Flávio Dino faz alerta sobre eleição e diz que disputa entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro é confronto entre civilização e barbárie

 

Flávio Dino apoia Fernando Haddad contra Jair Bolsonaro na corrida ao Planalto

Independentemente de quem seja o escolhido na disputa para presidência da República entre o candidato do PT, Fernando Haddad, e o do PSL, Jair Bolsonaro, o governador Flávio Dino (PCdoB) sairá do processo eleitoral como uma das vozes mais ativas e contundentes na defesa da democracia e no alerta aos brasileiros para os riscos que o estado democrático de direito está correndo por conta do viés autoritário expressado pelo candidato Jair Bolsonaro. Depois de reeleito no 1º turno liderando a vitória esmagadora de uma grande aliança que reúne partidos de esquerda, centro e direita, o governador Flávio Dino entregou-se à tarefa de apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad, que vencei no estado com 61% dos votos, mas também, e sobretudo, à missão de externar sua preocupação com as declarações e as limitações do candidato do PSL, em quem enxerga um cidadão sem condições de assumir a chefia da Nação.

Além das reuniões e dos atos públicos que organizou ou incentivou em apoio o candidato da aliança PT/PCdoB, Flávio Dino mostrou o seu tamanho político na mensagem que gravou em vídeo e na qual desenha o cenário dessa disputa, apontando as diferenças inconciliáveis que separam Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Com equilíbrio, serenidade e firmeza, o governador analisa o cenário político nacional com uma visão de contexto só alcançada por quem tem veia de estadista, concluindo que a disputa entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro não é um embate entre esquerda e direita nem entre o PT e o PSL, mas entre “civilização e barbárie”. Na sua avaliação, mesmo carregando o peso dos erros e das contradições que têm afetado duramente o partido, o candidato do PT é o melhor caminho para o País neste momento.  Para ele, Fernando Haddad tem condições de reverter a crise respeitando o estado democrático de direito, o que não é possível dizer de Jair Bolsonaro, que nada mostrou como ideia para resolver os problemas do País, fazendo uma campanha com frases e gestos que só contribuíram para incentivar a violência e para confirmar a sua condição de incógnita com sinais preocupantes.

Na mensagem, Flávio Dino reafirma suas fortes dúvidas sobre se, após dez mandatos parlamentares e zero de produção legislativa, Jair Bolsonaro está preparado para governar um País da dimensão e da complexidade do Brasil, e se tem ele noção clara do tamanho do desafio que é assumir o comando do País nesse momento. O governador do Maranhão critica com ênfase as investidas do presidenciável da direita sobre as liberdades políticas e o estado democrático de direito, lamenta a recusa de Jair Bolsonaro de debater direto com Fernando Haddad, e se estarrece  com questões como uso de arma de fogo, aborto, homofobia, mulheres e sobre manifestações antidemocráticas.

Diferentemente de outras vozes que se manifestaram ao longo da campanha eleitoral, tanto no 1º quanto no 2º turno, Flávio Dino centra seu discurso num realismo cru, mas sem ódio, mostrando quase que didaticamente as diferenças entre candidato do PT e o candidato do PSL quanto a preparo técnico, postura ética e visão democrática. Lembra o desempenho do petista na Prefeitura de São Paulo, o lastro de conquistas que deixou após sete anos como ministro da Educação no Governo do presidente Lula da Silva, e a sua luta em defesa de uma sociedade aberta, politicamente plural e garantida pela plenitude do estado democrático de direito. Ao mesmo tempo, alertou para o discurso agressivo do candidato Jair Bolsonaro que prega o uso da força pelo Estado e das armas pelo cidadão, ameaçando as instituições e a paz social. Critica também a recusa de Jair Bolsonaro ao debate direto, criando no País uma atmosfera que mistura insegurança e incerteza, que muitos, inclusive o governador, veem como uma ameaça facista real.

Nesse contexto de guerra política da qual o Brasil certamente sairá diferente das urnas, o governador do Maranhão tem agido como líder político e chefe de Estado. Como líder político, tem se entregado ao esforço militante no sentido de fortalecer o candidato do seu campo ideológico e programático, propagando com a intensidade e a abrangência possíveis o candidato Fernando Haddad; ao mesmo tempo, critica duramente as posições assumidas pelo candidato Jair Bolsonaro. Como chefe de Estado, Flávio Dino tem se mostrado defensor intransigente das instituições democráticas, afirmando enfaticamente que respeitará integralmente a escolha que a maioria fizer nas urnas neste Domingo. Claro que prefere a eleição do candidato do PT, de quem é aliado de primeira hora, mas afirma estar preparado para conviver institucionalmente com um eventual Governo de direita tendo Jair Bolsonaro à frente. “São as regras do jogo, que têm de ser respeitadas    numa democracia”, diz.

