Candidaturas a prefeito e a vereador mostram que nova geração chegou para dar as cartas em São Luís

 

Ester, Bruno, Camila e Artur são bons exemplos na renovação polpitica que está em curso em São Luís, liderada pela nova geração de candidatos a prefeito: Eduardo Braide, Duarte Júnior, Neto Evangelista, Rubens Júnior, Carlos Madeira, Yglésio Moises, Bira do Pindaré, Jeisael Marx, Franklin Douglas, Hertz Dias e Silvio Antônio

O grupo Participa, que integra a corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), vai participar da eleição para a Câmara Municipal de São Luís com uma “candidatura coletiva”, formada pelos jovens Bruno, Arthur, Camila e Ester. Em meio a outras candidaturas do partido, esse projeto talvez seja o que mais traduza o espírito dessas eleições em São Luís, onde uma nova geração assume de vez as rédeas da política. Os jovens petistas se somarão a muitos outros candidatos jovens lançados pelas mais diversas siglas partidárias, num espectro ideológico que vai da direita à esquerda, a exemplo das candidaturas que se batem pelo cargo de prefeito, como Eduardo Braide (Podemos), Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Carlos Madeira (Solidariedade) e Yglésio Moises (PROS), que representam a direita e o centro-direita, e Silvio Antônio (PRTB), voz da extrema-direita;  Rubens Júnior (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB) e Jeisael Marx (Rede), representantes da esquerda democrática, Franklin Douglas (PSOL), da esquerda radical, e Hertz Dias (PSTU), da extrema-esquerda. Com exceção de Carlos Madeira, que sexagenário, e Silvio Antônio, que já está nos 50, os demais candidatos estão nas faixas de 30 e 40 anos.

Nunca houve na história da luta pelo poder em São Luís um momento em que a renovação política se deu com tanta amplitude e tanta veemência. Ele traduz processo iniciado em 2012, quando o atual prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), então um jovem deputado federal eleito pelo obscuro PTC, enfrentou e derrotou o então prefeito João Castelo (PSDB), um dos últimos caciques da geração nascida nas décadas finais do século passado. A atual gestão já é parte dessa transição, que se dá também no Governo do Estado, onde, depois de derrotar as forças sarneysistas, o governador Flávio Dino comanda um novo ciclo na política maranhense.

Os jovens que tentam chegar à Câmara Municipal de São Luís são também movidos pelo desafio de promover uma mudança radical no que há de mais superado na política local. Ali, uma meia dúzia de caciques alimenta uma ação política primária, baseada num assistencialismo barato, alimentado por um jogo de toma-lá-dá-cá. Boa parte dos vereadores não tem a dimensão exata do tamanho, da complexidade e importância histórica e estratégica da Capital do Maranhão. Se também não têm essa compreensão, os jovens que tentam entrar nesse colégio privilegiado representam, pelo menos, o potencial da juventude. É, mais ou menos, o que disse o deputado Zé Inácio (PT), principal avalista do grupo de jovens petistas candidatos a vereador: “Eles têm um projeto político coerente para São Luís, pautado em uma relação de respeito e confiança”.

A mesma expectativa se tem em relação aos candidatos a prefeitos. As sabatinas, as declarações eventuais e o que mostraram até agora em proposta para melhorar a cidade revelaram muitas semelhanças. Com posturas que pouco diferem – umas mais maduras, mais equilibradas; outras mais ousadas, mais provocativas – eles têm muitos pontos em comum, que se revelam em frases muito usadas por quase todos: “Vamos cuidar das pessoas”, “Vamos fazer uma gestão transparente” e “Vamos priorizar a educação e a juventude”. E têm emitidos sinais de que saberão o que fazer se chegarem ao gabinete principal do Palácio de la Ravardière.

Os jovens candidatos à Prefeitura de São Luís têm emitido sinais seguidos de que, ao contrário de times de candidatos que participaram de eleições anteriores, eles têm noção clara do que a São Luís de hoje é uma metrópole com 1,1 milhão de habitantes, mais de 400 mil veículos e sistema viário já defasado, quase 300 escolas, um sistema de saúde no limite, no qual o serviço de emergência cobra investimentos, e que tem no seu coração um tesouro arquitetônico colonial português, que traduz a sua rica história e a incluiu entre as raras cidades do mundo classificadas pela ONU como “Patrimônio da Humanidade”. Ou seja, alcançaram o espírito da coisa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

A tragédia no Mix Mateus: estrutura mal planejada ou acidente causado?

