O candidato do PMN, Eduardo Braide, fez ontem a mais importante declaração política neste início de campanha para o 2º turno da eleição para a Prefeitura de São Luís. Ao ser indagado por um eleitor jovem faz parte do Grupo Sarney, ele respondeu na bucha: “Não, não sou sarneysista”. Por outro lado, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) não fez qualquer declaração política bombástica, orientando sua campanha para intensificar a exposição das obras que estão em curso na cidade, reforçadas com um discurso otimista, prometendo fazer mais se reeleito for. Na sequência, Eduardo Braide assumiu uma série de compromissos, entre eles o de trabalhar fortemente, desde o primeiro dia, para melhorar, por exemplo, o Sistema Municipal de Saúde, enfatizando que fará parcerias, uma delas com a Santa Casa. Já Edivaldo Jr. pediu ao eleitorado que lhe dê mais um mandato, garantindo que contrapartida será muito trabalho para melhorar a cidade nos próximos quatro anos.
Ao se declaração “não sarneysista”, contrariando a expectativa de alguns que apostariam que ele ficaria inibido diante da indagação, Braide deu uma demonstração de firmeza, reafirmando a boa impressão geral em relação à sua personalidade política. A não ligação assumida com o Grupo Sarney deu ao candidato do PMN os primeiros traços de uma identidade que poderá levá-lo a despontar no cenário político estadual como uma espécie de via independente, algo como o senador Roberto Rocha (PSB), que não aceita ser um “general” do staf do governador Flávio Dino, e por isso hoje desenha e trilha o seu próprio caminho.
Carlos Braide surgiu na corrida para a Prefeitura de São Luís como uma ave solitária. Não fez coligação, escolheu o próprio candidato à vice, traçou toda a sua estratégia de campanha sem ouvir a opinião de figuras da velha guarda da política municipal. Inicialmente, a impressão que passou foi a de alguém que estava apenas querendo ocupar um espaço e se manter em evidência, quem sabe tentando facilitar a reeleição para a Assembleia Legislativa. Mas avaliando suas declarações iniciais e avaliações, Repórter Tempo previu que, ao entrar na corrida eleitoral na Capital, o jovem deputado, de excelente produção legislativa e parlamentar, elevaria o nível da campanha, podendo até mudar o curso da disputa pela cadeira principal do Palácio de la Ravardière. A Coluna acertou na mosca.
A declaração, claro, caiu como uma bomba no meio político e fora dele, onde muitos tinham o candidato do PMN como uma espécie de terceira via do sarneysismo, o que agora não faz sentido algum. Talvez nem ele próprio tenha, no primeiro momento, avaliado a extensão e nível de abrangência dessa declaração, mas o fato é que ela repercutiu intensamente. Sarneysistas de proa certamente não gostaram de ver o candidato do PMN esnobar o sarneysismo. Mas certamente já se deram conta de que essa pergunta foi estrategicamente feita para que o candidato definisse com clareza sua posição no cenário político estadual.
Nesse contexto, enquanto o prefeito Edivaldo Jr. faz uma campanha propositiva, mas limitada à esfera de São Luís, com suas ações voltadas exclusivamente para mudar cidade e melhorar a vida dos seus habitantes. Braide tem o mesmo propósito, mas acrescenta ao jogo de encantamento do eleitorado mensagens bem interessantes a respeito de como deverá ser o cenário político do Maranhão nos próximos tempos.
PONTO & CONTRAPONTO
TRE confirma inelegibilidade de Zé Vieira, mas não confirma eleição de Roberto Costa
Por seis votos a zero, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE- MA), em sessão presidida pelo desembargador-presidente Lourival Serejo, confirmou decisão do juiz da 13ª Zona Eleitoral que indeferiu o registro da candidatura do ex-prefeito José Vieira Lins, o Zé Vieira (PP), à Prefeitura de Bacabal, fundamentando sua decisão no fato de ele ser condenado em três processos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que o tornou inelegível, segundo o denso e consistente voto do relator, desembargador Raimundo Barros. Em princípio, a decisão deveria anular os mais de 20 mil votos recebidos pelo candidato do PP na votação do dia 2, e estabelecer assim a eleição do segundo colocado, deputado estadual Roberto Costa (PMDB), que obteve mais de 18 mil sufrágios. No entanto, o que deveria ser uma decisão para resolver em definitivo a pendência em relação à escolha do futuro dirigente de Bacabal, a sentença do TRE-MA ganhou a forma de um grande conflito de opiniões e interpretações, e tudo indica que a martelada final será dada pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
O julgamento do recurso interposto pelos advogados de Zé Vieira – entre eles Marcos Vinícius, ex-presidente nacional da OAB – abriu uma ampla discussão envolvendo o caso, que só deverá ser resolvida quando o TSE analisar recurso que certamente será protocolado pelo candidato Zé Vieira. De um lado estão os que interpretam que, de acordo com o artigo 224 do Código Eleitoral, se Zé Vieira for de fato ficha suja, os seus votos serão considerados inválidos, e Roberto Costa será confirmado como prefeito eleito de Bacabal. Mas há, por outro lado, os que interpretam o caso afirmando que se o TSE confirmar a inelegibilidade de Zé Vieira, e a soma dos seus votos superar metade mais um, o pleito será anulado e a Justiça Eleitoral marcará nova eleição para prefeito de Bacabal, sem a participação de Zé Vieira.
O advogado do PMDB, Carlos Couto, que fez uma intervenção tecnicamente correta e eficiente, defende que, independente de qual seja a manifestação do TSE, o deputado Roberto Costa será diplomado prefeito de Bacabal.
Assembleia: jogo de cena, mão firme e projetos aprovados
Numa sessão tensa, durante a qual o deputado Adriano Sarney (PV) fez de tudo para desativar a pauta, a Assembleia Legislativa aprovou ontem projeto que autoriza o Governo do Estado a contratar empréstimo com a Caixa no Valor de R$ 60 milhões para investir nas obras de prolongamento da Avenida Litorânea. Mesmo sabendo que não teria condições para barrar a aprovação, e alegando falta de transparência nas, o iniciativas do Governo. Com o aval do colega de bancada Edilázio Jr. (PV), e dos colegas de grupo Andrea Murad (PMDB) e Souza Neto (PTN), o vice-líder do PV usou de todos os regimentais para retardar a votação do projeto. Ele não que a Mesa, então presidida pelo deputado sereno mas seja duro deputado Othelino Neto (PCdoB) e vice-presidente da Corte Souza Neto, colocasse o projeto em votação, alegando que queria discuti-lo estava determinada a não cair nas “armadilhas” da procrastinação. Houve muito bate-boca, críticas de ambos os lados. Na segunda-feira, o parlamento já havia aprovado outro projeto autorizando o Governo estadual a contratar empréstimo de R$ milhões junto ao Banco Mundial para a agricultura familiar que o governo queria com tramitação rápida. Da mesma maneira foi aberto o jogo da conciliação.
São Luís, 11 de Outubro de 2016.
Caro Jornalista,
Obrigado pela referência. Grande abraço.