A serem exatos – ou pelo menos próximos da realidade – os números encontrados pelo instituto Escutec sobre a avaliação da atual gestão de Imperatriz, o prefeito Sebastião Madeira (PSDB) caminha para fechar seus oito anos com um dos piores desempenhos que se tem notícia no comando daquela Prefeitura até aqui. De acordo com o Escutec, pesquisa recente revela que o tucano Sebastião Madeira é aprovado por 27,5% da população e reprovado por 71,7%. É sabido que há prefeitos em situação, com baixo percentual de aprovação, mas a reprovação do prefeito tocantino, sete anos e cinco meses após 89 meses de gestão é uma das mais elevadas que se tem notícia. E, mais do que ser sintoma de que a segunda maior e mais importante cidade do Maranhão, está em curso um desastre administrativo que tem como principal responsável o prefeito Sebastião Madeira, um político com bom lastro, que sonhava disputar o Senado, mas que diante da revelação estatística, corre o risco de tentar um retorno à Câmara Federal ou vestir o pijama e se dedicar às suas memórias.
É curiosa a situação do prefeito de Imperatriz. Isso porque, mesmo de um partido hostilizado pelas forças que dominam o cenário político do Maranhão – de um lado o Grupo Sarney capitaneado pelo PMDB, e de outro o PDT, que tinha como líder inconteste ex-governador Jackson Lago – Madeira conseguiu se equilibrar na corda bamba política. No seu primeiro mandato, conseguiu firmar uma improvável aliança com a governadora Roseana Sarney (PMDB), articulada e alimentada pelo então secretário chefe da Casa Civil, Luis Fernando Silva, que depois assumiu a pasta da Infraestrutura, ampliando a aliança com o tucano. O resultado foi uma serie de obras, que lhe deram boa avaliação no primeiro mandato e o levaram à reeleição. A providencial aliança com Roseana se transformou em apoio declarado à candidatura de Luis Fernando ao Governo do Estado, posição que manteve até a desistência do secretário, a três meses das convenções para pleito geral de 2014, no qual acabou declarando apoio ao candidato Flávio Dino (PCdoB), com quem até aqui tem tido uma relação de altos e baixos, tanto que não é muito festejada pelos porta-vozes.
Nas eleições de 2012, reelegeu-se na esteira da boa relação com o Governo Roseana Sarney, mas a verdade é que vem sofrendo um processo de isolamento no Governo Flavio Dino, do qual conseguiu algumas parcerias, que, no entanto, não resultaram em compromisso político. Junto com a perda de força administrativa, Madeira vem perdendo também força política. A virada em Brasília pode até estancar esse processo de fragilização, mas não suficiente para lhe permitir uma recuperação rápida, de modo a participar, com alguma influência, da disputa para a sua própria sucessão. Os nomes a ele ligados têm os piores percentuais de intenção de voto. O mais provável é que participe da campanha de maneira discreta e pouco influente.
Médico por formação, que teve como guru o então deputado federal Cid Carvalho (PMDB), que na primeira corrida à Prefeitura, nos anos 80 do século passado, lhe cunhou o célebre slogan de campanha “Madeira neles!”, Sebastião Madeira é um dos mais hábeis e experientes políticos maranhenses na segunda metade do século passado. Depois de duas tentativas mal sucedidas, elegeu-se prefeito em 2008 numa traumática e polêmica disputa em que teve como adversário o empresário, ex-interventor e ex-prefeito Ildon Marques, numa campanha em que houve de tudo, inclusive a denúncia, nunca comprovada, de que o tucano teria contratado um pistoleiro para liquidar o adversário que deveria vencer nas urnas. Assumiu a Prefeitura de Imperatriz em janeiro de 2009, na esteira de uma bem sucedida carreira como deputado federal, um dos quais coincidiu com o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, período em que reinou na região da chamada Grande Imperatriz com o peso político das emendas parlamentares que conseguiu liberar e com as pequenas obras conseguidas com a boa vontade dos aliados que ocupavam na época a Esplanada dos Ministérios.
