Candidatura de Waldir Maranhão ao Senado tem o aval de Lula, mas pode criar sérios embaraços a Flávio Dino

 

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Lula da Silva cumprimenta Waldir Maranhão em Monteiro, na Paraíba, durante a inauguração “popular” da primeira etapa da transposição do Rio São Francisco

Ganha corpo no meio político a certeza de que o deputado federal Waldir Maranhão (PP) caminha para ser um dos candidatos a senador do grupo liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB). A especulação corrente é a de que Waldir Maranhão deverá deixar o PP e se filiar ao PT, seguindo orientação do ex-presidente Lula da Silva, com o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff. Assim, o hoje deputado federal será candidato numa operação de cima para baixo, não precisando passar pelo desgaste de lutar dentro do partido para ser candidato. Os rumores nesse sentido têm deixado em desconforto os líderes do partido no estado, que não admitem sequer falar no assunto, mas sabem que não terão escolha se o ex-presidente da República bater martelo e determinar que ele seja o nome do PT para o Senado, e com o aval do governador Flávio Dino. O problema é que o “Projeto Waldir” pode desencadear uma crise na base política do governador, onde os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e José Reinaldo Tavares (PSB) já se movimentam como candidatos consolidados.

A explicação para a simpatia dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo projeto senatorial do ex-vice-presidente da Câmara Federal é simples. Na condição de 1º vice-presidente da Câmara Federal, Waldir Maranhão protagonizou dois momentos que estremeceram a política do Maranhão. O primeiro foi o voto dele contrário ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff, atendendo a apelos do ex-presidente Lula e do governador Flávio Dino, mas também o mergulhando num inferno dentro do seu próprio partido, que votou em massa pelo afastamento da presidente e passou a enxergá-lo como traidor, colocando-o sob permanente ameaça de expulsão. O outro momento foi a resolução que assinou invalidando a sessão da Câmara Federal que aprovou o pedido de impeachment, quando esse já estava tramitando no Senado, causando uma situação de forte tensão política e perplexidade, que durou algumas, só revertido quando o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), desconsiderou a decisão, o mandou tomar juízo e encerrou o episódio.

Os dois momentos tornaram Waldir Maranhão uma espécie de zumbi no Congresso Nacional, mas, ao mesmo tempo, fizeram dele um ente político caro aos ex-presidentes. E foi na roda viva dos desdobramentos do impeachment que o agora ex-1º vice-presidente da Câmara Federal, com o intermédio do governador Flávio Dino, consolidou sua aproximação com  Lula da Silva e Dilma Rousseff. E diante da sua situação partidária complicada, com muitas dificuldades para renovar o mandato de deputado federal, os dois decidiram avalizar o seu projeto de se eleger senador. E, claro, entregaram ao governador a tarefa abrir-lhe os caminhos para viabilizar a sua candidatura. Lula chamou para si a tarefa de convencer o PT maranhense de aceitar Waldir nos seus quadros e embalar a sua corrida às urnas. O assunto incendiou os bastidores do PT e de toda a base partidária do governador Flávio Dino. Mesmo com Lula estando disposto a assumir a paternidade e apresentá-lo ao eleitorado maranhense como seu candidato.

O problema é que Waldir Maranhão entra em cena como um projeto a ser viabilizado quando Weverton Rocha e José Reinaldo Tavares estão com suas candidaturas praticamente consolidadas. Antes de ele aparecer, tinha-se como certo no meio político que o governador Flávio Dino montaria uma chapa com ele candidato à reeleição e os dois aliados como candidatos ao Senado, faltando apenas o candidato à vice, uma vaga que ficaria de reserva para ser negociada em eventual aliança partidária. O fato é que se instalou certo mal-estar na base governista, que entre Waldir Maranhão e José Reinaldo prefere, por maioria, o ex-governador, sob o argumento de que, não fosse sua surpreendente e corajosa decisão de romper com o Grupo Sarney em 2005, Jackson Lago (PDT) não teria vencido a histórica eleição de 2006, batendo Roseana Sarney (PMDB), e assim quebrando o ciclo de hegemonia do Grupo Sarney na política maranhense.

Todas as evidências levam à conclusão de que o governador Flávio Dino, que conta com a candidatura de Lula para embalar mais ainda o seu projeto de reeleição, pode ter de deixar em segundo plano um dos dois candidatos já assumidos, o que poderá resultar em crise e divisões no seu lastro partidário. É por isso que precisa do máximo de cuidado e habilidade para conduzir as conversas e montar essa equação complicada.

PONTO & CONTRAPONTO

Sarney corre risco de ter biografia manchada com condenação
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Sarney na lista de Rodrigo Janot

A se confirmar a informação divulgada por colunistas da chamada grande imprensa, o ex-presidente José Sarney (PMDB) figura na lista de uma centena de nomes de políticos e empresários que, no entendimento do procurador geral da República, Rodrigo Janot, devem ser processados na Operação Lava Jato. O ex-presidente da República se juntará ao senador Edison Lobão (PMDB). A posição de José Sarney é, provavelmente, a mais confortável de todos os denunciados pelo procurador geral. Isso porque contra ele não há uma acusação formal de corrupção, mas a de que teria agido para prejudicar o andamento da Operação Lava Jato, conforme o áudio gravado pelo ex-presidente da Petros e seu protegido de décadas, Machado. O ex-presidente da República está municiado de argumentos que poderão livrá-lo do processo e de uma possível condenação, o que, se vier a acontecer, eliminará dos seus orgulhos biográficos, o de nunca ter sido condenado. É improvável que José Sarney seja tornado réu e venha a ser condenado. Mas o risco existe, e não será nada edificante para ele fechar sua rica e espetacular biografia com uma condenação por tentativa de obstruir a Justiça, o que contraria o seu discurso em defesa dos direitos civis e políticos e das instituições democráticas.

Governo e Oposição fazem jogo de astúcia na Assembleia
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Eduardo Braide e Rogério Cafeteira: jogo de astúcia

Governo e Oposição resolveram medir forças na Assembleia Legislativa usando táticas que eliminem ou pelo menos minimizem as ações de ambos. O pomo da discórdia do momento é o Projeto de Lei 229/2016, do Poder Executivo, que altera o ICMS no setor da Construção Civil. Ressabiada por conta das últimas derrotas que sofreu nos embates em plenário, a Oposição resolveu usar a astúcia para armar ciladas para a banda Governista. Recém-convertido em adversário ferrenho do Governo, o preparado e habilidoso deputado Eduardo Braide saiu na frente e organizou uma audiência pública para discutir a mudança tributária, com a qual não concorda sob o argumento de que o aumento pontual do ICMS na construção Civil vai prejudicar o setor, que já anda abalado com a crise. Só que antes da audiência – que se realizou ontem á tarde na Assembleia legislativa -, o Governo disparou uma ducha de água quase fria no movimento de Eduardo Braide. É que, diante da zoada que oposicionistas fizeram em relação ao projeto, o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB), se movimentou e concretizou a estratégia: pediu para que o projeto fosse retirado da pauta sob a alegação de que a matéria entrara na pauta por engano e que ela só seja submetida à apreciação do plenário depois que o Governo discuti-la com os segmentos que serão alcançados, como é o caso da construção civil. O fato que a audiência pública organizada por Eduardo Braide teve impacto menor com a manobra de Cafeteira

 

São Luís, 21 de Março de 2017.

 

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