Do alto da sua condição de franco favorito na corrida presidencial, apesar de todas as controvérsias que o envolvem, o candidato Jair Bolsonaro tem aproveitado todas as oportunidades para atacar o político e o governador Flávio Dino, bradando contra o comunismo, numa retórica macarthista que perdeu sentido há décadas. A estocada mais recente aconteceu terça-feira (23), na sua residência, no Rio de Janeiro, ao receber o deputado federal maranhense Aluísio Mendes (Podemos), que integrava uma comissão da  “Bancada da Bala”. Não se sabe se por iniciativa própria ou a pedido do parlamentar, gravou um vídeo em que afirma: “Vamos continuar lutando para em 2022 varrer o comunismo de vez deste estado maravilhoso que é o Maranhão”. Ao mesmo tempo, tem abrandado sua catilinária anticomunista quando fala na relação da União com os estados, vários comandados por governadores de esquerda, como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Ceará.

Do alto da sua condição de político militante e governador reeleito, Flávio Dino respondeu: “Não tenho medo de nada. Independentemente de resultado, quem luta pelo bom, pelo belo, pelo justo, jamais perde”.

O tempo dos discursos termina neste sábado, porque na noite deste Domingo, eleito Fernando Haddad ou Jair Bolsonaro, o Brasil sofrerá um choque de realidade, e o governador Flávio Dino mostra que está preparado para o que der e vier.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Forças de apoio a Fernando Haddad e a Jair Bolsonaro atuaram forte durante a campanha

 

Quebrando a impressão inicial – registrada inclusive pela Coluna – de que a reta final do 2º turno da eleição presidencial seria morna, sem mobilização, semana foi de intensa movimentação, tanto por parte dos que apoiam Fernando Haddad quanto dos apoiadores de Jair Bolsonaro. O governador Flávio Dino e seus aliados da esquerda e de parte das outras correntes atuaram para convencer o eleitorado de que o petista é o melhor caminho.  Já os apoiadores de Jair Bolsonaro não há um comando único, com a ex-candidata ao Governo Maura Jorge incentivando grupos de ação; o vereador Chico Carvalho tentando se viabilizar como líder do movimento bolsonarista na Ilha de São Luís, e agora o deputado Federal Aluísio Mendes (Podemos), que já atua no grupo de parlamentares federais que se formou em torno do candidato do (PSL). As forças lideradas pelo governador Flávio Dino são articuladas pelo deputado federal eleito Márcio Jerry, que preside o PCdoB no Maranhão, e pelos chefes do PT no Maranhão, e realizaram inúmeras ações pró-Haddad em todas as regiões do estado, tendo o reforço da atuação pessoal e direta do chefe do Governo. As manifestações pró-Bolsonaro não têm um comando único, devido principalmente a uma luta por espaço entre Maura Jorge e Chico Carvalho, gerando um clima que favorece a Aluísio Mendes, que tem acesso ao chamado “núcleo de ferro” do candidato do PSL. Essa luta será intensificada e ampliada se Jair Bolsonaro for eleito.

 

Sarney manter uma fatia do seu poder político se reeleger hoje o governador do Amapá

José Sarney pode ficar ou sair hoje do Amapá

Depois do desastre que praticamente tirou sua família da vida pública, o ex-presidente José Sarney (MDB) joga hoje, no Amapá, seu último cacife para manter um dedo de influência no cenário politico nacional. Ali, José Sarney apoia o governador Valdez Goez (PDT), candidato à reeleição que corre o risco de perder para o senador João Capiberibe (PSB), seu histórico e figadal adversário naquele estado. Na sexta-feira, pesquisa do Ibope mostrou João Capiberibe à frente de Goez numa situação de empate técnico. Se Valdez Goez conseguir virar o jogo e se reeleger, o ex-presidente continuará dando as cartas no tabuleiro político do estado que ele criou quando presidiu o País. A vitória de João Capiberibe, ao contrário, encerrará de vez a atuação política de José Sarney naquele estado. José Sarney poderá desembarcar na próxima semana em Brasília embalado apenas pelo mandato de deputado estadual do neto Adriano Sarney (PV) e do contraparente Edilázio Jr. (PSD), eleito deputado federal, podendo acrescentar ou não ao pacote o governador do Amapá.

São Luís, 27 de Outubro de 2018.

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