A farta produção de factóides registrada nos últimos dias sobre a corrida às duas vagas no Senado da República, faltando ainda 14 meses para a corrida às urnas, revela que a disputa entre aliados para definir candidaturas viáveis é intensa e promete ser prolongada e renhida. No movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), quatro nomes – Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB), Waldir Maranhão (PP) e Eliziane Gama (PPS) – medem forças pelas duas vagas de candidato que terão com as bênçãos do Palácio dos Leões. Já no Grupo Sarney, apenas um nome até agora parece definido, o deputado federal e atual ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV), ficando a outra vaga para ser disputada pelos senadores Edison Lobão (PMDB), Joao Alberto (PMDB) e Lobão Filho (PMDB), podendo ser ocupada, nua situação remota e improvável, pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Há ainda candidaturas independentes prováveis, como a do ex-deputado Gastão Vieira (PROS), por exemplo, e as da esquerda zangada, ainda indefinidas.
Na seara situacionista, o governador Flávio Dino terá de fazer uma engenharia política bem elaborada para acomodar seus aliados numa chapa senatorial forte, em condições de somar forças ao seu projeto de reeleição. Em princípio, a chapa poderá ter como candidatos o deputado federal pedetista Weverton Rocha, que comanda o PDT no Maranhão e vem desenvolvendo uma pré-campanha intensa e agressiva, bem ao seu estilo ousado de fazer política. Do outro lado está o ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares, que vive ainda uma indefinição partidária, mas vem viabilizando o seu projeto senatorial organizando núcleos de apoio nas diversas regiões do estado, num trabalho coordenado pelo prefeito de Tuntum e presidente da Famem Cleomar Tema Cunha.
Buscam também a sombra do Palácio dos Leões o deputado federal Waldir Maranhão, que ganhou a simpatia da cúpula nacional do PT e o apoio pessoal dos ex-presidentes petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff, mas enfrenta problema partidário e estaria sendo convencido a tentar renovar o mandato na Câmara Federal, o que parece mais adequado ao seu perfil político. E mais recentemente entrou nesse campo a deputada federal Eliziane Gama, que em pelo menos duas pesquisas aparece muito bem situada entre os mais votados. A deputada sabe que a disputa será dura e estaria até mesmo disposta fazer uma corrida solitária, afastada dos grupos políticos tradicionais.
A definição da chapa situacionista vai depender, portanto, da engenharia polpitica a ser posta em prática pelo governador Flávio Dino, que até incentivar a ora organização de duas chapas para acomodar os quatro pré-candidatos.
No Grupo Sarney a situação também é complicada e dependerá de um grande entendimento articulado por seus líderes. A tendência inicial era a de que os senadores pemedebistas Edison Lobão e João Alberto fossem candidatos naturais à reeleição, mas a entrada do deputado federal Sarney Filho quebrou o acordão ao se lançar pré-candidato a senador como discurso de que a iniciativa é irreversível. Lobão tem dado sinais de que se ele não for candidato, a vaga será do seu filho e suplente Lobão Filho. Por esse rascunho, Joao Alberto ficaria de fora, mas o ex-governador, mesmo não estando impondo sua candidatura, não bateu ainda martelo sobre se vai ou não disputar a reeleição, preferindo que a situação se resolva sem crise.
Há no Grupo Sarney um forte clima de expectativa quanto ao futuro da ex-governadora Roseana Sarney, que é o nome mais viável do Grupo para disputar o Governo do Estado. Roseana estaria entre ser candidata aos Leões ou, numa hipótese muito remota, brigar por uma vaga no Senado, o que obrigaria o deputado Sarney Filho a rever seu projeto e se candidatar à reeleição, já que não há lógica nem possibilidade de sucesso os irmãos serem candidatos ao Senado. Mas se essa hipótese for colocada, o candidato natural ao Governo será o senador João Alberto, que topa a parada.
