Silêncio de Michel Temer sobre Lula e Dilma tem explicação: PMDB se prepara para se afastar do Governo

 

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Temer: quer PMDB no ministério, mas cm bancada livre para votar como quiser

Fazia todo sentido o silêncio do vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, em relação ao vazamento do bombástico depoimento em delação premiada do senador mato-grossense Delcídio do Amaral (ex-PT), durante as três horas que passou em São Luís na última quinta-feira falando de crise, pregando união nacional pela estabilidade em encontro com a juventude do PMDB maranhense e em reunião com líderes pemedebistas na residência do senador João Alberto, presidente do PMDB do maranhão e do Conselho de Ética do Senado. Conforme registro da Coluna, o vice-presidente fez de conta que o terremoto político de quinta-feira – que atingiu fortemente a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula (PT) – simplesmente não estava acontecendo. Michel Temer pareceu estar protagonizando um enredo ensaiado de quem está se preparando para uma guinada de 360 no cenário político nacional. Na verdade, Michel Temer colocava em prática uma estratégia em que interpretava o sentimento da maioria dos líderes do PMDB – inclusive os do Maranhão -, entre os quais já é dominante a vontade de desembarcar urgentemente do governo do PT, de preferência herdando o comando da Nação pelo impedimento da presidente da República.

Nas últimas semanas, o vice-presidente da República e cacique maior do PMDB não fez outra coisa além de conspirar para a derrubada do governo petista, com o cuidado de se apresentar como uma voz capaz de pacificar a República conflagrada e dar um novo rumo ao país. E nas últimas 48 horas, assumiu de vez o movimento conspirador ao revelar que na convenção que se aproxima, o PMDB deve aprovar uma “posição de independência” em relação ao governo da presidente Dilma. Os pontos básicos da tal “posição de independência” são os seguintes: o PMDB continua formalmente aliado do governo, mantém seus representantes (são sete) no Ministério, mas deixará seus deputados federais e seus senadores livres para votarem as propostas do Governo “de acordo com as suas consciências”.

O silêncio de Michel Temer em relação à pancadaria sofrida pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma já era, portanto, uma estratégia do PMDB. Tanto que foi mantido também pelos líderes pemedebistas do Maranhão – a ex-governadora Roseana Sarney, o senador João Alberto, o senador Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney não se manifestaram sobre o assunto. Os três primeiros poderiam explicar o seu silêncio com vários argumentos – Roseana e Lobão continuam como investigados na Operação Lava Jato e João Alberto preside o Conselho de Ética do Senado -, mas a grande surpresa foi o silêncio do ex-presidente José Sarney, principalmente em relação à condução coercitiva do ex-presidente Lula, ordenada pelo juiz Sérgio Moro, chefe da Operação Lava Jato. Em outra circunstância, Sarney provavelmente reagiria criticando o uso da força e a maneira como o ex-presidente Lula foi tratado. Agora, só um imperativo político – como a possibilidade de queda da presidente Dilma – o faria manter esse silêncio que parece gritar. A postura alcançou deputados estaduais e os deputados federais João Marcelo e Hildo Rocha e contaminou a bancada estadual.

Todas as evidências indicam que o PMDB enxergou o desfecho da crise política que vem colocando as instituições democráticas em processo de fragilização. A visualização deve ter acontecido exatamente quando a revista IstoÉ trouxe a público o teor do suposto depoimento em delação premiada do senador Delcídio do Amaral. E certamente foi ampliada quando na manhã seguinte aconteceu a condução coercitiva do ex-presidente Lula. As manifestações e articulações do fim de semana, com a subida de tom do discurso das forças de oposição, reforçaram o discurso do vice-presidente Michel Temer em favor da estabilidade, levando o chefe maior do PMDB a defender uma posição de independência em relação ao governo. A impressão que dá é a de que as forças de oposição estão fazendo de tudo para tirar o PMDB da seara governista, ou pelo menos neutralizá-lo, deixando a base do governo petista mais fragilizada, colocando seriamente em risco o mandato da presidente Dilma Rousseff.