Desabamento de gôndolas de atacarejo pode arranhar a imagem do Grupo Mateus ou a do empresário Ilson Mateus? A resposta será dada pelos peritos da Polícia 

Foi uma tragédia o desabamento das prateleiras do Mix Atacarejo do Grupo Mateus da Curva do Noventa. Uma jovem funcionária de 19 anos, há dois meses na empresa e recém-promovida a assistente de vendas, perdeu a vida e oito pessoas, clientes e funcionários, saíram feridas. Nesse caso, o prejuízo material não conta, independentemente do custo que possa gerar para a empresa. Isso porque pode ter acontecido ali a instalação de uma estrutura mal planejada, sem os necessários cálculos de engenharia de precisão para determinar a relação estrutura-peso; pode ter acontecido um espantoso caso de negligência num ambiente como aquele, frequentado por centenas de pessoas todos os dias; ou… deixa para lá. Peritos da Polícia Civil investigam e dirão se o desabamento foi causado por negligência ou sabotagem.

Chama a atenção que o desastre tenha ocorrido num momento muito especial para esse grupo, que acaba de ser incluído entre os maiores do País na seara das redes regionais de supermercados. São hoje 137 lojas, entre as quais 29 atacarejos – que vendem no varejo e no atacado – iguais ao Mix onde as prateleiras abarrotadas de mercadoria desabaram. Até onde se sabe, é uma empresa preocupada com qualidade do serviço que presta, o que pode ser constatado no cotidiano das suas lojas de supermercado, hipermercados, lojas de vizinhança e de eletrodomésticos e dois gigantescos centros de distribuição.

Impressiona, portanto, a coincidência de que o trágico desabamento tenha se dado no exato momento em que o Grupo Mateus – que nasceu há 34 anos em Balsas e hoje se espalha no Maranhão, Tocantins e Pará, e que ano passado faturou R$ 9,9 bilhões, pagou milhões em impostos e teve lucro líquido de R$ 338 milhões – esteja dando um passo decisivo para assumir o seu tamanho: entrar no mercado de ações para se capitalizar, profissionalizar sua gestão e investir em expansão.

O desembarque na Bolsa de Valores de São Paulo está programado exatamente para este mês, com a oferta inicial de ações no valor total de R$ 4,1 bilhões, dinheiro com o qual pretende investir na sua estrutura e em expansão. A operação vem sendo muito comentada no mercado financeiro, principalmente pelo fato de que está sendo coordenada por ninguém menos que a XP Investimentos, tendo o Bradesco BBI como agente estabilizador, e a participação direta do BTG Pactual, do Itaú BBA, do BB Investimentos, do Santander e do Safra, ou seja, a nata do mercado de capitais brasileiro, uma demonstração de que o Grupo tem lastro para atrair investidores. Situação que, segundo a revista Forbes, deu ao empresário Ilson Mateus, um sujeito de aparência modesta, no fechadíssimo clube dos bilionários brasileiros, com fortuna maior que a de Luciano Hang, o histriônico dono da Havan, uma cadeia de lojas do sul do País.

É improvável que o trágico desabamento do Mix da Curva do Noventa tenha algum impacto negativo no ousado lance de capitação financeira do Grupo Mateus. De qualquer maneira, é urgente que a Polícia Civil, por meio dos seus peritos, descubra e informe ao mundo o que levou as gôndolas ao chão.

 

Flávio Dino reafirma o compromisso da neutralidade na disputa em São Luís

Flávio Dino reafirma neutralidade em SL

Quem esperava que o governador Flávio Dino (PCdoB) quebrasse o compromisso da neutralidade na disputa para a Prefeitura de São Luís esperou em vão. Ele não apenas manteve a palavra, como também sinalizou que estará aberto ao diálogo com o futuro prefeito, independentemente de ele ser ou não da aliança partidária que lidera. E nesse sentido, apontou o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) como um exemplo de gestor aberto ao diálogo, o que facilita a construção de parcerias. O governador resumiu sua posição sobre o assunto com a seguinte mensagem, postado nas suas redes sociais:

“Acompanhei com muita atenção o debate dos candidatos a prefeito de São Luís. Respeito todos os aliados que me ajudaram, em 2018, na eleição para governador. Espero que o próximo prefeito seja alguém que tenha o mesmo espírito de parceria e diálogo do prefeito Edivaldo Holanda Júnior”.

Mais claro, impossível.

São Luís, 04 de Outubro de 2020.

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