Bolsonaro tenta atingir Josimar de Maranhãozinho e acaba ofendendo o Maranhão

Jair Bolsonaro ataca Josimar de Maranhãozinho
e acaba ofendendo o Maranhão

Um “diálogo” à distância entre o atual presidente do PL, Waldemar Costa Neto, e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, foi revelador de como a extrema-direita vê estados como o Maranhão, que não se submetem ao controle do bolsonarismo. O motivo da “diferença” que separa os dois em relação ao Maranhão é ninguém menos que o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que comanda o PL no estado, é de direita, mas não reza na cartilha partidária do bolsonarismo. Por isso, Jair Bolsonaro vem há tempos implicando com o comando do PL no Maranhão, externando sua vontade de expulsar Josimar de Maranhãozinho e seu grupo e entregar o partido a seguidores juramentados, devidamente enquadrados, que não discutam suas ordens. Waldemar Costa Neto tem resistido à investida de Jair Bolsonaro contra o comando do PL no Maranhão, deixando o ex-presidente inconformado.

Numa entrevista a O Globo, nesta semana, Waldemar da Costa foi perguntado sobre a insistência de Jair Bolsonaro de tomar o comando do PL do Maranhão e entrega-lo a bolsonaristas. Waldemar Costa Neto respondeu: “E vai encontrar bolsonarista onde no Maranhão?” Ao tomar conhecimento da resposta de Waldemar Costa Neto a O Globo, Jair Bolsonaro reagiu: “Ah, não tem bolsonarista lá. Quer dizer que não tem pessoas honestas no Maranhão?” O bateu-levou entre o presidente do PL e o líder supremo da legenda é revelador de uma série de aspectos que envolvem o PL no Maranhão, a situação do bolsonarismo no estado e até o clima de crise que vem atingindo o partido no âmbito nacional.

No caso do Maranhão Jair Bolsonaro não tolera o fato de Josimar de Maranhãozinho ter a força que tem sem se submeter ao seu tacão. O chefe do PL no estado faz uma política independente, sem badalar o bolsonarismo, mas também sem ataca-lo. Os 41 prefeitos e dezenas de vereadores que o PL maranhense elegeu seguem a linha de ação de Josimar de Maranhãozinho, sem dar a menor bola para o radicalismo bolsonarista. Esse modus operandi o parlamentar trouxe do antigo PR, que comandou no estado, e depois no PL, onde é raiz, tendo chegado muito antes de Jair Bolsonaro e sua turma.

Com todas as controvérsias que envolvem a sua ação política – denúncias de corrupção, por exemplo -, Josimar de Maranhãozinho tem se mostrado um político pragmático, que na luta pela sobrevivência não vacila em fazer alianças com partidos de centro e de esquerda, como fez com o Governo Flávio Dino, que comandava o PCdoB. A aliança funcionou e nem os líderes de esquerda migraram para a direita nem Josimar de Maranhãozinho e seus liderados se converteram aos credos da esquerda. Dono de um faro político muito apurado, Josimar de Maranhãozinho há muito entendeu que se trocar o seu discurso pelo do bolsonarismo, dificilmente teria a liderança que tem hoje no estado.

O mais grave é que, sem argumentos para convencer o chefe do PL maranhense a abraçar o bolsonarismo, Jair Bolsonaro parte para o ataque verbal, no qual comete um inacreditável misto de vileza e estupidez ao sugerir, por meio de uma indagação agressiva, que por não serem bolsonaristas, os maranhenses não são honestos. Tem tudo a ver com a piada de mau gosto que fez insinuando o “temor” de que se ingerisse Cola Jesus, por ser cor de rosa, poderia se tornar gay. Uma piada sem graça, preconceituosa, mas que levou os bolsonaristas ao seu redor a chorar de tanto rir.

O ex-presidente Jair Bolsonaro alimenta uma relação torta com o Maranhão porque não engole as impiedosas surras que levou nas urnas nas quatro vezes em que foi votado no estado – duas na disputa como Fernando Hadade (PT), em 2018, e duas com o hoje presidente Lula da Silva (PT), em 2022. Ele acredita na quimera segundo a qual tomando o PL de Josimar de Maranhãozinho e entregando-o para seguidores seus vai conseguir mudar esse cenário. Está redondamente enganado, porque os prefeitos eleitos pelo PL ou com o apoio do PL no Maranhão seguem Josimar de Maranhãozinho. E não pé com discurso agressivo e ofensa a um povo que ele vai submeter o chefe do partido no estado ao seu tacão.

