paula Lobato do PSB para ingressar no PDT, e a migração do deputado Othelino Neto do PCdoB para o Solidariedade são vistas como casos isolados, que já estavam previstos, situação que dificilmente seria revestida e que se tornou fato consumado com a saída de Flávio Dino da vida político-partidária.

Já em relação aos deputados Rodrigo Lago e Júlio Mendonça, ambos do PCdoB, e Carlo Lula, do PSB, eles permanecerão atuando com independência na Assembleia Legislativa, mas dando todo o suporte possível ao Governo em matéria de votação.  Os dois primeiros terão também o apoio do partido deles, o PCdoB, cujo presidente, deputado federal Márcio Jerry, confirmou a permanência da legenda na base governista e como aliada de primeira hora.

Quem aposta numa crise na base governista começa a perceber que o cenário já está mudando.

Eleição em dois turnos mudará radicalmente o modo de fazer política em Imperatriz

Josivaldo JP, Rildo Amaral, Marco Aurélio
e Mariana Carvalho terão
de ajustar discursos e posturas

A confirmação de que Imperatriz alcançou os 200 mil eleitores e ganhou o direito de realizar eleição de prefeito em dois turnos mudará radicalmente a postura e o discurso dos candidatos à sucessão do prefeito Assis Ramos.

A partir de agora, o jogo será outro, pois os candidatos mais fortes não poderão distribuir pancadas nos seus adversários a ponto de os tornar inimigos políticos, uma vez que, se nenhum deles alcançar 50% dos votos mais um, os dois mais votados terão de procurar os derrotados para negociar o apoio de cada um deles.

Assim, Rildo Amaral (PP) não pode partir para a pancadaria contra Marco Aurélio (PCdoB) e vice versa, nem Josivaldo JP poderá disparar contra Mariana Carvalho (Republicanos), que também terá de atacar seus adversários com o cuidado possível.

Além de representatividade do prefeito eleito, que sempre terá mais da metade dos votos, o segundo turno impõe uma eleição mais civilizada e mais acreditada. Isso porque, além da disputa, abre caminho para debates nos quais os candidatos deverão se preocupar com propostas e não com pancadas nos adversários.

Será, de fato, uma nova realidade.


Em Tempo: Alertado por um leitor, Luciano, Repórter Tempo, envergonhado, faz uma correção na edição de ontem: o verso “A a gente não quer só comida…” incluído no discurso do novo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Froz Sobrinho, não é de Cazuza, mas de Arnaldo Antunes e os Titãs.

São Luís, 02 de Maio de 2024.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *