Ataques visam minar candidatura de Dino ao Senado, mas seu cacife político é sólido

 

Flávio Dino: ataques não mudam sua linha de ação nem seu projeto de ser senador

O MDB amadureceu a ideia, conversou internamente, decidiu e deve anunciar formalmente em breve: não lançará candidato ao Senado e apoiará a candidatura do governador Flávio Dino, independentemente de como se dará a disputa pelo Palácio dos Leões. Na mesma linha, o PSD, atendendo a uma manifestação do seu candidato a governador, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., também fechou questão e não lançará candidato ao Senado. Nos dois casos, prevaleceram lógica e pragmatismo, ou seja, falta de opções com cacife político e eleitoral, e dar apoio a um nome acreditado e com estatura nacional.

Mesmo diante de equação tão clara, há poucas semanas, aliados enviesados do governador Flávio Dino (PSB) deflagraram uma campanha articulada colocando em dúvida sua eleição para o Senado e insinuando que, por conta disso, ele poderá ficar no Governo até o final do seu mandato. Não declarada, segue mantida com uma nota provocativa aqui, um comentário azedo ali. A linha básica da marola é a seguinte: qualquer um que se diga disposto a disputar o Senado já ganha desses focos, de cara, o “status” de “ameaça” ao projeto senatorial do governador. Há um esforço claro e visível nessa direção, chegando até a traços de grosseria em alguns ataques. E o que motiva a campanha é de uma clareza solar: pressionar o governador no processo de escolha do candidato do seu grupo à sua sucessão.

Não é segredo que a corrida sucessória no campo liderado pelo governador Flávio Dino vem ganhando clima de guerra aberta entre o senador Weverton Rocha (PDT), candidato assumido e, pelo que tem deixado muito claro, irreversível, e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), e pelo que tem demonstrado, com o mesmo grau de determinação. E agora com o incremento da pré-candidatura do secretário Felipe Camarão (PT). É claro que o volume e o discurso da pré-campanha do pedetista e a movimentação e as posições assumidas pelo tucano comprometem a margem de negociação do coordenador do processo. Mesmo assim, Flávio Dino tem feito esforços visíveis no sentido de, pelo menos, manter os dois na mesa de negociações. Negar isso seria, no mínimo, má fé.

Mesmo nesse clima de caneladas e que ameaça descambar para a beligerância pesada, o governador tem mantido o comando do processo, com o propósito declarado de até o final de Novembro concluir as consultas e avaliações e anunciar sua posição sobre quem deve ser o candidato do grupo. Essa previsão sacudiu fortemente o tabuleiro sucessório, levando alguns segmentos a cometerem o erro primário de partir para o tudo ou nada, incluindo o governador entre seus alvos, como se isso fosse mudar alguma coisa no cenário já consolidado. E parece óbvio que tentar minar a posição de um líder politicamente sério e confiável como Flávio Dino, que não quebrou nenhum dos compromissos que assumiu desde as articulações para as eleições de 2014 até aqui, é cometer um equívoco grotesco.

A política praticada pelo governador é republicana, tanto que lhe permite conversar com seus, em tese, maiores adversários, como o ex-presidente José Sarney (MDB), por exemplo, sem que isso trinque a sua coerência ou sequer rasure a sua imagem de político inteligente e articulado. Assim, mesmo se argumentando que candidatura majoritária é um projeto de grupo, sua candidatura à vaga de senador é um processo natural, que independe do humor desse ou daquele aspirante injustificadamente insatisfeito. É claro que o ideal é a harmonização e galvanização de todas as forças por tal objetivo. Mas no Maranhão atual, é difícil viabilizar uma candidatura contra a do governador. Tanto que, por reconhecerem a sua importância política dentro e fora do Maranhão, até adversários de peso já manifestaram apoio à sua candidatura.

Atacar o governador num jogo de pressão que ele tentar conduzir é atirar contra o próprio pé.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ministério Público do Maranhão reage às mudanças previstas na PEC 005

Tendo à frente o procurador geral Eduardo Nicolau (c), membros do MPMA protestam contra a Proposta de Emenda Constitucional que, afirmam, fragiliza a instituição

Membros do Ministério Público do Maranhão repudiaram ontem, em ato público, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 005/2021, que, na avaliação de promotores e procuradores pode causar prejuízos à atuação da instituição e ao sistema de Justiça como um todo. A mobilização recebeu o apoio de integrantes do Judiciário, Defensoria Pública, Ministério Público Federal e representantes da sociedade civil organizada. Sob o comando do procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, os manifestantes divulgaram um manifesto contra a PEC 05/2021.