PONTO & CONTRAPONTO

Notícia falsa disse que Brandão ofereceu vaga de deputado federal a Camarão

Felipe Camarão e Carlos Brandão: relação
normal, mas ainda sem definição para 2026

O mundo político foi sacudido ontem pela informação falsa segundo a qual o governador Carlos Brandão (PSB) e o vice-governador Felipe Camarão (PT) teriam tido uma conversa em que o titular teria proposto ao vice que abra mão de assumir o Governo e disputar a reeleição para ser candidato a deputado federal.

Não se sabe de onde o foguete falso saiu, mas o fato é que correu na blogosfera como fogo num rastilho de pólvora, levando comentaristas respeitados a mergulharem em teorias e equações as mais diversas para tentar dar sentido a uma conversa que, soube-se mais tarde pelo próprio vice-governador, simplesmente não aconteceu.

Qualquer observador mais atento sabe que esse não é o momento de se definir montagens para uma eleição decisiva agendada para daqui a dois anos. E depois, o governador Carlos Brandão, político tarimbado, tem sido extremamente cuidadoso em relação à questão sucessória, tendo por enquanto uma resposta padrão para quem lhe pergunta sobre o seu futuro político: “Vamos aguardar os acontecimentos”.

O vice-governador Felipe Camarão, por sua vez, tem procedido basicamente da mesma maneira, jogando para a frente todas as respostas que lhe pedem sobre o seu papel na grande equação política a ser montada para 2026. O que há de concreto é que Felipe Camarão seguirá a orientação do seu partido, que lhe será dada no momento adequado.

Então, não faz nenhum sentido supor que agora, outubro de 2026, dias após anunciado o resultado das eleições municipais, o governador Carlos Brandão tenha decidido que o seu vice vá para a Câmara Federal.

Ana do Gás assume a 4ª vice-presidência da Assembleia Legislativa

Observada pela colega Daniella Gidão, Ana do Gás
ao receber a confirmação da eleição para a
4ª vice-presidência da Assembleia Legislativa

A deputada Ana do Gás (PCdoB) foi eleita ontem 4ª vice-presidente da Assembleia Legislativa. Ela assumiu o cargo no lugar da deputada Andreia Rezende (PSB), que foi eleita 1ª vice-presidente da Casa, ocupando vaga abertas com a renúncia do deputado Rodrigo Lago (PCdoB). O seu mandato vai até fevereiro.

No terceiro mandado estadual, Ana do Gás entra na mesa Diretora do Poder Legislativo por conta do seu partido. O PCdoB tinha a 1ª vice-presidência, mas como o titular Rodrigo Lago renunciou, para se dedicar à advocacia no período eleitoral. O PCdoB tentou emplacar o deputado Júlio Mesquita para a 1ª vice-presidência, mas o PSB reivindicou a vaga, indicando a deputada Andreia Rezende, que renunciou à 4ª vice-presidência e foi eleita para a 1ª. Por acordo de lideranças, a 4ª foi dada ao PCdoB, que indicou a deputada Ana do Gás.

A nova 4ª vice-presidente da Assembleia Legislativa chegou ao cargo após concorrer, sem sucesso, à Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes, sua base eleitoral. Na sua fala ao assumir, Ana do Gás declarou: “Esse é mais um momento em que esta Casa faz história, depois de eleger a primeira mulher presidente em quase 200 anos de história, e seguir fortalecendo a participação de mais mulheres nos espaços de poder. Esse é um avanço muito importante e significativo”.

Em Tempo: com a ascensão da deputada Ana do Gás à 4ª vice-presidência, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa passa a contar com quatro mulheres, pois além dela fazem parte as deputadas Iracema Vale (PSB) na presidência, Andreia Rezende (PSB) na 1ª vice e Fabiana Vilar (PL) na 3ª vice-presidência.

São Luís, 17 de Outubro de 2024.

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