A disputa pela Prefeitura de São Luís pode ganhar uma forte injeção de ânimo e ter alterado o cenário em que atualmente estão consolidados o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e a deputada federal Eliziane Gama (Rede) se o deputado estadual Sérgio Frota, hoje no PSDB, entrar na briga para passar quatro anos no gabinete principal do Palácio de la Ravardière. Registrada em primeira mão no bem informado blog do jornalista Marco D`Eça, a possibilidade de Sérgio Frota vir a ingressar no PSL, a convite do seu presidente, vereador Chico Carvalho, com o projeto de ser candidato a prefeito chega no contexto da disputa como uma lufada de vento politicamente saudável. Primeiro porque entra no campo de enfrentamento eleitoral um político de cabeça arejada, que parece não estar contaminado pelos vícios e ranços da velha prática; e depois porque é um vencedor, adjetivo apropriado pelo vem realizando como empresário, pelos bons resultados eleitorais e, principalmente, pela guinada que vem dando no futebol maranhense capitaneando o Sampaio Corrêa.
Se vier mesmo a se inscrever como candidato a prefeito de São Luís, o deputado Sérgio Frota entrará na briga com alguns recursos que podem fazer diferença e colocá-lo em posição bem situada entra os pré-candidatos. O primeiro deles, é claro, a condição de presidente bem sucedido do Sampaio Corrêa que saiu do limbo e hoje disputa título com o Vasco da Gama e o Fluminense na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, podendo, por isso, atrair um caminhão de votos da maior torcida do futebol de São Luís. Frota também pode montar um bem armado grupo de apoio na Câmara Municipal, já que saiu do Palácio Pedro Neiva de Santa como um quadro que ali construiu boas relações, podendo contar com raposas felpudas da política municipal, como o vereador Chico Carvalho, que está oferecendo-lhe legenda, e o parceiro dele no PSL, o vareador Isaías Pereirinha – os dois conhecem como poucos o caminho das pedras por onde se chega ao eleitorado da São Luís da periferia.
No leque de recursos que podem embalar sua possível candidatura, Sérgio Frota – que é membro de uma família com história no universo comercial de São Luís -, é bem visto no meio empresarial, principalmente na esfera das empresas de médio porte, onde ocupou e consolidou um espaço respeitável como prestador de serviços na área de informática. Dispõe aí de um amplo ambiente para interlocução e ampliação do seu raio de ação política e com desdobramentos eleitorais. Frota tem bom trânsito também no meio artístico, e entre os candidatos nenhum tem estatura com parável à dele na seara esportiva, especialmente a do futebol. Nesse particular, o deputado ainda tucano se movimenta como uma espécie de mandarim, respeitado e admirado até mesmo pelos seus adversários, pois todos avaliam que ao turbinara Bolívia, ele estimula os de mais clubes a procurarem meios de entrar nesse embalo e com isso elevar o nível do futebol maranhense.
O namoro com o PSL vem do fato de que Sérgio Frota está no meio de uma guerra dentro do PSDB, onde o presidente do partido, vice-governador Carlos Brandão, quer os tucanos engajados ao projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr., e o deputado federal e ex-prefeito João Castelo quer entrar na disputa para tirar a prova dos noves com o prefeito nas urnas. Se entrar nessa guerra, Frota pode ser atropelado pelos tucanos mais emplumados, já que seu projeto de disputar a prefeitura entra em choque com os dois maiores caciques do partido. Nesse caso, o caminho mais seguro para sair candidato a prefeito será aproveitar a janela e mudar de partido sem o risco de perder o mandato. O PSL pode ser esse caminho.
Sérgio Frota sabe que se entrar na disputa majoritária o fará sem a mola do favoritismo nem numa posição confortável. Isso significa dizer que terá de construir, palmo a palmo, a estrada em direção à Praça Dom Pedro II e enfrentando candidatos pesos pesados como o prefeito Edivaldo Jr., que já ameaça alcançar a liderança nas pesquisas, a deputada Eliziane Gama, que ainda não deslancho e perde pontos a cada levantamento, e o ex-prefeito João Castelo, que se ganhar o PSDB entrará na corrida com dois dígitos de intenções de voto. É um grande desafio formado por vários obstáculos, que pode levá-lo a um bom desempenho ou a um tropeço gigantesco na sua incipiente mas até agora bem sucedida caminhada política. Mas para quem colocou o “Mais Querido” durante dois anos entre os 10 melhores da Segundona do Brasileirão, o desafio de chegar à prefeitura de São Luís é como um campeonato em que vence quem souber se movimentar melhor.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Especial: artistas homenageiam artistas e militante
Os organizadores do que foi batizado como “Carnaval de Todos” reforçaram o traço cultural da festança ao dar batizar palcos do circuito da folia na Madre Deus nomes de artistas, compositores e militantes culturais, numa homenagem que em alguns momentos provocaram fortes emoções nos artistas que se apresentaram e nos foliões que identificaram os homenageados.