Nos pronunciamentos, a tônica foi a de que as mudanças previstas na PEC afetarão a autonomia e independência funcional da instituição, que são a proteção contra perseguições políticas e punições seletivas. E também que membros de instituições fortes e independentes não são bem vistos “por certos tipos de políticos”. Os manifestantes enfatizaram que o Ministério Público e a imprensa “são pilares da democracia e não podem sofrer retrocessos em sua atuação”.

Na avaliação geral dos membros do MPMA e seus apoiadores, há um empenho no sentido de desconstruir o pacto civilizatório erigido a partir da Constituição de 1988. “Vivemos tempos sombrios. Porém, há uma energia cívica aqui hoje que reúne, não só o MP mas todo o sistema de justiça e a sociedade civil, que tem nessas instituições um instrumento importante de defesa dos seus interesses diante de uma série de retrocessos”, disse o procurador geral do Estado, Rodrigo Maia.

“O Ministério Público precisa ser independente e autônomo para que possa ter uma atuação forte, principalmente no combate à corrupção e à improbidade administrativa. Por isso devemos dizer não a essa PEC, que, na prática, pretende aumentar o poder do Congresso no CNMP”, defendeu o procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau.

 

Deputada garante que prefeita não foi humilhada por governador

Flávio Dino entre Thaiza Hortegal e Ducilene Belezinha, Paulo Neto e Rafael Leitoa (à direita) no ato em Chapadinha: os três deputados não viram agressão à prefeita

Na semana passada, adversários do governador Flávio Dino o acusaram de ter “tentado humilhar” a prefeita de Chapadinha, Ducilene Belezinha (PL). Aconteceu o seguinte: num ato de inauguração naquela cidade, o governador reagiu a uma afirmação da prefeita, feita em redes sociais, de que seu Governo nada fez pelo município e listou, de maneira enfática, as obras do seu Governo ali: o Restaurante Popular, o Viva Cidadão, o Hospital Macrorregional, o Centro de Hemodiálise, pavimentação asfáltica de ruas dos bairros, entre outros investimentos. A prefeita, que é raposa política tarimbada, usou redes sociais, para valer-se da condição de mulher e dizer que o governador tentou humilhá-la. Adversários do governador, estimulador pela tropa de choque do PL, entre eles a deputada estadual Detinha, fizeram zoada, tentando dar a conotação de escândalo.

Na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, a deputada Thaíza Hortegal (PP), que estava presente, criticou o viés dado à reação do governador à provocação da prefeita e colocou os pingos nos is. Em discurso contundente e esclarecedor, Thaiza Hortegal desmontou o que chamou de “fake news” e disse que o governador, sim, foi vítima de uma injustiça. “Saiu na Internet que o governador desrespeitou e quis oprimir uma mulher por ser prefeita, o que não é verdade. Ou seja, é mais uma ‘fake news’ típica da própria prefeita de Chapadinha, acostumada a se vitimar com postagens nas redes sociais”, disparou a deputada pepista, que é da região e conhece todas as manhas e espertezas da política chapadinhense.

O discurso da deputada Thaiza Hortegal foi corroborado em diferentes tons por quatro deputados.

Rafael Leitoa, que estava na comitiva declarou: “O governador fez um discurso colocando aquilo que já realizou em Chapadinha. Não ouvi, em nenhum momento, ele se referir à atual prefeita. Acho que esse alvoroço serviu para que ela, infelizmente, vestisse a carapuça”, disse. Yglésio Moyses (PROS) sentenciou que “declarações infelizes têm consequências”, e justificou a sentença: “A prefeita Belezinha disse que nunca tinha recebido recurso do Estado. Logo, precisou ser confrontada com a realidade dos fatos. Nada mais natural do que o governador colocar a posição dele em relação ao que foi feito em Chapadinha”.

Hélio Soares (PL), que lidera a tropa de choque de Josimar de Maranhãozinho, líder da prefeita, no plenário da Assembleia Legislativa, saiu em defesa de Ducilene Belezinha, mas não apontou a suposta “agressão”, limitando-se a exaltar suas qualidades: “Ela foi eleita pelo Partido Liberal. É uma mulher que já foi experimentada. É independente politicamente, se elegeu pelo nosso partido e segue a linha dela. Eu estou sentindo que estão tentando bombardeá-la”. E o deputado Paulo Neto (DEM, raposa política da região, também elogiou a prefeita, e propôs uma virada de página: “A prefeita Belezinha faz um grande trabalho no município, mas nós temos que acabar com essas ‘fake news’, pois o governador já fez muito pela cidade. Essas notícias falsas surgiram de uma entrevista que ela concedeu há mais de 90 dias. Vamos pedir a união da prefeita com o governador, pois o povo é quem ganha com isso”.

Ou seja, a jogada que tinha o objetivo de carimbar Flávio Dino como agressor de prefeita não colou.

São Luís, 14 de Outubro de 2021.

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