Depois de levar alguns tombos, como perder o controle da Prefeitura de Imperatriz com a migração do prefeito Assis Ramos para o DEM, e de fazer alguns movimentos que não produziram resultados positivos, como a tentativa de convencer a ex-governadora Roseana Sarney a disputar a Prefeitura de São Luís, o MDB fez uma pausa, reavaliou o cenário, recosturou a unidade e decidiu reunir todas as suas forças e entrar para valer na disputa por prefeituras onde for possível, fazer alianças nas quais possam indicar candidatos a vice, e fazer um grande esforço para eleger o maior número possível de vereadores em todas as regiões do Maranhão. O primeiro passo nessa direção foi a articulação de um grande acordo interno, que devolveu unidade ao partido, e a designação formal do vice-presidente regional, deputado estadual Roberto Costa, para coordenar a participação do MDB nas eleições, a começar pela escolha de candidatos a prefeito, a vice e a vereador em todo o estado. A designação foi feita formalmente (Resolução nº 45/2020) pelo presidente do partido, ex-senador João Alberto.
A designação do deputado Roberto Costa para comandar as forças emedebistas e a escolha de candidatos do partido em todo o estado é resultado de um grande entendimento interno, avalizado pela ex-governadora Roseana Sarney e pelos deputados federais Hildo Rocha e João Marcelo, que vinham medindo forças, alimentando um “racha” que só fragilizou a agremiação depois das derrotas de 2014 e 2018. Tido por políticos experientes como o partido mais bem organizado do Maranhão, isso depois de ter sido por duas décadas o mais importante e poderoso em ação no estado, o MDB continua sendo uma máquina partidária azeitada, apesar do fraco desempenho nas eleições mais recentes. Com o esforço para a superação das diferenças internas, o MDB quer usar estrutura e unidade para eleger o maior número possível de prefeitos, vices e vereadores.
A designação do deputado Roberto Costa para coordenar a campanha emedebista nas eleições municipais é o resultado natural da grande mudança que o MDB vem sofrendo nos últimos tempos, período em que a ala jovem resolveu tomar as rédeas do partido. O parlamentar empunhou a bandeira emedebista, enfrentou pesada resistência das alas mais conservadoras, viu o partido rachar em três correntes, mas manteve o rumo, colhendo agora os frutos de uma tomada de posição. Para conseguir a unidade partidária, Roberto Costa contou com o apoio do presidente João Alberto e o incentivo do ex-presidente José Sarney para a grande articulação que recolocou a ex-governadora Roseana Sarney e o deputado Hildo Rocha na mesa de comando do partido.
Político já experiente e com disposição para a hercúlea tarefa que lhe foi entregue, Roberto Costa pretende embrenhar-se em todas as regiões com o objetivo de coordenar a escolha de candidatos, começando por São Luís, onde o MDB pode lançar candidato próprio, fazer aliança indicando vice, mas também investindo na formação de uma chapa forte para a Câmara Municipal. Em Imperatriz a estratégia será a mesma, devendo se repetir na maioria dos grandes municípios. Em Caxias, o partido mantém a candidatura do empresário César Sabá, que assumiu o controle da legenda na Princesa do Sertão. Em Bacabal, que é a principal base do grupo liderado por João Alberto, o MDB já está posicionado em apoio à candidatura do prefeito Edvan Brandão à reeleição, devendo também investir fortemente na sucessão da prefeita emedebista Irlahi Moraes em Rosário.
Roberto Costa sabe onde pisa, conhece o mapa político e eleitoral Maranhão, tem noção clara do poder de fogo do seu partido e parece disposto a fazer uma campanha que alcance pelo menos o resultado obtido pelo partido nas eleições municipais de 2016, quando elegeu 22 prefeitos. Uma meta ambiciosa num cenário visivelmente adverso, mas que ele pretende melhorar levando a ex-governadora Roseana Sarney ao maior número possível de municípios.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino alerta que não há hoje no Congresso Nacional base para aprovar impeachment de Bolsonaro
“Nós não temos dois terços para votar o impeachment. Nem metade”. A avaliação, em tom de alerta, foi feita pelo governador Flávio Dino (PCdoB), terça-feira, em entrevista à revista Carta Capital, durante a qual externou impressões sobre o cenário da crise política e institucional causada pelas posições do presidente Jair Bolsonaro e pelas ações de seguidores dele.
O governador observou que há motivos jurídicos para o impeachment do presidente, mas não há coalizão política que assegure nem metade para os votos necessários para aprovar a medida. A começar pelo fato de que, de acordo com a avaliação da própria revista, que tem uma clara linha de oposição ao Governo Central, mostrando que levantamento recente o presidente aponta que Jair Bolsonaro estancou a perda de força política ao se aproximar do Centrão no Congresso Nacional.
Para o governador, que conhece fundo a legislação, não há dúvida de que, no campo jurídico, há espaço para um processo de impeachment contra o presidente da República, que na sua avaliação¸ à luz da Constituição e do Código Penal, tem cometido uma série de atos ilícitos.
Mas, numa visão legalista equilibrada, que já vem defendendo há tempos, Flávio Dino argumenta que o processo de impeachment, além de não ser rigorosamente jurídico, por ser uma decisão “antologicamente política”, exige “outros temperos”, a começar por uma forte base formada por 2/3 do Congresso Nacional, como manda a regra constitucional. No cenário de agora, não há garantia de que um processo de impeachment venha ser aprovado pelo Poder Legislativo.
– Você tem que analisar a situação concreta, no palco onde isso se desenrola, ou seja, no Congresso Nacional, nós não temos 2/3 para votar o impeachment – alerta o governador, com os pés no chão e a autoridade de quem faz cerrada Oposição ao presidente da República.
Weverton Rocha e Eliziane Gama querem o adiamento das eleições para Novembro
Dois dos três senadores do Maranhão, Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), já estão posicionados a favor do adiamento das eleições municipais. Weverton Rocha, que lidera a bancada pedetista na Câmara Alta, tem inclusive proposta de novas datas, sendo a primeira votação no dia 15 de Novembro, data da proclamação da República, e o segundo turno, onde houver, acontecerá no dia 29, duas semanas depois. Nesse caso, a Justiça Eleitoral terá todo o mês de dezembro para, num esforço concentrado, consumar o processo eleitoral, resolver pendências, diplomar os eleitos e lhes dar posse no dia 1º de Janeiro de 2021. A senadora Eliziane Gama defende a mesma posição, por considerar o adiamento poderá minimizar o risco de infecção pelo novo coronavírus. O senador Roberto Rocha (PSDB) não divulgou ainda sua posição sobre o assunto.
São Luís, 18 de Junho de 2020.