Pouco mais de 21 meses depois de comandar uma espetacular vitória nas urnas, que o elegeu em 1º turno num pleito limpo, e não teve uma só contestação na Justiça, o governador Flávio Dino (PCdoB) tem pela frente, daqui a dois meses e meio, o seu primeiro grande teste eleitoral como chefe de Estado e figura maior do novo cenário político do Maranhão. Consciente de que a eleição de prefeitos (217) e vereadores (2.372) forma a base para as eleições gerais de 2018, o governador se movimenta no sentido de fortalecer os grupos que o apoiam até aqui. Ele opera para manter o suporte político-partidário que dá sustentação ao seu Governo, o que só será possível se os seus aliados saírem vencedores nas eleições de outubro, principalmente nos grandes centros, como São Luís, Imperatriz, Caxias, Timon, Pinheiro, Bacabal, Balsas, Codó e Barra do Corda, por exemplo, como também nos mais pobres, como Pedro do Rosário, Lajeado Novo e Brejo de Areia, entre outros. Se sair vencedor do que será uma verdadeira guerra pelo voto, Flávio Dino estará cacifado para dar voo mais alto em 2018 num grande projeto político nacional, mas se o desempenho dos seus comandados e aliados for abaixo da expectativa, a sua caminhada deverá sofrer uma profunda revisão.
Alguns observadores preveem que, devido à forte presença política do governador em todos os recantos do Estado, as eleições municipais se darão com o ânimo de um embate entre o grupo hoje no poder no Maranhão e o Grupo Sarney, que saiu duramente derrotado nas eleições de 2014. Essa polarização dará ao pleito um forte toque plebiscitário em relação ao Governo do Estado. A desenvoltura dos agentes políticos liderados pelo governador – a começar pelo secretário de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry, que preside o PCdoB -, que operam no sentido de fortalecer seus partidos contribui decisivamente para esse clima de beligerância política, dando ao pleito de outubro um caráter quase excepcional.
No grande debate que antecede a corrida às urnas, as vozes palacianas trabalham intensamente para mostrar que o Maranhão “vive hoje uma nova realidade”, afirmando enfaticamente que o atual Governo do Estado tem um projeto ambicioso em curso, que as suas ações e os seus gastos são transparentes, que apesar da crise que vem emagrecendo a receita e exigindo reengenharia permanente para que os parcos recursos públicos sejam aplicados em programas sociais necessários e também em infraestrutura e serviços essenciais. O tom da publicidade oficial é o de que o Maranhão está experimentando uma revolução. Por outro lado, sem fazer um coro capaz de transformar suas críticas, contestações e denúncias em fatos, as vozes da oposição tentam mostrar o contrário, pois suas manifestações não conseguem eco suficiente para sequer inibir o discurso oficial, que aos poucos vai se firmando.
PCdoB, PDT e PSB, que são os mais importantes partidos da base política do governador Flávio Dino, carregam nos ombros a responsabilidade de ganhar prefeituras os grandes colégios eleitorais. E pelo menos neste primeiro estágio da corrida, quando os pré-candidatos se preparam para serem sagrados pelos seus partidos, os sinais favorecem expressivamente as forças governistas. Em São Luís, por exemplo, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) vem crescendo com consistência, e na avaliação de observadores tarimbados tem todas as condições de reeleição, já que até sua rejeição já caiu mais de dez pontos percentuais. A reeleição do prefeito de São Luís tornará Flávio Dino o primeiro governador que elege o prefeito da Capital desde que a eleição para prefeito de Capital foi restaurada em 1985, pleito vencido por Gardênia Castelo; em 1988 o eleito foi o pedetista Jackson Lago contra Carlos Guterres (PMDB), candidato do então governador Epitácio Cafeteira; em 1992, São Luís elegeu Conceição Andrade (PSB) contra João Alberto (PMDB), este apoiado pelo governador Edison Lobão; em 1996, Jackson Lago, de oposição ao Governo e reeleito em 2000; em 2004, Tadeu Palácio se reelegeu; em 2008 João Castelo, também de oposição, se elegeu, mas perdeu para Edivaldo Jr. em 2012, que teve o apoio do então deputado federal Flávio Dino.