A postura do presidente pemedebista se confirma agora, quando a crise ganha mais um impulso e o PMDB começa a desenhar de fato a ponte por meio da qual pode chegar de novo ao poder. Se isso vier a acontecer e o vice-presidente se torne presidente, o ex-presidente será, mais uma vez, o mais importante conselheiro da República, voltando a desfrutar de poder de fato e a exercê-lo na sua plenitude.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Paço do Lumiar: Ex-prefeito Gilberto Aroso pode ser preso
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Aroso: a um passo da prisão

O ex-prefeito de Paço do Lumiar, Gilberto Aroso, que se anuncia como candidato a novo mandato, poderá ser preso a qualquer momento. A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), decidiu ontem, manter sentença da juíza da Comarca de Paço do Lumiar, Jaqueline Reis Caracas, pela condenação dele e do ex-presidente da Central de Licitação daquele município, Roberto Campos Gomes.  A pena aplicada para cada um é de seis anos e três meses de reclusão, por crimes contra a Lei de Licitações. O processo teve como relator o desembargador João Santana. A pedido do procurador Eduardo Jorge Nicolau Hiluy, a 1ª Câmara Criminal do TJMA determinou também a prisão de Gilberto Aroso e Roberto Campos Gomes, tendo em vista recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o início de cumprimento de pena de prisão após a confirmação da sentença em julgamento colegiado. Gilberto Aroso e Roberto Campos foram denunciados pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) por fraude na montagem de licitações. Para dar aparência de regularidade aos processos licitatórios, era providenciada a inclusão fraudulenta dos avisos de licitação apenas na versão eletrônica do Diário Oficial com datas retroativas. Em seu voto, o desembargador João Santana afirmou que ficou comprovada a materialidade do crime o fato de que o ex-prefeito e seu auxiliar terem contribuído, de forma decisiva, para frustrar a legalidade de processos licitatórios. O desembargado Raimundo Melo – revisor do processo – acompanhou o voto do relator e assinalou que a divulgação do processo de licitação não ocorreu de maneira não ocorreu de maneira ampla, correta e transparente, não constando na versão impressa do Diário Oficial nem na versão disponível na internet, por ocasião da perícia técnica feita pela Polícia Federal. O entendimento do relator do processo foi seguido, também, pelo desembargador José Luiz Almeida, membro do colegiado.

 

Disputa Andrea Murad/Fábio Câmara vai agitar o PMDB
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Andrea Murad e Fábio Câmara: disputa

Repercutiu fortemente no meio político de São Luis o anúncio de que a  deputada estadual Andrea Murad  (PMDB) será candidata à Prefeitura de São Luís. A repercussão maior foi entre os partidários da pré-candidatura do vereador Fábio Câmara, que preside o Diretório do PMDB em São Luís. A Coluna não conseguiu contato com a parlamentar, mas três fontes “graúdas” do PMDB confirmaram que o projeto é para valer e que a ideia é definir quem será o candidato do PMDB antes das convenções. A briga entre Fábio Câmara e Andrea Murad vai acontecer entre abril e maio, de modo a que a convenção seja apenas uma grande festa homologatória do candidato previamente escolhido.

 

São Luís, 08 de Março de 2016.

3 comentários sobre “Silêncio de Michel Temer sobre Lula e Dilma tem explicação: PMDB se prepara para se afastar do Governo

  1. Gostaria de destacar a CORAGEM e o COMPROMETIMENTO com o povo luminense do ex-prefeito e economista AMADEU AROSO. Um cidadão que ao longo dos mais 35 anos de vida pública sempre procurou combater essas práticas em todos os cargos que ocupou em nosso Estado. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando ele foi secretário de Fazenda do então prefeito de São Luis, Roberto Macieira. Amadeu é conhecido por seu um homem de posições firmes, pois mesmo sendo o seu sobrinho, mas diante do seu compromisso com moralidade e a probidade com a coisa pública, ¨cortou na própria carne¨, em não compactuar com os desmandos cometidos por Gilberto Aroso (seu sobrinho), quando denunciou em 2006 ao Ministério Público o esquema que o mesmo havia montado para fraudar os processos licitatórios. Além disso, demonstrou que não compactua com os erros ou irregularidades de onde venha, fortalecendo o seu compromisso com a verdade e deixando de forma explicita a sua vontade de dias melhores para Paço do Lumiar. Quero fazer esse registro não somente pela amizade que temos, mas por exercer o seu compromisso como cidadão!

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