Enquanto figuras como a ex-prefeita Maura Jorge (Lago da Pedra), o vereador Chico Carvalho (presidente do partido) e o médico Allan Garcez travam uma zoadenta guerra de acusações e até xingamentos pelo controle do PSL no Maranhão, uma intensa agitação ocorre nos bastidores da política, envolvendo diversos partidos, pelo controle das representações dos organismos federais no Maranhão. São pelo menos duas dezenas de delegacias, superintendências, diretorias e departamentos formados por centenas de cargos de diferentes qualificações espalhados pelas engrenagens da máquina federal. São órgãos com orçamentos atraentes e com forte poder de penetração nas comunidades, e que ao longo do tempo se tornarem objeto de duras disputas na classe política. Algumas siglas que mexem com os políticos: DNIT, Codevasf, Funasa, Incra, Ibama, Funai e Iphan – outras menos visíveis, mas com forte poder de fogo, como o braço relacionado com a pesca, também são cobiçadas.
O novo Governo Federal ainda não sinalizou a respeito de como procederá para colocar agentes da sua confiança nos cargos de comando. Mas deputados federais, senadores e governistas da linha de frente já se movimentam na busca de canais que lhes permitam fazer indicações e, dessa maneira, influenciar nas suas ações. Nesse contexto, três braços da máquina federal são objetos de desejo dos políticos: o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
O DNIT movimenta milhões anualmente na construção e conservação de rodovias – é o responsável direto por obras como a de duplicação da BR-135, por exemplo, tem o controle da infraestrutura de ferrovias e influencia decisivamente na estrutura portuária, e foi no Maranhão controlado durante anos pelo hoje senador Roberto Rocha, quando deputado federal pelo PSDB. Criado por pressão de deputados federais a partir de projeto de lei proposto pelo então deputado federal tucano Carlos Brandão, o braço maranhense da Codevasf é hoje controlado pelo MDB e investe milhões por ano financiando pequenos sistemas de abastecimento de água, sistemas de irrigação, produção comunitária, como casas de farinha, colônias de pesca, entre várias outras atividades. Já a Funasa atua com programas de assistência a comunidades as mais diversas, inclusive indígenas, o que a torna um poderoso instrumento de ação política, estando hoje controlada pelo MDB.
Tudo indica que, por falta de um braço partidário forte no Maranhão e pela absoluta inexpressividade dos representantes do bolsonarismo no estado, os braços da máquina federal que atuam em território maranhense serão divididos entre aliados do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. Nesse jogo, estão em vantagem o senador Roberto Rocha, que e já estaria afinado com o Palácio do Planalto de olho na Codevasf; o deputado federal Aluísio Mendes (Podemos), que poderá emplacar o comando estadual do DNIT, e o deputado federal Eduardo Braide, que poderá mudar de partido, integrar a base de apoio do Governo de Jair Bolsonaro e por essa via ganhar o controle da Funasa. São possibilidades viáveis ventiladas nos bastidores, que poderão se concretizar ou não. E nesse contexto, não será surpresa se, com a permanência de Kátia Bogea na presidência nacional do Iphan, o atual superintendente do órgão no Maranhão, Maurício Itapary, permaneça no cargo com o aval do MDB.
Não se elimina a possibilidade de, por alinhamento e fidelidade ao bolsonarismo, Maura Jorge, Chico Carvalho, Allan Garcez, por tabela o deputado estadual eleito Pará Figueiredo (PSL), venham a receber pedaços dessa máquina. Mas a fria logica da política sugere que essa divisão seja feita com quem tem votos no Congresso Nacional, dos quais o presidente Jair Bolsonaro Bolsonaro dependerá crucialmente para aprovar suas propostas e dar rumo ao seu Governo. E essa moeda os três expoentes bolsonaristas não dispõem. Com o acompanhamento atento do Palácio dos Leões, a ciranda do toma-lá-dá-cá será dançada quando o novo Congresso Nacional for empossado no início de Fevereiro.
PONTO & CONTRAPONTO
Adriano Sarney ataca dinistas e recebe contra-ataque de Márcio Jerry
Único Sarney autorizado pelo eleitorado a participar do jogo político, o deputado estadual reeleito Adriano Sarney (PV) dá mostras de que está disposto a gastar todos os seus cartuchos disparando contra o governador Flávio Dino (PCdoB), ainda que seus disparos não produzam sequer ranhuras no comando governista. Uma prova disso foram as críticas que disparou na direção dos deputados federais dinistas eleitos e reeleitos, entre eles Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PCdoB) e Bira do Pindaré (PSB), que participaram, juntamente com outros atuais e futuros deputados, de uma audiência com novo ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Ao tomar conhecimento da presença dos dinistas na audiência, Adriano Sarney acusou-os de “tentar enganar” o ministro e o presidente Jair Bolsonaro, pelo simples fato de serem Oposição ao Governo Central. O ataque de Adriano Sarney pareceu politicamente inadequado, pois contraria as regras segundo as quais em Brasília contrários convivem sem maiores problemas, sendo comum deputados oposicionistas serem recebidos por ministros em audiências. A investida foi respondida por Márcio Jerry, que chamou parlamentar do PV de preconceituoso e que tem cabeça de coronel. Além da reação de Márcio Jerry, Adriano Sarney amargou declarações do ministro de Infraestrutura elogiando a gestão do Porto do Itaqui no Governo Flávio Dino.
Imperatriz: Assis Ramos quer a reeleição, mas sabe que a disputa será dura
O prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (MDB), já avisou à cúpula do partido que será candidato à reeleição. Ele está animado com números de pesquisa recente que o apontariam como bem avaliado pela população. O prefeito já sabe que enfrentará um candidato forte apoiado pelo governador Flávio Dino, que pode ser o deputado estadual Marco Aurélio ou o atual secretário de Infraestrutura Clayton Noleto, ambos do PCdoB, indicando que poderá ser uma disputa fortemente polarizada. Esse quadro poderá ser alterado radicalmente se o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) entrar na briga, o que é provável que aconteça, uma vez que o tucano não se despediu das urnas. A possível entrada de Sebastião Madeira no jogo sucessório na Vila do Frei poderá alterar muito o quadro da disputa, e dependerá dos rumos que o PSDB vier a tomar depois de ter sido trucidado nas urnas em 2018. De acordo com um político que conhece bem os humores do eleitorado de Imperatriz, a briga pela Prefeitura será dura e o desfecho vai depender de como estarão o Governo Flávio Dino e o Governo Jair Bolsonaro em 2020.
São Luís, 10 de Janeiro de 2019.
Gostei do deputado Adriano, já tá na hora de enquadrar esse sujeito que se elegeu as custas das tetas do governo e quer pousar de bom moço.
Esse Márcio Jerry não passa de um político com mandato “comprado”! Por que será que antes de ser Governo ele tinha 3 mil votos e agora,já Governo, teve mais de cem mil votos? Ninguém gosta de Márcio Jerry. Nem os próprios Governistas e muito menos o povo!