Além de Edivaldo Jr, em São Luís, o governador tem candidatos competitivos e favoritos em Imperatriz (Rosângela Curado [PDT]), em Caxias (Leo Coutinho [PSB]), em Timon (Luciano Leitoa [PSB]) e em outros municípios de grande peso eleitoral e político. O quadro indica que, pelo menos até aqui, ele tem condições de sair da corrida às urnas politicamente fortalecido, credenciado, portanto, para se consolidar no comando da política estadual e com forte influência no plano nacional, principalmente na seara das esquerdas.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha abre o jogo e esclarece posição do PSB na corrida para a Prefeitura de São Luís e descarta Bira do Pindaré
As dúvidas quanto a participação do PSB na corrida eleitoral em São Luís caíram todas na reveladora entrevista concedida pelo senador Roberto Rocha à jornalista Carla Lima e publicada na edição de fim de semana de O Estado ao Maranhão. Colocado elegantemente contra a parede, Roberto Rocha transformou o suposto acordo com a deputada federal Eliziane gama (PSB) num boato sem sentido, e matou todas as especulações ao afirma categoricamente que o PSB vai se atrelar na locomotiva partidária a ser liderada o pelo prefeito Edivaldo Jr. em busca da reeleição, assegurando que a amizade pessoal e política com o chefe do Executivo municipal nunca foi sequer arranhada. E para quem ainda insistia na possibilidade de o PSB vir a lançar a candidatura do deputado Bira do Pindaré, ele foi taxativo, e com visível má vontade: chance zero. Não revelou quem o partido indicará para vice, deixando no ar a forte especulação de que será vereador Roberto Rocha Jr., seu filho. Nas suas poucas palavras sobre o tema Bira do Pindaré, o senador demonstrou evidente mal estar, demonstrando algum ressentimento e vontade de encerrar o assunto. Pelo que deixou claro, Bira do Pindaré perdeu o vagão do PSB para Edivaldo Jr. quando tentou impor sua candidatura com o aval da direção estadual e do comando nacional, quando, segundo o senador, o estatuto do partido reza que candidatura a prefeito é resolvida pelo Diretório Municipal. Em outras palavras: Bira do Pindaré tentou passar por cima da sua autoridade partidária, o que caracterizou uma afronta inadmissível. Ao partir para o embate com Roberto Rocha, Bira do Pindaré, provavelmente sustentado no seu cacife politico e eleitoral, adotou uma estratégia de alto risco, ignorando o poder de fogo de um senador dentro de um partido no Brasil atual. Poderia negociar humildemente, pedindo bênção, mas preferiu medir forças e perdeu. Vista por outro ângulo, a estratégia de inviabilizar a candidatura de Bira do Pindaré acabou sendo um grande serviço prestado pelo senador Roberto Rocha ao prefeito Edivaldo Jr., à medida que tirou no cenário um candidato que provavelmente lhe criaria embaraços durante a campanha.
Equilíbrio e feeling político de Humberto Coutinho garantiram normalidade na Assembleia Legislativa durante semestre
Assembleia Legislativa entra de recesso branco nesta segunda-feira depois de ter vivido um dos semestres mais tranquilos dos últimos tempos, em que pesem as crises política e econômica nacionais, o envolvimento dos deputados na corrida para as eleições municipais e todas as bombas que foram armadas para estourar no Plenário Nagib Haickel. Uma delas foi a greve dos servidores, que ocupou as preocupações da Mesa Diretora, mas que foi resolvida num entendimento longa e cuidadosamente negociado, terminando com a retirada do pavio aceso. Outra bomba foi a “crise das emendas”, resultado de uma relação mal resolvida entre as bancadas – aí incluídas as governistas – e o Palácio dos Leões, que vem sendo resolvida aos poucos, derrubando convicções de que não haveria solução. Em todas as situações e em todos os momentos de tensão, o ponto de equilíbrio e espaço de bom senso e solução foi o gabinete do presidente Humberto Coutinho (PDT). Nenhuma situação administrativa ou política que envolveu deputados, bancadas ou grupos de pressão ocorrida no Palácio Manoel Bequimão escapou ao controle e à influência do presidente da Casa, que com habilidade, paciência e um aguçado feeling político, daqueles só identificado em raposas felpudas, desembrulhou todos os pacotes de explosivos que aterrissaram no seu birô de trabalho. Nas questões envolvendo parlamentares e o Governo, sua ação como interlocutor da Casa com o Palácio dos Leões foi sempre decisiva. E diferentemente de outras lideranças fortes que comandaram a Assembleia Legislativa, sempre prontas a trombetear suas conquistas, o atual presidente do parlamento estadual se movimenta de maneira discreta, sem alarde, mais preocupado em alcançar resultados concretos e positivos com as articulações do que usar seu poder de fogo nessa seara para espetacularizar conquistas. Com um estilo que ele mesmo apelidou de “feijão com arroz”, o deputado Humberto Coutinho até aqui justificou plenamente sua eleição e reeleição para o comando do Poder Legislativo. Com a disposição e a quase obsessão de quem faz política “24 horas por dia e todos os dias”, vai para o recesso branco até 1º de agosto disposto também a recarregar suas baterias para os dias difíceis, atribulados e tensos que virão com a corrida eleitoral.
São Luís, 16 de Julho de 2016.
E também sairá vitorioso nas eleições para prefeito. Edivaldo tem tudo para ganhar e possui o mais importante agrada ao povo e tem o apoio politico necessario.