Capelli ganha cidadania maranhense e diz que o País vive o desafio de manter a democracia

Fofo maior: entre Carlos Brandão, Iracema Vale,
Cláudio Cunha e Roberto Costa, Ricardo Capelli
exibe diploma de cidadania. Foto direita: Ricardo
Capelli com os deputados Claudio Cunha e
Rodrigo Lago. E Ricardo Capelli na tribuna

O jornalista fluminense Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, é o mais novo Cidadão Maranhense e detentor da Medalha do Mérito Legislativo “Manoel Beckman”, as mais altas honrarias concedidas pelo Poder Legislativo do Maranhão, propostas, respectivamente, pelos deputados Cláudio Cunha (PL) e Rodrigo Lago (PCdoB). A entrega do diploma e da comenda ocorreu ontem à tarde, em sessão extraordinária da Assembleia Legislativa, comandada pela presidente Iracema Vale (PSB), com a participação do governador Carlos Brandão (PSB). Foi um ato concorrido e justificado pelo fato de Ricardo Capelli ter prestado serviços ao Maranhão como chefe da Representação Institucional no Distrito Federal (2015/2021) e secretário de Comunicação Social (2021/2022) nos governos Flávio Dino e Carlos Brandão.

A estatura do jornalista Ricardo Capelli, que também se especializou em Administração Pública na FGV, ganhou outra dimensão no dia 8 de Janeiro, quando, na condição de secretário-executivo do Ministério da Justiça, foi o principal operador das ações adotadas pelo ministro Flávio Dino no combate à tentativa de golpe. Ricardo Capelli foi nomeado interventor na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, substituindo ao então secretário, exatamente o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que assumiu a pasta e embarcou “de férias” para a Flórida (EUA), onde já se encontrava o ex-presidente Jair Bolsonaro. No comando do Sistema de Segurança do DF, Ricardo Capelli desmontou a trama ali armada, afastando coronéis da PM/DF, dos quais cinco estão presos por suspeita de participar do esquema golpista. Foi também, por alguns dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

A homenagem do parlamento maranhense se dá exatamente no momento em que há forte expectativa quanto ao futuro de Ricardo Capelli, que está associado à permanência ou não do ministro Flávio Dino, apontado como o favorito do presidente Lula da Silva para a vaga da ministra Rosa Weber, que se aposenta no dia 27, no Supremo Tribunal Federal. Na teia de especulações que anima os bastidores de Brasília, Ricardo Capelli tem sido citado para assumir o Ministério da Justiça caso o ministro Flávio Dino seja indicado pelo presidente Lula da Silva para o Supremo. Na mesma teia, Ricardo Capelli, que já foi presidente da UNE, tem sido apontado como uma opção para disputar o Governo do Distrito Federal, ou mesmo representar Brasília no Congresso Nacional.

Por coincidência, Ricardo Capelli recebeu o mesmo título de cidadania maranhense concedido em junho de 2022 ao então ministro da Justiça Anderson Torres, proposto pelo deputado Glaubert Cutrim (PDT). Logo após o 8 de Janeiro de 2023, quando ficou claro o envolvimento do ex-ministro da Justiça na trama golpista, o presidente do parlamento, deputado Othelino Neto (PCdoB), apresentou projeto propondo a revogação da concessão do título de cidadania ao ex-ministro bolsonarista.

Muito ligado ao ministro Flávio Dino, de quem é próximo desde quando presidiu a UNE, sendo destacado militante do PCdoB, e com quem vem trabalhando desde 2015, Ricardo Capelli cultiva também uma boa relação com o governador Carlos Brandão, de cuja campanha foi um dos coordenadores, tendo trabalhado pelo bom desempenho do PSB, que, além de reeleger o governador, elegeu Flávio Dino senador, Duarte Jr. deputado federal e 11 deputados estaduais, entre eles Iracema Vale.

Na homenagem, além dos proponentes e da esmagadora maioria dos deputados que aprovaram o título e a medalha, o governador Carlos Brandão, de quem Ricardo Capelli foi secretário de Comunicação Social entre abril e dezembro de 2022, período em que foi também um dos mais ativos coordenadores da sua campanha, considerou justa a homenagem. “Ele tem sido um grande interlocutor junto ao Governo Federal”, justificou. Opinião idêntica foi manifestada prela presidente Iracema Vale: Ficam a minha sincera admiração e o meu agradecimento ao homenageado”.

Os autores das concessões foram enfáticos nas suas justificativas. Rodrigo Lago destacou os serviços prestados por Capelli ao Brasil e ao Maranhão. “É uma justa homenagem a esse grande cidadão brasileiro que ajudou a conter o golpe do dia 8 de janeiro, garantindo a democracia brasileira. E, ainda, por sua contribuição como secretário estadual ao desenvolvimento do Maranhão”, frisou. Por sua vez, Cláudio Cunha ressaltou a contribuição do servidor público Ricardo Capelli ao Maranhão no exercício do cargo de secretário de Relações Institucionais e de Comunicação. “Celebramos uma ocasião especial. O Maranhão ganha um novo filho, que faz jus a estas honrarias. O homenageado dedicou parte de sua trajetória de vida ao povo do Maranhão. Por isso, reconhecemos sua significativa contribuição”, assinalou Cláudio Cunha, que curiosamente é do PL, partido cuja ala bolsonarista faz oposição cerrada ao Governo Lula da Silva.

