Tudo indica que pelo menos até o dia 29 deste mês o vice-governador Carlos Brandão será o presidente do PSDB no Maranhão, o que manterá em ´banho maria` a transição a transição por meio da qual o partido será entregue ao ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que por sua vez desencadeará o processo que deve resultar na formalização da candidatura do de novo tucano senador Roberto Rocha ao Governo do Estado. Provavelmente ainda não informado oficialmente da mudança de rumo decidida pela cúpula do partido há duas semanas, num ato pomposo em que a cúpula do tucanato recebeu a filiação de Roberto Rocha, Carlos Brandão embarcou ontem para uma missão de 12 dias pela China, Coréia do Sul e Vietnã, liderando uma missão formada por representantes do Governo do Estado, da Prefeitura de São Luís, UEMA, Sebrae e empresários, que incursionará por aqueles países asiáticos para mostrar que o Maranhã está pronto para receber investimentos. Brandão não tem pressa de desmontar a estrutura que montou no ninho maranhense, que lhe permitiu mostrar força política e alinhamento integral com o governador Flávio Dino.
Com a experiência política que já acumulou, o vice-governador sabe que o jogo virou mesmo no PSDB e que ele não tem espaço no novo projeto partidário, que tem como objetivo principal lançar um candidato a governador e, assim, montar um palanque para o candidato presidencial do partido no Maranhão, rompendo assim a aliança que mantém com o governador Flávio Dino desde 2014. Não há mais dúvida de que o vice-governador e parte dos prefeitos eleitos pelo partido deixarão o PSDB por conta da reviravolta, mas, até por recomendação dos tucanos mais emplumados, esse processo terá de ocorrer sem truculência, mas de maneira republicana. Isso porque, vale lembrar, Carlos Brandão não está sendo mandado embora do partido, mas saindo por livre e espontânea vontade, motivado pelo fato de não se encaixar na nova linha de ação do ninho no Maranhão.
No meio político é dominante a indagação: qual será o novo pouso partidário do vice-governador Carlos Brandão? São Muitas as especulações. Uns dizem que ele desembarcará no DEM, para onde deve seguir o seu mentor político, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que está deixando o PSB. Há quem diga que ele poderá se filiar ao PP, para reforçar o alinhamento do partido com o governador Flávio Dino, articulado pelo seu presidente regional, deputado federal André Fufuca, 2º vice-presidente da Câmara Federal. Correu o boato que ele reforçaria o PTdoB hoje liderado no estado pelo deputado federal Waldir Maranhão. E poderia até ingressar no PSB, ocupando o espaço a ser criado com a saída de José Reinaldo Tavares. É fato que Carlos Brandão está examinando todas as possibilidades, mas é fato também que ele não tomou decisão ainda sobre este assunto, o que só fará quando retornar da incursão pelos tigres asiáticos.
A situação do vice-governador Carlos Brandão tem peso e contrapeso. É fato que de um lado ele está sendo circunstancialmente obrigado a encarar o desconforto de deixar o PSDB que organizou e comandou à sua maneira nos últimos anos. Mas é fato também que tem recebido total apoio do governador Flávio Dino, que o tem prestigiado frequente e ostensivamente, confiando-lhe missões relevantes, como a presente viagem à China, Coréia do Sul e Vietnã à frente de uma alentada comitiva e com o desafiador objetivo de atrair investimentos para o Maranhão. Dessa maneira, além de dar utilidade efetiva ao posto de vice-governador, o governador tem demonstrado apreço pessoal e político por Carlos Brandão, dando a impressão de que não o deixará politicamente à deriva.
Isso não significa dizer que o manterá como candidato a vice, mas dá a entender claramente que o quer politicamente forte na aliança que lidera.
PONTO & CONTRAPONTO
Folha faz retrato malfeito dos candidatos a governador no cenário sucessório do Maranhão
Na sua edição domingueira, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem mostrando que a corrida eleitoral do ano que vem está estimulando grupos adversários a abrir janelas para composições até pouco tempo impensáveis. Segundo o que foi apurado, as alianças outrora improváveis estão sendo articuladas principalmente no Nordeste. Quando se refere ao Maranhão, o jornal que não haverá esse tipo de aliança no estado. Deixa no ar que a guerra será mesmo travada entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), tendo o senador Roberto Rocha (PSDB) como terceira via.
Chama atenção a má vontade com que a Folha se refere aos três candidatos a governador.
O governador Flávio Dino é identificado como “citado por delatores da Odebrecht em inquérito que foi arquivado. É um dos investigados no STJ pela “farra das passagens”
Roseana Sarney é tão somente “a ex-governadora que quer voltar ao comando do Estado depois de ver seu grupo político derrotado em 2014 e de ter anunciado sua aposentadoria da política”.
E Roberto Rocha é o candidato que o PSDB “planeja lançar” após “romper com Flavio Dino, e abandonar o vice-governador”.
Mudanças no secretariado reforça a base política do Governo
O governador Flávio Dino sacramentou ontem o apoio do braço maranhense do PP à sua corrida pela reeleição ao dar posse a Hewerton Pereira no comando da Secretaria de Estado de Esportes e Lazer, que vinha sendo comandada pelo petista Márcio Jardim. Entregou também a Secretaria da Mulher para a ex-deputada federal Terezinha Fernandes, ex-primeira-dama de Imperatriz. As mudanças foram feitas obedecendo à lógica que dá razão de ser a alianças e coligações. Ao fechar com o PP, o governador cobriu por antecipação o vácuo que está desenhado com o afastamento do PSDB. E usou habilidade surpreendente ao operar a mudança sem diminuir o tamanho do PT no seu Governo, que perdeu a da Secretaria de Esportes e Lazer, mas ganhou a pasta que cuida da Mulher. Com as mudanças, os grupos envolvidos sentiram-se contemplados, de modo que a aliança partidária que lidera continua forte.
São Luís, 16 de Outubro de 2017.
A gravata vermelha do Carlos Brandão já é um sinal do desfecho dele no PSDB.