Três partidos importantes no tabuleiro do xadrez político do Maranhão chegam ao pós-Carnaval mergulhados num surpreendente clima de indefinição em relação à corrida para a Prefeitura de São Luís. PMDB, PSDB e PSB caminham para o processo eleitoral como agremiações em crise, sem comandos efetivos que definam o rumo que elas seguirão. Parece sofrer as consequências de lutas internas, que tiram o poder de decisão das suas cúpulas e passam para o eleitorado a impressão de que as dificuldades de entendimento doméstico são maiores do que as suas condições de enfrentar adversários na corrida às urnas. Para muitos, é inacreditável que essas agremiações partidárias exibam tanta fragilidade a oito meses de eleições que serão decisivas para o futuro de cada uma delas, já que a força principal dos partidos está no número de prefeitos e vereadores que detém. Nesse contexto, tem peso importante no portfólio de um partido eleger o prefeito da Capital ou, pelo menos, sair das urnas com seu candidato a prefeito embalado por uma boa votação, numa demonstração de força eleitoral. PMDB, PSDB e PSB parecem desligados desses itens que formam a grande equação que fortalece os partidos.
O PMDB é, ainda, o maior e mais forte partido político do Maranhão, com um bom número de prefeitos e vereadores e com poder de fogo para se dar bem num expressivo número de prefeituras. Em relação a São Luís, o partido poderia ter definido uma estratégia capaz de lançar um candidato em condições de disputar de igual para igual com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e com a deputada federal Eliziane Gama (Rede). Com seus medalhões – Roseana Sarney, João Alberto, Lobão Filho, Ricardo Murad e Max Barros – de fora, o partido não soube selecionar quadros da nova geração para avançar. Mandou o deputado Roberto Costa, seu nome mais promissor na Capital, disputar a Prefeitura de Bacabal, não deu importância às pertinentes provocações da deputada estadual Andrea Murad e teve de se dobrar à saudável ousadia do vereador Fábio Câmara. Só que imediatamente após entregar o braço municipal do partido a Câmara, o senador João Alberto declarou, em entrevista a O Imparcial, que o vereador terá de se viabilizar, porque o partido também avalia a possibilidade de entrar no cordão partidário puxado pelo prefeito Edivaldo Jr.. Não estivesse com aspas, seria difícil acreditar que o presidente do partido deu tal declaração. Em resumo: no momento, o PMDB está dizendo que se Fábio Câmara não se mostrar viável, o partido baterá às portas do Palácio de la Ravardière e oferecerá sua força ao prefeito.
No PSDB a situação é parecida, com a diferença que o partido tem um candidato forte e competitivo, o ex-prefeito e atual deputado federal João Castelo. A situação no ninho dos tucanos é a seguinte: de um lado, João Castelo e um grupo expressivo do partido brigam para lançar o ex-prefeito como candidato; de outro o presidente da agremiação, vice-governador Carlos Brandão, puxa brasa para levar os tucanos para as fileiras do prefeito Edivaldo Jr.. O movimento de Castelo tem a simpatia do tucanato nacional, que já emitiu vários sinais de que o quer como candidato. No contrapeso, Brandão se desdobra para manter o partido na esfera de influência do governador Flávio Dino (PCdoB), que trabalha discretamente pelo fortalecimento do prefeito. Muitos tucanos de proa e a ala mais jovem do partido começam a agir em defesa do projeto de candidatura de João Castelo. Os partidários da posição defendida pelo vice-governador já dão como certa a aliança do PSDB com o PDT. Mais ainda: se levar a melhor, o vice-governador Carlos Brandão levará só metade do partido para Edivaldo Jr., porque Castelo até hoje não digeriu a derrota de 2012 e, provavelmente com seu grupo, declarará apoio a outro candidato.
