Há duas semanas, a consagrada colunista Dora Kramer, de Veja, fez uma revelação: “O aviso aos navegantes do barco de Jair Bolsonaro foi dado: reúnam suas tropas, recarreguem as baterias e disputem as eleições municipais de 2020 com a gana de um exército disposto a ocupar o máximo de território no cenário nacional”. A colunista acrescentou: “A ideia é repetir, ao menos nas capitais e nas grandes cidades, o embate de 2018 entre os chamados conservadores e os ditos progressistas”. E fechou a equação: “(O presidente) já compartilhou com mais de um interlocutor a intenção de formar uma legião de candidatos país afora, independentemente de filiação partidária. O critério é o mesmo aplicado a tudo o mais que diz respeito ao presidente: afinidade de ideias, propósitos e procedimentos. Além de, obviamente, compromisso com a reeleição para a Presidência”. Os estrategistas do Palácio do Planalto apostam alto que até meados do ano que vem as medidas econômicas comecem a dar resultados, transformando o atual cenário de instabilidade na política e incertezas na economia num ambiente que permita a candidatos bolsonaristas entrar, com alguma chance, na disputa por prefeituras.
Por mais que sejam remotas as possibilidades de candidatos bolsonaristas, oficiais ou oficiosos, virem a ocupar espaços expressivos em São Luís e em cidades como Imperatriz e Caxias, por exemplo, a revelação do plano do Palácio do Planalto para as eleições municipais do ano que vem é um bom motivo para que as forças que comandam o estado se coloquem em estado de alerta, façam a leitura correta dos sinais e se preparem para o que vier por aí na guerra eleitoral que se aproxima.
Em São Luís, até o momento, os nomes de extrema-direita que já manifestaram interesse em entrar na disputa, como o médico Allan Garcez e o coronel aposentado Ribamar Pinheiro, ambos do PSL, não são levados a sério por líderes partidários, por serem, de fato, política e eleitoralmente inexpressivos. Mas há também bolsonaristas por afinidade, mas menos conservadores, como o senador Roberto Rocha (PSDB), por exemplo, que pode convencer o deputado Wellington do Curso (PSDB), que aparece bem posicionado nas pesquisas, a assumir a bandeira do conservadora na corrida ao Palácio de la Ravardière. Ou ele próprio, que foi eleito vice-prefeito em 2012, na chapa do prefeito Edivaldo Holanda Jr., pode se lançar candidato a prefeito com as bênçãos do presidente, de quem já se declarou amigo e com quem tem fortes afinidades políticas, sendo hoje um dos seus aliados mais ativos no Senado.
E nos movimentos da ciranda da política, outros nomes podem entrar na corrida sucessória em São Luís abraçando o discurso conservador e exibindo afinidades com o presidente Jair Bolsonaro, caso seu Governo exiba algum resultado animador nos próximos meses. É o caso do juiz federal Roberto Veloso, que embalado pelos estímulos do ministro Sérgio Moro, de quem já se disse candidato, pode entrar em cena, empunhar a bandeira da extrema-direita e tentar suceder ao prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Não será surpresa também se o deputado federal Edilázio Jr. (PSD) viera a ser o nome do Palácio do Planalto.
O fato é que, de acordo com a revelação da colunista Dora Kramer, o presidente Jair Bolsonaro e sua turma estão dispostos a jogar pesado em 2020. E nesse contexto não será surpresa se dedicarem atenção especial a São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha luta pela relatoria da indicação de Eduardo Bolsonaro embaixador nos EUA
O senador Roberto Rocha é um dos quatro membros da Câmara Alta que disputam a relatoria do processo de indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o mais importante a cobiçado posto da diplomacia brasileira, na Comissão de Relações Exteriores. Roberto Rocha, que é líder da bancada do PSDB, mede forças com os senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Marcos Val (Cidadania), ambos críticos ferrenhos da indicação e votariam contra, e com o senador Chico Rodrigues (DEM), que é amigo da família do presidente e emprega no seu gabinete o famoso e controvertido primo Leo Índio, que funciona como uma espécie de X-9 de 01, 02 e 03. Na contramão da maioria dos senadores tucanos, Roberto Rocha já defendeu publicamente a escolha do presidente, rebatendo, com ar de indignação, as críticas à nepótica indicação. Seu alinhamento ao Palácio do Planalto já vai muito além das afinidades políticas, tendo evoluído para o plano da amizade com o presidente Jair Bolsonaro. Daí a certeza geral de que, caso seja escolhido relator, não hesitará em recomendar entusiasticamente a nomeação do fritador de hambúrguer no Meine para comandar a diplomacia brasileira em Washington.
Weverton Rocha afaga Osmar Filho para manter o PDT harmonizado
O vereador Osmar Filho, presidente da Câmara Municipal, ganhou forte injeção de ânimo no seu projeto de sair candidato do PDT à Prefeitura de São Luís. Ele foi incentivado por ninguém menos que o senador Weverton Rocha, que o definiu como um “dirigente jovem, um vereador que tem mostrado coragem de enfrentar os problemas e de dialogar com a comunidade. Sempre foi bem votado dentro de São Luís e é um nome forte sim, para a disputa”. O afago do presidente do PDT no presidente da Câmara é uma jogada eticamente correta e politicamente inteligente para evitar um mal-estar dentro do seu partido afinal, não ficaria bem o senador Weverton Rocha tratar um membro destacado do seu partido, chefe de um poder no âmbito municipal, ignorando o fato de ele ter se lançado pré-candidato à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Mais do que qualquer outro líder pedetista, o senador Weverton Rocha sabe que o vereador Osmar Filho ainda não dispõe de um suporte político e eleitoral para disputar a Prefeitura de São Luís com alguma chance de vitória. Tanto que trabalha seriamente na construção de uma aliança com o DEM, tendo o deputado estadual Neto Evangelista como opção de candidatura. Mas, como líder partidário já tarimbado, para muitos já com o status de raposa, joga bem para manter o arraial pedetista em harmonia até que chegue a hora da verdade.
São Luís, 02 de Agosto de 2019.