Diante de convidados como o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Paulo Velten, e do procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, Ricardo Capelli agradeceu a homenagem: “Fui muito bem acolhido pelos maranhenses. Agradeço à Assembleia pelo reconhecimento dos serviços que prestei ao povo do Maranhão. Diante do enorme desafio que nosso país enfrenta, deixo a mensagem de que não existe democracia descolada das esperanças do povo”.

Em Tempo: Tudo isso aconteceu diante dos olhos do deputado Yglésio Moisés (PSB), desafeto do homenageado por questões relacionadas com o partido. Na sessão ordinária realizada durante a manhã, com Ricardo Capelli ainda em Brasília, Yglésio Moisés fizera um discurso violento afirmando que ele não é digno das homenagens. Na sessão extraordinária, o deputado Yglésio Moisés se fez presente, se manteve em silêncio, numa clara atitude de provocação. Jornalista traquejado, Ricardo Capelli percebeu o laço e não caiu na armadilha.

PONTO & CONTRAPONTO

Morre em Caxias o empresário e ex-prefeito Hélio Queiroz, que deixou sua marca na vida da cidade

Hélio Queiroz: líder de uma geração de empresários

Caxias sofreu ontem uma perda expressiva. Morreu, aos 85 anos, em um hospital de Teresina, o empresário e ex-prefeito Hélio Queiroz, um dos líderes empresariais da Princesa do Sertão. Ele sofreu queda em casa, na quarta-feira, foi levado às pressas para Teresina, mas não resistiu e faleceu no final da manhã desta quinta-feira.

Hélio Queiroz nasceu em Passagem Franca em 3 de junho de 1938. Mudou-se ainda criança para Caxias, onde se tornou um dos líderes de uma aguerrida geração de empresários que começou a atuar nos anos 50 do século passado. Hélio Queiroz foi um empreendedor como poucos, a exemplo de José Queiroz (irmão), Nonato Babá, Dico Assunção, Nezinho e Salvador Moura, entre outros. O resultado da sua ousadia como empresário foi o Grupo Empresarial Hélio Queiroz, por ele construído ao longo de décadas de trabalho, e que nasceu de uma casa de peças, que depois evoluiu para concessionária de veículos e se diversificou com postos de combustível, revenda de gás, produção de cerâmica e construção civil. Teve papel importante na vida econômica da cidade, inclusive com expressiva geração de emprego e renda.

Hélio Queiroz também incursionou na política ao eleger-se vice-prefeito em 1982, na chapa liderada pelo também empresário José Castro, um dos líderes do grupo Francastro. Eles venceram a eleição e José Castro governou até 1985, quando faleceu de leucemia. Hélio Queiroz assumiu o cargo e, em poucos meses de mandato, realizou uma gestão até hoje lembrada como eficiente. Tentou eleger-se prefeito duas vezes, mas não conseguiu, só voltando ao cargo em 1996, após uma disputa em que seu concorrente foi cassado. Sua gestão, porém, durou pouco, uma vez que os vereadores o destituíram. Retornou, concluiu o mandato e se afastou definitivamente da política, dedicando-se aos negócios, que sempre foram a sua verdadeira vocação.

Hélio Queiroz deixou sua marca na vida de Caxias.

Agenda carregada de Lula tira Juscelino Filho da alça da mira

Juscelino Filho e Luanna Bringel: cenário menos tenso

Os primeiros ventos soprados no retorno do presidente Lula da Silva (PT) ao Brasil sugerem que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, vai ganhar sobrevida no cargo. Com decisões complicadas para tomar, como a escolha do novo procurador geral da República e do ministro que ocupará a vaga a ser aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, a partir do dia 27, além das traumáticas conversas para aumentar o seu apoio no Congresso Nacional, e ainda por cima uma cirurgia que o manterá em casa por um bom tempo, dificilmente o presidente vai aumentar o seu rosário de problemas com a escolha de mais um ministro.

Depois de duas semanas sob forte pressão, tempo em que sua irmã, Luanna Bringel (UB), passou afastada da Prefeitura de Vitorino Freire, por suspeita de desvio de dinheiro público federal, na ausência do presidente, beneficiado pela fartura de escândalos da era bolsonarista que estão vindo à tona, o ministro Juscelino Filho aproveitou para “arrumar” a casa. Ele conseguiu o retorno da irmã ao cargo e minimizar o peso dos problemas que vinha enfrentando com a erosão da sua base de sustentação.

O presidente Lula da Silva encontrou um ministro das Comunicações bem mais aliviado e sob uma carga menor de pressão por parte da imprensa. Não será surpresa, portanto, se o presidente deixar a conversa para depois ou – quem sabe? – até esquecer o assunto.

São Luís, 22 de Setembro de 2023.

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