
Eduardo Braide e Lahesio Bonfim estão partidariamente resolvidos e
Roberto Rocha nem partido tem ainda
Precipitada por conta dos focos de tensão que movimentam o tabuleiro da política maranhense, a corrida ao Palácio dos Leões para dois dos principais aspirantes acontece apenas no entorno dos pré-candidatos, mas ainda não conta com o envolvimento direto dos partidos. O vice-governador Felipe Camarão faz uma pré-campanha solitária, uma vez que o seu partido, o PT, ainda não ergueu a bandeira do seu projeto de candidatura. O mesmo acontece com o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, que até aqui não recebeu a bênção declarada do MDB. O prefeito de São Luís Eduardo Braide, ao contrário, já recebeu OK e sinal verde do comando nacional do PSD, que só tem uma pendencia. O Novo ainda não se manifestou oficialmente em relação ao pleito do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim, enquanto o ex-senador Roberto Rocha simplesmente não tem partido.
O vice-governador Felipe Camarão faz até aqui uma corrida solitária, sem contar com o aval declarado e indiscutível do PT. Sem explicações, o comando do partido se recolheu, fazendo de conta que essa candidatura não existe. A cúpula petista alimenta uma estranha indiferença mesmo em situações delicadas, como foi o caso do print ofensivo à deputada Mical Damasceno (PSD), que é inimiga visceral de Felipe Camarão e do PT como um todo. O comando partidário não se manifestou nem para defender o benefício da dúvida do representante máximo do partido no Governo. Ao mesmo tempo, com o pragmatismo de sempre, o braço maranhense do PT permanece alinhado com o governador Carlos Brandão, com vários dos seus quadros ocupando cargos importantes na máquina estatal, dando a clara impressão de que, pelo menos a parte mais madura do comando petista seguirá a decisão que o chefe do Poder Executivo vier a tomar na corrida sucessória. E não há até aqui qualquer indicativo de que esse quadro venha a sofrer mudanças em curto prazo. Enquanto isso, o vice-governador faz a sua cruzada solitária em busca de suporte para o seu projeto de candidatura.
O caso do secretário Orleans Brandão não é tão diferente. Ele está se movimentando numa intensa pré-campanha, tem o aval óbvio do governador Carlos Bandão, mas até aqui não recebeu as bênçãos do MDB, que é comandado no estado pelo empresário Marcus Brandão. O chefe estadual do MDB já declarou ser favorável à pré-candidatura do secretário, mas o faz como pai, numa declaração que nem de longe teve sentido partidário. O MDB é um partido dividido. O clã Sarney, por exemplo, a começar pela deputada federal Roseana Sarney, que é quem tem a última palavra nessa ala emedebista, ainda não se manifestou em relação à pré-candidatura de Orleans Brandão, o mesmo acontecendo com o deputado federal Ildo Rocha. Além do presidente Marcus Brandão, Orleans Brandão só conta até agora com o apoio declarado do prefeito de Bacabal e presidente da Famem Roberto Costa, que comanda a chamada corrente jovem do MDB do Maranhão. E para fechar, o MDB de São Luís, comandado pelo deputado federal Cleber Verde, está totalmente fechado com o prefeito Eduardo Braide.
Num outro viés partidário, o prefeito Eduardo Braide não tem essa preocupação, pois a sua situação partidária está resolvida com o aval da cúpula nacional do PSD, que o quer candidato de qualquer maneira, ainda que haja a pendência da senadora Eliziane Gama, que poderá ser a ovelha desgarrada por ser parte do governador Carlos Brandão. O pré-candidato Lahesio Bonfim já teria situação definida dentro do Novo, cujo comando nacional teria avalizado a sua candidatura, apostando alto na eleição de pelo menos um deputado federal. E o ex-senador Roberto Rocha faz uma pré-campanha declarada e assumida sem contar com um partido, que, a julgar pelo cenário, terá dificuldades de encontrar.
Se quiserem chegar lá, Felipe Camarão e Orleans Brandão terão de resolver logo, logo suas situações partidárias.
PONTO & CONTRAPONTO
Garotinho disse meias verdades em relação a Lula, Sarney e Flávio Dino
As declarações do ex-governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, especulando que o presidente Lula da Silva (PT) indicou o ex-senador Flávio Dino para a Suprema Corte por sugestão do ex-presidente José Sarney (MDB), para permitir que o sarneysismo voltasse a controlar politicamente o Maranhão é uma meia verdade.
É verdade que o presidente Lula da Silva indicou o ex-senador Flávio Dino por interesse político, mas com outros vieses. Não é segredo que Lula da Silva não tinha outro nome com o perfil de Flávio Dino para o Supremo, como está sendo demonstrado pelo agora ministro. Lula da Silva também foi motivado pelo interesse de não ter uma “sombra” muito forte e ameaçadora aos interesses do PT na sucessão presidencial de 2026. O líder petista vem emitindo todos os sinais de que a sua idade já não o credencia a uma nova guerra eleitoral contra uma direita forte, com ou sem Jair Bolsonaro. A desenvoltura de Flávio Dino como ministro da Justiça, que o credenciava a cada dia à condição de pré-candidato, levou o entorno de Lula da Silva a usar de todas as artimanhas para afastá-lo da corrida presidencial.
É visível que, por tabela, a decisão de Lula da Silva de tirar Flávio Dino da cena política do Maranhão e permitiu que o sarneysismo voltasse a respirar, como está claro. Mas nada, nada mesmo, indica que a motivação principal de Lula da Silva tenha sido um conselho do ex-presidente José Sarney. Não faz sentido.
É verdade que o governador Carlos Brandão se aproximou do que restou do Grupo Sarney, tendo inclusive assumido o controle do MDB, mas é verdade também que não há nenhum guru sarneysista no seu Governo Brandão, em que pese o relacionamento estreito do Palácio dos Leões com o casarão do Calhau.
No caso da relação Lula da Silva, José Sarney e Flávio Dino, Antony Garotinho tropeçou ao fazer uma leitura cartesiana, cometendo um grave erro jornalístico.
Fala de Carlos Lula causou reação na base governista e dentro do próprio PSB
O ensaio de crítica do deputado Carlos Lula (ainda no PSB) ao governador Carlos Brandão (PSB) por conta da decisão do chefe do Poder Executivo de fazer a doação de um veículo para cada uma das 217 Câmara Municipais do Maranhão se transformou numa nova crise dentro da aliança partidária governista, com reflexos mais fortes na base governista e dentro do PSB.
A primeira reação foi a do vereador André Campos (PP), que é MDB raiz e pertence ao grupo liderado pelo prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), o que representa uma reação emedebista ao deputado do PSB. André Campos, além de reagir duro a Carlos Lula, mandou um duro recado ao vice-governador Felipe Camarão (PT), que nada teve com a iniciativa do deputado dissidente, mas foi alvejado por tabela.
O caldo entornou dentro do próprio PSB, com a reação da vereadora Concita Pinto (PSB) criticando o deputado Carlos Lula. Concita Pinto segue hoje a liderança do presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSB), viu “irresponsabilidade” na crítica do deputado Carlos Lula, que, vale lembrar, está com um pé fora do PSB, aguardando apenas uma decisão judicial ou a janela partidária de 2026 para migrar para outro partido, já que perdeu as condições de permanecer na legenda socialista hoje comandada no estado pelo próprio governador Carlos Brandão.
Em resumo: a reação dos vereadores à fala do deputado sobre a doação de veículos é mais um sintoma evidente de que a crise que separa dinistas de brandonistas é bem maior do que muitos pensam.
São Luís, 27 de Maio de 2025.