Não é novidade para ninguém que a corrida para o Senado nas eleições de 2026 já ultrapassou a fase da largada e os pré-candidatos, já definidos com clareza, se movimentam com intensidade em busca do suporte político e eleitoral que precisam para embalar os seus projetos de chegar à Câmara Alta. Um dos braços desse suporte é a condição partidária de cada um, que faz a diferença no jogo das disputas majoritárias. Até agora são quatro os nomes que caminham em direção às duas cadeiras, os senadores Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT), cujos movimentos indicam que buscarão a reeleição, e o governador Carlos Brandão (PSB) e o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP). No aspecto partidário, os quatro têm situações distintas, que vão da quase absoluta falta de base ao conforto de ter condição de inclusive poder optar com uma eventual troca de partido.
A senadora Eliziane Gama é o exemplo acabado de detentora de mandato com situação partidária absolutamente instável e imprevisível. Ela se elegeu em 2014 pelo Cidadania, e por uma necessidade de acomodação no Senado, andou flertando com outras agremiações e acabou no PSD, hoje uma potência partidária nacional, mas que, curiosamente, quase inexiste no Maranhão, onde, além da senadora, tem apenas um deputado federal – Josivaldo JP, um prefeito – Eduardo Braide, de São Luís, e um deputado estadual – Fernando Braide. Além disso, Eliziane Gama ingressou no PSD num arranjo em Brasília com a cúpula nacional, sem qualquer acordo no plano estadual, o que permite que ela atue como opositora do prefeito da capital. Pelo que está desenhado, é provável que a senadora busque um novo partido para tentar a reeleição.
O senador Weverton Rocha tem uma situação partidária ainda sólida, mas muito menos política e eleitoralmente poderosa do que a de 2014. É que o seu partido, que o tem como presidente há mais de uma década, vem perdendo terreno a cada eleição, correndo o risco de entrar para o plano das pequenas agremiações. Segundo em número de prefeitos em 2020, o PDT desabou para o oitavo lugar em número de prefeitos eleitos em 2024. Esse emagrecimento da agremiação brizolista no Maranhão, especialmente em São Luís, onde já reinou por quase duas décadas, fragilizou o projeto de reeleição do senador Weverton Rocha, que vai precisar de muita habilidade e articulação para chegar a 2026 com força para entrar de fato na disputa.
No plano inverso, o ministro André Fufuca vem construindo um projeto de candidatura ao Senado que tem como base principal a sua condição partidária. O PP foi o terceiro em número de prefeitos em 2024, tendo conquistado máquinas municipais poderosas como Imperatriz, a segunda maior do estado, tendo mantido a de Caxias e a de Santa Inês, por exemplo. Na condição de deputado federal, André Fufuca é um dos líderes do seu partido que já presidiu no plano nacional e foi líder da bancada na Câmara Federal. Esse conjunto de fatores lhe dá uma condição partidária sólida, que lhe permite pleitear uma cadeira no Senado sem qualquer problema no que diz respeito a partido.
Em matéria de condição partidária entre os pré-candidatos a senador, a situação do governador Carlos Brandão é, de longe, a mais confortável e sólida. Além de ter saído das urnas municipais como o partido que mais elegeu prefeitos no Maranhão em 2024, o PSB é hoje o maior partido do estado, estando ao mesmo tempo no comando do Executivo e do Legislativo. O governador Carlos Brandão tem ainda a vantagem de ser o presidente estadual da legenda, o que lhe dá uma vantagem a mais. Mesmo enfrentando uma forte ameaça de cisão, o PSB comandado por Carlos Brandão vai para as eleições de 2026 como uma potência que, somada ao seu prestígio político, torna o governador um candidato que entrará na corrida movido pela condição de favorito. O chefe do Executivo tem uma vantagem a mais no campo partidário: se por algum imprevisto ele vier a romper com o PSB, tem o MDB pronto para recebê-lo.
O cenário partidário para a corrida ao Senado no Maranhão tem, como se vê, uma situação no mínimo diferenciada.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão recebe vereadores de São Luís e defende harmonia institucional e parceria com a Câmara
Foi politicamente expressiva a reunião do governador Carlos Brandão (PSB) com larga maioria dos vereadores de São Luís, resultado de uma articulação do núcleo político do Palácio dos Leões com o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSB). O grupo representou o mosaico político e partidário do parlamento ludovicense, o que é raro numa realidade tão heterogênea como o perfil partidário dos militantes políticos da Capital.
Participaram do almoço vereadores do PSB, entre eles o presidente Paulo Victor, o único represente do PDT – vereador Raimundo Penha, integrante da base do prefeito Eduardo Braide, como a vereadora Clara Gomes (PSD) e o seu colega Daniel Oliveira, um dos edis mais ligados ao prefeito de São Luís. Lá estiveram também aliados declarados do Governo Brandão, como integrantes do Coletivo Nós, como Jhonatan Soares, que representa o PT.
E do almoço participou também o vereador supostamente distanciado do Governo, como o experiente Astro de Ogum, do PCdoB, que é aliado declarado do Palácio dos Leões, sendo contrário ao fato de que o seu partido está em rota de confronto do o governador Carlos Brandão.
O encontro foi proposto pelo presidente Paulo Victor e organizado em articulação com o secretário de Articulação Política do Governo, Rubens Pereira, e com o chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira. E com esse evento, o governador Carlos Brandão faz um gesto significativo para a classe política em geral.
Ao comentar a reunião, que foi marcada pela descontração e pela abordagem de assuntos e problemas relacionados com a cidade de São Luís, o governador Carlos Brandão, que defende o que chama de harmonia institucional entre os Poderes, destacou como a continuidade do que ele definiu de parceria do Governo do Estado com a Câmara Municipal de São Luís:
“Essa parceria que a gente está reafirmando, ela deu muito certo, muitas ações e obras aconteceram em São Luís, graças à parceria com os vereadores. São os vereadores que conversam com as comunidades, são eles que estão na ponta e sabem das demandas da população. A gente fica muito feliz porque quando tomamos uma decisão em parceria, estamos levando um benefício direto para a população”.
Por sua vez, o presidente do parlamento municipal, Paulo Victor, destacou o que ele entende ser um exemplo de “diálogo positivo”: “O Governo do Estado sempre esteve de portas abertas para a Câmara Municipal de São Luís, desde o nosso primeiro mandato enquanto presidente. É muito importante esse papel institucional que o governo do Estado faz com os nossos vereadores”.
Roberto Costa amplia mais ainda a base de apoio para a presidência da Famem
O prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), continua sua forte e intensa caminhada em direção à presidência da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem). Depois de ter garantido o apoio de líderes municipais de quase todas as regiões, como a Sul e a Tocantina, por exemplo, ele recebeu ontem o aval de 14 prefeitos da região do Munim.
No grupo que declarou apoio ao líder bacabalense estão Jonas Magno (PDT), novo prefeito de Rosário, que se elegeu numa aliança com o MDB, e o ativo e bem articulado emedebista Jones Braga, que continua no comando da Prefeitura de Nina Rodrigues.
Nas contas de apoiadores já conta com o apoio de mais de 60% dos 210 prefeitos com direito a voto uma vez que sete prefeituras não estão associadas à Famem. Esse cacife lhe assegura vantagem, que poderá se transformar em aclamação, já que até ontem nenhum outro prefeito anunciou candidatura.
Vale lembrar que para ser candidato a qualquer cargo de comando na Famem, a começar pelo de presidente, o prefeito tem de estar vinculado a uma chapa, segundo reza o estatuto da entidade. A eleição está marcada para o dia 15.
São Luís, 09 de Janeiro de 2025.