Pesquisa Escutec: Braide lidera com folga, mas Duarte Jr. e Neto Evangelista podem crescer e endurecer a disputa

 

Eduardo Braide lidera seguido por Duarte Jr., Neto Evangelista, Wellington do Curso, Bira do Pindaré, Adriano Sarney e Tadeu Palácio, segundo a pesquisa do Escutec

Na primeira pesquisa completa realizada no ano eleitoral, que começou no dia 04 deste mês, para medir as preferências do eleitorado em relação aos pré-candidatos à Prefeitura de São Luís, o instituto Escutec deu forma ao cenário que já vinha sendo rascunhado: se a eleição fosse realizada agora, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) poderia seria eleito prefeito em turno único, com 52% a 55% dos votos, mas correndo sério risco de enfrentar um segundo turno muito complicado. A ameaça está principalmente no desempenho de agora e no potencial de candidatos como os deputados estaduais Duarte Jr. (PCdoB), Neto Evangelista (DEM) e Wellington do Curso (PSDB), que aparecem na segunda colocação, e outros nomes com votações abaixo de cinco pontos percentuais, mas que poderão reagir ou afundar de vez ao longo da corrida, com poder de contribuir decisivamente para o seu desfecho.

A pesquisa – contratada por O Estado do Maranhão, realizada entre os dias 12 e 17 deste mês ouvindo 1.002 eleitores, com margem de erro de 3,1% e intervalo de confiança de 95% – confirmou o largo favoritismo de Eduardo Braide, mas apontou também Duarte Jr. e Neto Evangelista na casa dos dois dígitos e com forte potencial de crescimento, e outros, a começar por Wellington do Curso, com desempenhos mais modestos, mas com caminho aberto. Tudo isso num cenário desenhado a 50 semanas da eleição, tempo suficiente para acontecer de tudo na dura guerra pelo poder que será a escolha do sucessor do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT).

Os números da pesquisa Escutec/O Estado dão neste momento uma vantagem confortável a Eduardo Braide. Ele foi de longe o preferido (25,2%) no levantamento espontâneo – quando o entrevistador não oferece opções ao entrevistado -, com Duarte Jr. e Neto Evangelista com 3%, Wellington do Curso com 2% e Adriano Sarney (PV) com 1,5%. Nesse levantamento foram citados também Bira do Pindaré (PSB), Osmar Filho (PDT), Tadeu Palácio (PSL), Cléber Verde (PRB), Jeisael Marx (Rede), entre outros, todos com menos de 1%. Com um detalhe muito importante nesse ponto: mais de 60% dos entrevistados não tinham o candidato na ponta da língua e não souberam responder.

Já na pesquisa induzida – quando o entrevistador apresenta ao entrevistado um leque de opções -, o quadro mudou radicalmente, com a opção Eduardo Braide disparando na preferência dos eleitores ouvidos em cinco cenários. No primeiro, com 15 pré-candidatos entre assumidos e prováveis, o candidato do Podemos aparece com impressionantes 42,6% das intenções de voto, seguido de Duarte Jr. (10%), Neto Evangelista (8,8%), Wellington do Curso (8,2%), Tadeu Palácio (4.5%), Adriano Sarney (4%), Bira do Pindaré (4%), Osmar Filho (3,1%), Yglésio Moises (1,8%), Coronel Monteiro (1,7%), Jeisael Marx (1,1%), Rubens Jr. (1%) e Silvio Antônio (PSL), Allan Garcez (PSL) e Carlos Madeira (sem partido) com menos de um ponto percentual. Levando em conta o fato de que boa parte desses nomes não entrará na disputa, os votos a eles dados serão divididos entre Eduardo Braide, entre os demais.

Nos quatro cenários para serem realmente levados em conta foram incluídos nome candidatos, que se alternam na medição de força com Eduardo Braide e entre si. Neles, Eduardo Braide vai de 45,5% a 51,5%, lidera sem qualquer ameaça isolada, podendo vencer a parada em turno único em dois cenários, empata em um e vai para o segundo turno em outro. Chama a atenção fato de que nos cenários em que pode haver segundo turno, essa tendência é puxada exatamente pelo desempenho de Duarte Jr., Neto Evangelista e Wellington do Curso, que juntos somam 30 pontos percentuais. E com um detalhe que não pode ser desprezado: Duarte Jr. e Neto Evangelista têm forte potencial de crescimento, ao mesmo tempo em que os números de Eduardo Braide causam a impressão de que ele chegou ao teto.