O Sebastião Madeira de agora é bem diferente do político que assumiu a Prefeitura há sete anos e meio como a grande esperança de Imperatriz e da Região Tocantina, visto como o líder que criaria o Maranhão do Sul. Parece bem menos forte politicamente do que antes, embora seja precipitado e incorreto concluir que seu projeto imediato seja a aposentadoria.
PONTO & CONTRAPONTO
Parque Independência: mal-estar entre criadores e Governo
Um ofício disparado ontem da Secretaria de Estado de Gestão e Previdência repetiu uma situação de tensão e constrangimento nas relações entre o Governo do Estado e a classe produtora ocorrida em 2017, mais ou menos no mesmo período. No ofício de ontem, disparado com o aval do Palácio dos Leões, a secretária adjunta de Gestão e Previdência, Maria de Lourdes Bastos Ribeiro, comunica ao presidente da Associação dos Criadores do Maranhão, Assub Neto, que ele deve entregar as chaves do Parque Independência em 24 horas a contar da hora do recebimento da comunicação. Em 2007, o ofício, autorizado pelo então governador Jackson Lago (PDT), aterrissou no gabinete do então presidente da Associação dos Criadores, Cláudio Azevedo. Tanto naquele momento quanto agora, a exigência do Governo do Estado para que a Associação dos Criadores entregue o Parque Independência causou um tremendo mal-estar entre o Palácio dos Leões e os produtores. Em 2007, a iniciativa do Governo Jackson Lago gerou larga repercussão, com manifestações de alguns segmentos da classe patronal, mas sem que o Governo voltasse atrás. O Parque voltou para o controle da Associação dos Criadores no Governo Roseana Sarney, que lhe devolveu em forma de comodato. Agora o Governo quer o Parque de volta e, pelo tom do ofício da secretária adjunta de Gestão e Previdência, a devolução terá de ser feita sem acordo, sem conversa e fim de papo.
Para lembrar: o Parque Independência abrigou, por décadas, a célebre Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema), que durante muitos anos foi item de destaque no calendário festivo de São Luís, durante o qual o setor produtivo fazia negócios e a população se divertir com a exposição de gado e cavalos e shows sertanejos que atraiam milhares. A Expoema teve seu ponto alto em meados dos anos de 1980, durante o Governo Luis Rocha, quando o Parque Independência explodia em festa.
Ribamar Alves entre os 100 melhores prefeitos do país?!
Depois de sair chumascado de uma até agora mal explicada acusação de violência sexual contra uma estudante de 18 anos, tendo amargado semanas na cadeia, o prefeito de Santa Inês, Ribamar Alves (PSB), reapareceu em “grande estilo”. Informação amplamente divulgada registrou que ele foi “diplomado” por uma certa Associação Nacional dos Prefeitos e Vice-prefeitos da República federativa do Brasil (ANPV), que o apontou como um dos 100 melhores prefeitos do país, destacando-se em sustentabilidade, meio ambiente, segurança pública e combate às drogas. Nada contra a homenagem, se ela fosse honesta e baseada em informações acreditadas sobre o desempenho do prefeito de Santa Inês. A “láurea” concedida ao prefeito de Santa Inês deixa no ar uma sensação de reconhecimento remunerado, do tipo de muitas “homenageadoras” que atuam por aí. A Coluna não tem interesse em desqualificar a gestão do prefeito Ribamar Alves, mas suspeita fortemente de que ele esteja, de fato e por mérito, entre os 100 melhores no universo dos 5.570 prefeitos brasileiros. Isso porque não se tem conhecimento de que em Santa Inês esteja em curso programa bem sucedido que estimula a cultura da sustentabilidade; que ali esteja em andamento um programa excepcional de preservação do meio ambiente; que por ação da Prefeitura Santa Inês seja uma das cidades mais seguras da região; ou que o prefeito Ribamar Alves esteja entrando para a história por conta de um programa eficiente e exemplar de combate às drogas. Ao contrário, Santa Inês, um entroncamento de economia vibrante, parece enfrentar problemas sérios naquelas e em outras áreas. Uma pena que não dê para aplaudir o prefeito Ribamar Alves.
São Luís, 01 de Junho de 2016.