Além desses nomes, circulam nos bastidores ensaios de candidatura como o do ex-deputado federal Gastão Vieira, que para muitos tem mais futuro se tentar voltar à Câmara Federal; também o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), que é bem cotado inclusive para governador; o ex-juiz Márlon Reis, que deixou a magistratura para encarar as urnas;
o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), que não esconde a aspiração de dar um passo mais largo; o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastiao Madeira (PSDB), que embora tenha de “arquivado” o projeto senatorial, poderá rever sua decisão se um cavalo selado passar à sua frente em direção ao Senado.
PONTO & CONTRAPONTO
Governo Federal quebra acordo e pode instalar o caos nas Prefeituras do Maranhão
Num golpe sem precedentes nas relações institucionais de Brasília com outros entes federativos, o Governo da União poderá instalar o caos nas finanças dos municípios do Maranhão. Motivo: Brasília não cumpriu acordo firmado com a Famem, intermediado pela bancada federal, e publicou, na quinta-feira (6), a Portaria nº 823/2017 autorizando o desconto de R$ 177 milhões das contas das Prefeituras maranhenses referentes ao ajuste anual do Fundeb de 2016. A medida também atinge o Governo do Estado, que perderá de R$ 47 milhões.
O desconto deverá ser feito até o fim da próxima semana, o que causará um enorme déficit financeiro nos municípios alcançados pela medida considerada drástica e desleal pelos que ajudaram a negociar o acordo feito há pouco mais de um mês. O maior prejuízo será para o setor educacional, a começar pelos professores, que serão atingidos nos seus salários.
Em abril, durante da decisão do Governo Federal de descontar o que fora pago a mais com o ajuste do Fundeb, o presidente da Famem e prefeito de Tuntum Cleomar Tema liderou um grande movimento para que a medida fosse revista, tendo mobilizado a bancada federal, que compreendeu a gravidade da situação e promoveu uma grande articulação com as autoridades federais. Após entendimentos, o Governo Federal se comprometeu a editar uma Medida Provisória parcelando, em 10 ou 12 parcelas, dos R$ 177 milhões, evitando o desconto de uma só vez, o que prejudicaria gravemente as já combalidas finanças municipais.
Como uma ação preventiva, a Famem e o Governo do Estado ingressaram na Justiça com uma ação destinada a reverter os efeitos da Portaria baixada pela União. Caso a decisão não seja modificada e o entendimento do Governo Federal for mantido, um verdadeiro caos financeiro irá instalar-se nas Prefeituras maranhenses, penalizando diretamente todos os agentes inseridos no contexto do setor da educação.
Chama atenção o fato de uma decisão como essa seja tomada nos gabinetes de Brasília no momento em que o presidente da República – e por via de desdobramento todo o Governo – corre o risco de ser degolado por falta de apoio político e parlamentar.
Em Tempo: A lista contendo os nomes dos municípios e suas perdas está disponível no www.famem.org.br
Roberto Rocha se movimenta e sai bem nas fotos
Enquanto seus desafetos políticos se desdobravam criticando seus movimentos em Brasília, o senador Roberto Rocha não perdeu uma só oportunidade de ocupar espaço e aparecer bem nas fotos. Primeiro foi brindado com a relatoria sobre a indicação, pelo presidente Michel Temer, da procuradora federal Raquel Dodge para suceder a Rodrigo Janot no poderoso cargo de procurador geral da República. No seu relatório, apresentado à Comissão de Constituição e Justiça, que irá sabatiná-la, Rocha não apenas destacou a sua trajetória como lhe reconheceu os méritos de maneira enfática e equilibrada. Na sexta-feira, o senador do PSB foi um dos primeiros a chegar ao Palácio do Planalto para cumprimentar o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), que assumira a presidência da República. Os dois episódios são reveladores de que o senador Roberto Rocha se movimenta para exercer integralmente o seu mandato.
São Luís 07 de Julho de 2017.