Cantor e compositor que não dissocia arte de militância social, César Teixeira conviveu com algumas das pessoas homenageadas nos espaços destinados a programação do “Carnaval de Todos”. Após a apresentação no palco “Magno Cruz”, batizado em homenagem um ex-companheiro de caminhada na Sociedade Maranhense de Defesa de Direitos Humanos (SMDH), o autor de “Oração Latina”, considerado um hino dos movimentos sociais no Maranhão, definiu como um reconhecimento merecido a homenagem a pessoas como Magno Cruz, cuja história de vida foi marcada pela militância aguerrida que se concretizou em ações importantes como a atuação na fundação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN).
Além de César Teixeira que apresentou-se no primeiro dia de programação do Carnaval promovido pelo Governo do Maranhão e Prefeitura de São Luís, outros nomes de grande relevância no cenário cultural do Estado também viveram um momento especial a se apresentarem em espaços que homenageiam pessoas com as quais tiveram o privilégio de conviver como é caso de Nelson Brito, um dos fundadores do Laborarte (Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão) e que este ano foi incluído no circuito oficial do carnaval.
Autor de clássicos da música maranhense como “Engenho de Flores” cantada mais cedo no circuito Chico Coimbra, durante a apresentação do Bloco Tradicional “Os Baratas”, Josias Sobrinho foi uma das atrações do show realizado na noite da segunda-feira de Carnaval no palco “Nelson Brito”. Antes de subir ao palco, ele relembrou o período em que conviveu com Nelson Brito na caminhada de construção do Laborarte. “O nome Nelson Brito concretiza muitas das coisas que a gente observa hoje por aqui. Era meu amigo, estivemos juntos na luta pela consolidação do Laborarte ele representa esta luta constante pela valorização da cultura popular e me sinto honrado em cantar em um palco que recebe o nome de alguém que tanto contribuiu para a cultura maranhense”, comentou.
Nem mesmo a forte virose que ameaçou deixá-lo afônico no dia do show, impediu que Joãozinho Ribeiro, subisse no palco “Nelson Brito” para reverenciar a memória de um amigo homenageado. “Esta homenagem premia toda uma história de militância em prol da cultura popular e é muito gratificante ter a oportunidade de se apresentar neste palco ao lado de outros grandes artistas”, ressaltou.
A canção que abriu o show, a clássica “Te Gruda no Meu Fofão”, composta por Joãozinho Ribeiro para uma peça teatral do Laborarte, que tinha entre outros objetivos alertar de forma satírica para a necessidade de valorização do carnaval maranhense, enaltecendo-o através dos personagens e brincadeiras que fazem da festa de Momo no Estado algo que não se encontra em outra parte do país.
Antes de começar o show, Joãozinho Ribeiro pediu desculpas por conta da voz, prejudicada pela virose, mas disse que não poderia deixar de se apresentar em um palco que leva o nome de uma pessoa que tem uma grande importância para o carnaval e a cultura maranhense. “É muita honra se apresentar aqui neste palco, que recebe o nome de Nelson Brito”.
Ao comentar a homenagem prestada a Magno Cruz, que além de militar no Centro de Cultura Negra (CCN) militou também no movimento sindical, César Teixeira ressaltou que este tipo de atitude por parte do poder público simboliza o reconhecimento a uma vida pautada pela militância em prol de uma causa coletiva. Quando Magno Cruz faleceu em 2010, César Teixeira ressaltou que pessoas cuja vida foi marcada pelo comprometimento com questões como as que eram abraçadas por Magno Cruz permanecem vivas na lembrança de quem compartilha estes mesmos compromissos e afirmou que a “memória não morre”.
Magno Cruz e Nelson Brito fazem parte do time de 19 pessoas que em suas diversas áreas de atuação deram contribuição importante para a cultura maranhense por isto mereceram este reconhecimento na homenagem prestada no “Carnaval de Todos”. Como diria a clássica canção de César Teixeira, é preciso dizer sim “a quem nos quer abraçar, a quem nos quer acolher” e cada uma destas pessoas teve uma trajetória de vida, marcada por gestos concretos de comprometimento com a cultura popular maranhense.
São Luís, 10 de Fevereiro de 2016.