O ato em que o governador Flávio Dino (PCdoB) entregou, no sábado (15), na sede da Unidade Plena do Iema em São Luís (Centro), cheques no valor de R$ 2.500,00 do Programa Cheque Minha Casa a 1.300 famílias da Região Metropolitana de São Luís, foi marcado pela presença de três pré-candidatos à Prefeitura de São Luís com chances ser o escolhido pelo Palácio do Leões para liderar uma grande coligação à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Ao lado do governador estavam o deputado estadual Neto Evangelista (DEM), o deputado federal licenciado e secretário das Cidades Rubens Pereira Jr. (PCdoB) e o deputado estadual Duarte Jr. (PCdoB), todos visivelmente afinados com as linhas administrativas e políticas do governador Flávio Dino e visivelmente engajados na tarefa politicamente vital de consolidar as suas pré-candidaturas. Também no ato a presença curiosa do engenheiro Ted Lago, o anglo-brasileiro que realiza uma festejada gestão na Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap).
Com a clara anuência da cúpula da aliança dinista, que reúne 16 partidos, Neto Evangelista, Rubens Pereira Jr. e Duarte Jr. vêm travando uma intensa queda de braço para se viabilizarem para disputar o Palácio de la Ravardière em nome da poderosa coligação. Neto Evangelista trabalha para ser o candidato de uma parceria entre o DEM e o PDT, articulada pelo senador Weverton Rocha, presidente da agremiação brizolista, com o deputado federal Juscelino Filho, chefe estadual do DEM, contando com o apoio do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e anuência do governador Flávio Dino. Rubens Jr. e Duarte Jr. medem forças, ainda sem confronto aberto, dentro do PCdoB, ambos com carta branca do presidente da agremiação, deputado federal Márcio Jerry, e o aval do governador Flávio Dino. Um deles será o candidato das forças governistas, que, pelo menos até aqui, terá como adversário o deputado federal Eduardo Braide (PMN), que liderando a preferência nas pesquisas.
Os movimentos por eles realizados, como a participação em eventos como o de sábado, ao qual compareceram milhares de pessoas, e a capacidade que cada um terá de atrair apoio partidário para bancar politicamente as suas candidaturas, serão fundamentais nessa fase prévia em que os projetos eleitorais começam a ganhar força. Neto Evangelista, Rubens Pereira Jr. e Duarte Jr. sabem que precisam de mostrar cacife eleitoral, mas sabem também que uma candidatura majoritária em São Luís, o maior e mais importante colégio eleitoral, onde estão quase 20% dos eleitores do Maranhão, não se consolida sem uma forte base de apoio político. As eleições mais recentes têm mostrado que candidatos “bons de voto”, mas sem estrutura política e partidária, têm ficado para trás. Ou seja, chegar ao Palácio de la Ravardière não é tarefa para um candidato solitário, mas de um candidato apoiado por uma base partidária organizada e ativa.
Ao marcarem presença na nova etapa do Programa Cheque Minha Casa, com a doação de recursos destinados à realização de melhorias em residências de famílias com pessoas idosas ou deficientes, os pré-candidatos à Prefeitura de São Luís querem, claro, demonstrar sintonia fina com o Palácio dos Leões em busca do apoio político e eleitoral decisivo do governador Flávio Dino, de longe o eleitor mais importante da corrida em andamento. Neto Evangelista, Rubens Pereira Jr. e Duarte Jr. têm plena consciência de que seus projetos eleitorais só terão chance de sucesso com as bênçãos do governador, que vem estimulando os movimentos de cada um, para no momento certo se posicionar por um deles, ou pelos três numa estratégia de levar a eleição para um segundo turno.
O evento do Programa Cheque Minha Casa – que já beneficiou mais de 10 mil famílias maranhenses e investiu quase R$ 50 milhões desde que foi implantado no ano passado -, foi marcado também por uma presença curiosa: a do engenheiro Ted Lago, presidente da Emap, que comanda o Complexo Portuário do Itaqui. Ao lado do governador Flávio Dino e dos três pré-candidatos governistas, ele agiu com vivo entusiasmo num ato que nada tem a ver com a área em que atua, causando em alguns a impressão de que pode ter interesse na movimentação política em curso para a Prefeitura da Capital. Será?!
PONTO & CONTRAPONTO
Dino reage a ataque de Doria, que engole seco e evita insistir na crítica a governadores nordestinos
Repercutiu fortemente no meio político nacional a dura, mas civilizada, reação do governador Flávio Dino à crítica feita pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), aos governadores do Nordeste, afirmando ter faltado “atitude” e “voz de comando” na decisão deles de não apoiar a carta por ele articulada afirmando que os estados e municípios seriam incluídos no projeto do Governo Federal sem discutir aposentadoria rural, BPC, institucionalização e capitalização. Ciente de que o governador paulista, que é aliado assumido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), além de fazer o jogo do Palácio do Planalto, pretendeu aparecer no cenário político nacional como o “pai” da adesão dos governadores ao projeto governista, Flávio Dino reagiu:
“Claro que respeitamos as ‘atitudes’ do governador de São Paulo. São escolhas ideológicas e ele que responda por elas. Mas certamente ele não tem o direito de reclamar idênticas ‘atitudes’ de quem deseja preservar direitos sociais dos mais pobres. De minha parte, mantenho a mesma conduta desde sempre: diálogo com todos, mas sem abrir mão de princípios. Princípios estes que são diferentes dos adotados pelo governador Doria. Diferenças normais em um regime democrático, e por isso têm todo meu respeito”.
João Doria foi aconselhado a engolir seco o pito que recebeu de Flávio Dino e evitou treplicar, evitando o risco de encarar um embate com alguém com um nível de preparo provavelmente bem superior ao dele. Sucumbiu ao argumento segundo o qual, além de muito preparado, o governador do Maranhão é, como ele, uma estrela em ascensão no cenário nacional, ganhando estatura para ser o seu adversário na corrida ao Palácio do Planalto.
PT não ficará de fora da disputa em São Luís: pode ter candidato a prefeito ou a vice
O PT não vai ficar de fora da corrida para a Prefeitura de São Luís, mas só vai iniciar o processo de decisão em outubro, quando a direção nacional abrir o calendário de eventos internos por meio dos quais o partido definirá a linha de ação que o norteará nas eleições municipais em todo o País. Antes da das definições, os líderes petistas maranhenses trabalham com duas possibilidades. A primeira é o lançamento de candidato próprio à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr., que pode ser o deputado federal Zé Carlos ou o deputado estadual Zé Inácio. A segunda é participar de uma aliança indicando o candidato a vice-prefeito. Em princípio, o PT não admite a possibilidade de ficar de fora da disputa majoritária em São Luís, sem lançar um candidato a prefeito ou a vice-prefeito. No cenário em formação, o PT pode aliar-se ao PCdoB numa chapa em que indicará o candidato a vice ou pode fazer uma dobradinha com o PSB e indicar o vice da chapa que será liderada pelo deputado federal Bira do Pindaré. Não há ainda qualquer definição, mas petistas de proa indicam que esses são os possíveis caminhos do PT na corrida para a Prefeitura de São Luís.
São Luís, 18 de Junho de 2019.