Os números da pesquisa Escutec/O Estado mostram clara e inequívoca tendência favorável a Eduardo Braide neste momento, mas sugerem também, com igual clareza, que ele poderá enfrentar oponentes muito fortes, a começar pelo(s) nome(s) que receber(em) as bênçãos do Palácio de la Rarvardière e do Palácio dos Leões, que até agora mantiveram silêncio férreo sobre o assunto, mas se preparam para entrar no jogo com poder de fogo para fortalecer suas escolhas. No desenho atual da política maranhense, ninguém duvida que, atuando em conjunto, o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edivaldo Holanda Jr. formam uma força colossal no jogo sucessório da Capital, com poder de fogo para turbinar candidatos com potencial como Duarte Jr. e Neto Evangelista. Isso e mais outras surpresas que a corrida poderá produzir tornam lícito avaliar que a sucessão na Prefeitura de São Luís está rigorosamente em aberto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Com exceção de Tadeu Palácio, nomes do PSL simplesmente não existem na preferência do eleitorado

Coronel Monteiro e Allan Garcez: bolsonaristas do PSL sem chance na corrida

Um dado da pesquisa Escutec/O Estado chama atenção: com exceção do ex-prefeito Tadeu Palácio, que desembarcou no partido há apenas algumas semanas, é surpreendente dura   inexpressividade dos aspirantes a candidatos prefeito de São Luís pelo PSL, a conturbada legenda do presidente da República, Jair Bolsonaro. Coronel Monteiro, Allan Garcez e Silvio Antônio apareceram apenas em um cenário e mesmo assim com menos de 1% cada um. Essa posição vexatória é um reflexo direto e indiscutível de que o bolsonarismo continua rejeitado pela esmagadora maioria dos maranhenses, especialmente os ludovicenses. Exceto Tadeu Palácio, os pré-candidatos do PSL à prefeito não existem publicamente, não se mostram como políticos militantes em seu partido em São Luís e não têm qualquer lastro para se apresentar ao eleitorado como nomes ligados ao presidente da República. Com três mandatos de vereador, dois anos como vice-prefeito e seis anos como prefeito de São Luís no currículo, Tadeu Palácio aparece em todos os cenários com cinco pontos percentuais de preferência. É fruto, com certeza, do que realizou como gestor, que cometeu erros políticos, deixou o cenário para voltar ao consultório como oftalmologista. De volta à política, é a única opção do PSL, já que as demais simplesmente não existem. E se vier mesmo a ser candidato, terá de se apresentar como candidato independente, porque se cometer o desatino de associar seu nome ao de Jair Bolsonaro poderá ser expurgado de vez da vida pública.

 

Márcio Jerry avisa que candidato do PCdoB será escolhido “com calma e na hora certa”

Marcio Jerry

A pesquisa Escutec/O Estado deve funcionar como meio de pressão para que o comando do PCdoB escolha o candidato do partido à Prefeitura de São Luís. Com a vantagem larga do deputado Duarte Jr., que aparece em segundo lugar, no patamar dos dois dígitos, seus apoiadores certamente farão carga para que o comando do PCdoB o indique candidato. Argumentarão naturalmente que o deputado federal e secretário das Cidades, Rubens Jr., não deslanchou ainda. Só que o presidente do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry, é um político tarimbado nessa seara, conhecedor de todas as situações, filigranas e sutilezas desse jogo e que, embalado pela rica experiência e o forte poder de fogo, tem mandado recados bem claros aos que se açodam. O mais recente foi dado quinta-feira (17), numa conversa com jornalistas: “A questão da sucessão de São Luís há vários aspectos a serem considerados. Nós temos dois bons nomes para a disputa da Prefeitura e nós estamos com muita calma e serenidade, debatendo com os dois pré-candidato que estão em campanha e na hora certa a gente vai definir quem é o candidato”. Sabe o que diz.

São Luís, 20 de Outubro de 2019.

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