O caso mais curioso é o do PSB, que, ao contrário do PMDB – que tem um pré-candidato que precisa viabilizar – se – e do PSDB – que tem um candidato forte, mas sem o apoio da cúpula – está em crise exatamente por ter vários candidatos com nome e força política e potencial eleitoral para participar da corrida sucessória em São Luís: o senador Roberto Rocha, o deputado estadual Bira do Pindaré e o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares. O aspirante mais assumido é Bira do Pindaré, que tem dito e repetido que quer ser o candidato do PSB, mas os seus acenos não estão sensibilizando os comandantes do partido. O senador Roberto Rocha andou declarando, sem muita convicção, que pode ser candidato, mas nos bastidores o que corre é que ele quer mesmo é emplacar o vereador Roberto Rocha Filho como candidato a vice- prefeito numa chapa forte, que pode ser a do prefeito Edivaldo Jr. ou a da deputada Eliziane Gama. Já o ex-governador José Reinaldo, que poderia ser o candidato a prefeito, já declarou apoio à Eliziane Gama, deixando claro que não fecha com Roberto Rocha nem com Bira do Pindaré. Recentemente, Pindaré ouviu da direção nacional do PSB, em Brasília, que o partido tem de ter candidato em São Luís, mas a manifestação foi recebida com absoluta indiferença pelo senador Roberto Rocha e pelo deputado federal José Reinaldo. Bira do Pindaré já trabalha com a possibilidade de mudar de partido para ser candidato.
É verdade que o jogo para a definição de candidaturas começa agora, mas nada indica que PMDB, PSDB e PSB resolvam suas diferenças e escolham candidatos num processo normal.
PONTO & CONTRAPONTO
Troca de nomes: parece antipática, mas é legal
O governador Flávio Dino está pagando preço alto por cumprir uma regra constitucional já regulamentada por Lei Federal: renomear prédio ou espaço público batizado com nome de pessoas vivas. De acordo com levantamento feito pelo jornalista Diego Emir, nada menos que 37 estabelecimentos públicos já foram rebatizados. Chama atenção, naturalmente, que o ex-presidente José Sarney tenha tido seu nome retirado de sete estabelecimentos, para que esses recebessem novos nomes. Mesmo levando em conta o fato de que a mudança está rigorosamente assentada em bases legais e que não há como contestá-la, rebatizar uma escola de periferia porque ela se chamava José Sarney parece não fazer sentido algum. Afinal, o José Sarney político foi deputado federal, governador do Maranhão, senador, presidente da República e presidente do Senado da República e do Congresso Nacional quatro vezes; e o Sarney intelectual é escritor consagrado, com livros publicados em quase uma dezena de idiomas, o que o levou à Academia Brasileira de Letras. Não existe na história do Maranhão alguém com uma biografia mais rica, o que lhe dá estatura suficiente para nomear qualquer prédio público no Maranhão. Mas existe um ditame na Constituição Federal que proíbe esse batismo, e não há como reverter isso, já que a norma é explícita e não deixa brecha para exceções. Assim, independente do ânimo que está lhe movendo, se aprova ou não a regra o governador Flávio Dino está fazendo o que manda a lei. O que muita gente avalia é que essa regra é tola, burra e absolutamente inócua. Bastaria a definição de alguns critérios bem pensados e por meio dos quais se evitaria, por exemplo, que o prédio do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão fosse batizado de “Governadora Roseana Sarney Murad”. (No caso, primeiro pecaram grosseiramente os conselheiros de então – parte deles ainda está no Tribunal – ao escolher o nome da nova casa. Depois, pecou a própria governadora, que talvez mal aconselhada pela vaidade, não chamou os chefes da Corte à razão e ao bom senso, correndo o risco de amargar o vexame que amargou ao ver seu nome apagado da fachada da sede do TCE). Critérios bem amarrados inibiriam os excessos e evitaria o constrangimento. Identificar os decretos do governador do Estado tratando dessa troca de nomes como perseguição política não é correto. É chato, constrangedor, parece retaliação, mas é uma medida legal, em relação à qual não cabe discussão.
A explicação é simples, todos esses candidatos postos nessa matéria, não tem chance alguma de vencer as eleições, a não ser que sejam como vice, por isso estão avaliando como não vencer, mas sair com alguma vantagem para o futuro.
Desses ai, nenhum me inspira confiança, não votaria em nenhum deles! Tim que está ganhando não se mexe.