Depois de uma semana fora do estado, numa incursão que incluiu uma escala em São Paulo e no Rio de Janeiro, e o cumprimento de uma agenda lotada de compromissos em Brasília, onde atuou para apoiar, junto com a bancada federal, as mudanças no Orçamento da União para 2023, a pedido do presidente eleito Lula da Silva (PT), e conversou com a equipe de transição, o governador Carlos Brandão (PSB) terá uma agenda decisiva com dois focos, para as próximas semanas. O primeiro é fechar o ano administrativo e financeiro do seu Governo, preparar o seu novo Governo, que começará no dia 1º de janeiro, e desenhar e implantar a reforma administrativa, em fevereiro, com a nomeação da nova equipe de secretários. O segundo se dará no campo político: o governador deverá acompanhar as articulações da sua base de apoio para a eleição do próximo presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, numa eleição que será realizada no início de fevereiro, quando da posse dos novos deputados. Além disso, Carlos Brandão vai investir fortemente num bom relacionamento com Brasília, onde espera conseguir recursos para projetos que espera implantar nos próximos quatro anos.
Na seara administrativa, sua preocupação inicial é manter o Governo em pleno funcionamento, principalmente os seus três braços sociais mais fortalecidos nos últimos oito anos: educação, saúde e segurança alimentar. Carlos Brandão
Na educação, vai dar prosseguimento ao programa Escola Digna, que vem mudando o conceito de educação de base no Maranhão, continuar a implantação da Escola de Tempo Integral, outra revolução em andamento, fortalecer os Iemas, de modo aprimorar a educação técnica, e consolidar os dois braços da Uema. Na saúde, o propósito é consolidar e ampliar a rede estadual de a saúde, concluindo a implantação dos hospitais regionais, do aprimoramento da rede de clínicas especializadas, com a implantação de novas clínicas para idosos, e fazer investimento para consolidar a política volta para a saúde preventiva. No campo da segurança alimentar, o foco central é a manutenção e a ampliação da rede de restaurantes populares – são 162 atualmente -, que durante a campanha seus adversários disseram que essa rede será desativada.
No campo político, o governador trabalha com o projeto de consolidar a sua base de apoio, principalmente na Assembleia Legislativa que saiu eleita das urnas. Vai atuar para consolidar a bancada governista, que deverá ter pelo menos 25 deputados, o que garantirá a estabilidade do seu Governo. Essa estabilidade também passa pela eleição da nova Mesa Diretora do parlamento estadual, especialmente o cargo de presidente, para o qual está sendo cotado fortemente o atual presidente e deputado reeleito Othelino Neto (PCdoB), assim como outros aspirantes ao comando da instituição parlamentar, entre eles o deputado veterano como Arnaldo Melo (MDB). O governador ainda não se manifestou sobre o assunto, mas nos bastidores corre que ele deve apoiar a candidatura do presidente da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB), para o primeiro biênio da nova legislatura.
Ao mesmo tempo, o núcleo político do Governo vem atuando fortemente para consolidar a eleição do prefeito Ivo Rezende (PSB) para o comando da Famem, tirando-a do controle do senador Weverton Rocha (PDT), ali ostensivamente representado pelo prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), durante quatro anos.
Ainda no plano da política, o governador Carlos Brandão deve acompanhar com atenção a provável participação de maranhenses no Governo do presidente Lula da Silva, aprovando a possível nomeação do senador eleito Flávio Dino (PSB) para o Ministério da Justiça. Ou, numa hipótese um pouco mais remota, mas factível, da senadora Eliziane Gama (Cidadania) para uma pasta da área social. Se o senador Flávio Dino virar ministro, sua vaga será preenchida pela atual vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato (PSB), 1ª suplente, ou por Maria de Lourdes Pereira (PCdoB), Lourdinha, vereadora em Pedreiras, 2ª suplente. No caso de o convite recair na senadora Eliziane Gama, assumirá a vaga o atual prefeito de Arame, Pedro Fernandes (União Brasil), 1º suplente, ou o cardiologista Bene Camacho (PTB), 2º suplente.
Todos esses prováveis movimentos são de interesse direto do governador Carlos Brandão, que apesar da discrição, parece disposto a atuar efetivamente para que as decisões sejam as mais alinhadas possíveis ao seu Governo.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha enfrentará parada dura se tentar a prefeitura de Balsas ou a de Imperatriz
A ser verdadeira a intenção do senador Roberto Rocha (PTB) de disputar prefeitura em Imperatriz ou em Balsas em 2024, ele deve entrar na corrida consciente de que enfrentará dois desafios gigantescos. Uma situação complicada depois dos tombos devastadores que sofreu nas urnas em 2018 e em 2022.
Se a opção for por Balsas, Roberto Rocha sabe que, embora seja aquela cidade o berço político da sua família, tendo seu pai, o ex-governador Luiz Rocha, e o seu irmão, Luiz Rocha Filho, o Rochinha, sido prefeitos ali, o ambiente político de agora não lhe é nada favorável. Balsas é hoje liderada pelo prefeito Eric Silva (PDT), um político jovem e respeitado cuja liderança é consolidada na cidade e em toda a região. No cenário que começará a ser construído em janeiro, com a perda do perder nacional do grupo de extrema direita comandado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual é um dos expoentes, as chances de Roberto Rocha de vencer a eleição de 2024 contra um candidato apoiado pelo atual prefeito se tornam bastante reduzidas. Mas isso não quer dizer que ele não possa reverter a situação.
Em relação a Imperatriz, a situação não é muito diferente. É verdade que, por conta das forças remanescentes da ação política do seu pai na Princesa do Tocantins, e pela sua própria atuação ali, onde tem muitos aliados, somado à vocação politicamente conservadora da cidade, demonstrada na maioria de votos que deu ao presidente Jair Bolsonaro, existe um horizonte que comporta sua candidatura. Ali o prefeito, Assis Ramos (União Brasil), é politicamente fraco e não concorre à reeleição, o primeiro adversário a se colocar na disputa, o ex-secretário de Infraestrutura Clayton Noleto (PCdoB), é apontado como páreo duro, liderando todas as sondagens. Isso se outro “forasteiro”, Lahesio Bonfim (PSC), 2º na disputa perlo Governo do Estado, não desembarcar em Imperatriz com o objetivo de se tornar o seu prefeito.
Como se vê, sem o mandato de senador e sem a força dos seus aliados bolsonaristas no Governo da União, o político Roberto Rocha não terá vida fácil se vier a entrar na disputa em Balsas ou em Imperatriz.
Sem mandato, Edilázio Jr. terá de passar o comando do PSD para Josivaldo JP ou Edivaldo Jr.
Rumores vindos de Brasília indicam que, na condição de ex-deputado federal, situação que viverá a partir de janeiro, dificilmente o advogado Edilázio Jr. manterá o controle do PSD no Maranhão. E todas as especulações indicam que, por conta da “regra” em vigor no meio partidário nacional, o comando de uma legenda é dado preferencialmente a um deputado federal, a tendência natural é a de que o controle do braço maranhense do PSD seja entregue ao deputado federal reeleito Josivaldo JP. Corre nos bastidores que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que se prepara para disputar a Prefeitura de São Luís, esteja se movimentando para assumir o comando do partido. Dois fatores contribuem para que suas chances sejam remotas: o fato de não ter um mantado parlamentar e o seu modestíssimo desempenho nas últimas eleições como candidato ao Governo do Estado. Esse desfecho ocorrerá ao longo do primeiro semestre do ano que vem.
São Luís, 14 de Novembro de 2022.