O futuro prefeito de São Luís encontrará uma realidade radicalmente diferente da que os pré-candidatos à sucessão de Edivaldo Holanda Júnior (PDT) estavam projetando há menos de um mês. De repente, como um tsunami ou coisa parecida, com imenso poder de ceifar vidas, o novo coronavírus, que atinge em cheio a humanidade com a covid-19, está causando um estrago imensurável nas estruturas públicas de todo o planeta. No Brasil, em menos de um mês impôs o estado de calamidade pública, obrigou União, Estados e municípios a mandarem o ambicionado equilíbrio fiscal e a disciplinada lei orçamentária para o espaço e adotar “orçamento de guerra” para poder gastar sem limites no enfrentamento da pandemia. E nessa cadeia de destruição, o Município de São Luís, que vinha com as suas contas em ordem depois de anos de duros ajustes feitos pela atual gestão, corre o sério risco de ser entregue ao próximo prefeito como uma terra arrasada, o que exigirá dele anos de dor de cabeça.
A própria experiência do prefeito Edivaldo Holanda Júnior serve de referência. Quando assumiu, em janeiro de 2013, recebeu uma Prefeitura quebrada, sem dinheiro em caixa e com o 13º salário dos servidores pendurado, além de uma infinidade de pendências, uma situação que exigia algumas dezenas de milhões de reais. Foi obrigado a encarar um problema gigantesco a cada dia, uma vez que faltava dinheiro para pagar servidores, para o custeio da máquina, para manter a cidade limpa, e para manter funcionando as gigantescas estruturas de saúde e de educação. Sem saída, fez drásticos cortes nos gastos, suspendeu obras, adiou promessas de campanha. Foi duramente cobrado durante meses, até que finalmente conseguiu colocar a casa em ordem, para então começar a trabalhar com alguma normalidade. Isso tudo aconteceu em situação normal, na qual teve boa relação com a União e contou com o apoio decisivo do governador Flávio Dino (PCdoB).
Agora a situação que está sendo desenhada pelo novo coronavírus é inversa e traumática. O futuro prefeito assumirá uma Prefeitura em extrema dificuldade, com o parceiro estadual também enfrentando sérios problemas financeiros, e um Governo Federal quebrado e politicamente hostil ao Maranhão, principalmente se o eleito for militante do campo político liderado pelo governador Flávio Dino. É verdade que está em curso um movimento de socorro a estados e municípios, mas o que está sendo gestado não é a liberação frouxa de dinheiro sem lastro, mas a concessão de créditos, que cedo ou tarde terão de ser pagos. Um exemplo é a proposta de adiamento do pagamento de dívidas de estados e municípios à União – se for aprovada, aliviará momentaneamente os caixas estaduais e municipais, mas a conta vai chegar, cedo ou tarde.
O cenário que está sendo montado pelo novo coronavírus deve ser acompanhado atentamente pelos aspirantes à cadeira principal do Palácio de la Ravardière. Primeiro para que eles examinem a situação em que estarão as finanças da Capital daqui a alguns meses, e depois para medirem bem o tamanho da encrenca e avaliar se o eleito terá condições de assumir o desafio com meios de tocar o barco e recolocar a casa em ordem. Não há dúvida de que em situação normal o prefeito Edivaldo Holanda Júnior entregaria uma máquina azeitada, muito melhor do que recebeu, com equilíbrio fiscal, obras em andamento e algum em caixa, dando ao sucessor as condições para iniciar o mandato trabalhando. Mas a inacreditável pancada que o País está levando torna rigorosamente imprevisível o que acontecerá daqui a oito meses.
Mesmo que, numa hipótese até aqui muito remota, as eleições municipais venham a ser adiadas, a situação não mudará, por mais eficiente, cuidadosa e severa que seja a administração dessa crise pelo correto prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Daí ser prudente que Duarte Júnior (Republicanos), Rubens Júnior (PCdoB), Eduardo Braide (Podemos), Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista (DEM), Wellington do Curso (PSDB), Adriano Sarney (PV), Franklin Douglas (PSOL), Saulo Arcangeli (PSTU) e Detinha (PL) reflitam bem sobre o tamanho e a complexidade do desafio que o ungido pelas urnas ludovicenses terá de enfrentar.
PONTO & CONTRAPONTO
Braço social da Assembleia Legislativa, Gedema atua na crise do coronavírus
Enquanto os deputados estaduais estão em isolamento social e trabalhando por videoconferência, impedidos de se reunir em plenário em sessões presenciais, e os demais setores que movem as engrenagens do Poder Legislativo funcionam em regime limitado por causa do coronavírus, o Grupo de Esposas de Deputados do Estado do Maranhão (Gedema), braço social da Assembleia Legislativa, se mantém em plena atividade, ainda que operando em movimentos limitados, em ações comandadas pela presidente Ana Paula Lobato.
Antes da chegada do vírus ao Brasil e ao Maranhão, o Gedema já estava atuando numa grande operação para distribuir alimentos, colchões e cobertores para desabrigados pelas cheias em diversos municípios. Agora, participa do esforço para conter a pandemia do novo coronavírus. Primeiro suspendendo as atividades da Escola-Creche Sementinha, mas aproveitando a estrutura de comunicação da Assembleia Legislativa para manter os alunos em regime de atividade escolar em casa por meio de vídeos-aula. Depois de avaliar a situação de dezenas de jovens do projeto “Sol Nascente”, que mantém na região do Maiobão, o comando do Gedema decidiu distribuir a alimentação que recebiam quando em atividade – oficinas de Esportes (futebol, handebol e vôlei) e de Artes (dança, canto coral, violino e instrumentos de sopro), entre outras ações. E foi além, no início da semana, por meio do programa “Gedema Solidário”, fazendo uma providencial doação de kits contendo álcool em gel, álcool 70%, máscaras e luvas para o Solar de Outuno e o Asilo de Mendicidade, duas entidades que abrigam centenas de idosos.
Defensora da ação social do Gedema, sem enxergar nela qualquer viés político, a presidente Ana Paula Lobato justifica o apoio a desabrigados: “É assim todos os anos e não podemos ficar de braços cruzados”. E justifica a ação do Gedema em favor dos asilos: “Os materiais que doamos são fundamentais para prevenção do contágio do coronavírus. Ficamos felizes em poder, mais uma vez, colaborar com esse público mais vulnerável, que precisa de auxílio e do nosso esforço conjunto neste momento de crise sanitária”.
PDT já faz movimenta discreto para escolher um vice para Neto Evangelista
Em meio à crise sanitária que vem tornando furta-cor a movimentação política relacionada com as eleições municipais, um discreto movimento agita os bastidores do PDT, em meio aos setores que já dão como certa a aliança do partido com o DEM em torno da candidatura do deputado estadual Neto Evangelista. O motivo do agito é a escolha de um nome para candidato a vice-prefeito. O senador Weverton Rocha, que comanda o partido e coordena a escolha, já teria sondado alguns nomes, mas ainda não bateu martelo. Isso porque qualquer decisão nesse sentido terá de passar pelo crivo do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que na visão de muitos terá peso decisivo para eleição do seu sucessor.
São Luís, 11 de Abril de 2020.
é complicado…mais um motivo pra escolhermos alguem com experiencia política e administrativa pra contornar a situação…