Pré-campanhas intensas de Orleans Brandão e Felipe Camarão indicam rompimento “sem retorno”

Entre Rildo Amaral e Antônio Pereira, Orleans Brandão inaugura poço artesiano em Sítio Novo; ao lado do pastor Mauro, Felipe Camarão participa de congresso da Juventude da Assembleia de Deus em Imperatriz

Não é uma situação declarada publicamente, mas o rompimento entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro Flávio Dino (STF) é fato, com sinais de irreversibilidade e já admitido por vozes dos dois grupos, ratificando a recente declaração do ex-governador José Reinaldo Tavares, segundo a qual “não há retorno”. Esse cenário de rompimento está se manifestando efetivamente nos movimentos do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), que vem cumprindo agenda política de pré-candidato a governador, e nos do vice-governador Felipe Camarão (PT), que também cumpre uma agenda intensa de contados, rodas de conversa e eventos, nos quais se apresenta como pré-candidato a governador. O ponto alto dessa disputa ocorrerá no dia 3 de abril do ano que vem, quando o governador Carlos Brandão (PSB) renunciar para disputar o Senado ou decidir permanecer no cargo até o final do seu mandato.

Até alguns meses atrás um integrante do Governo destinado a brigar por um mandato na Câmara Federal, o secretário de Assuntos Municipalistas ganhou volume político surpreendente, para se transformar em pré-candidato a governador, com poder de fogo concentrado na sua relação com prefeitos alinhados ao Palácio dos Leões. Com o aval do governador Carlos Brandão, que já manifestou a vários interlocutores a intenção de cumprir todo o mandato, lançando um candidato à sua sucessão, Orleans Brandão pisou fundo no acelerador político, fazendo a ponte entre prefeitos e Governo, participando de eventos, inaugurando obras, e sendo nome destacado e elogiado nos discursos de líderes municipais e deputados estaduais governistas.

Na semana que passou, ele começou sua agenda em Brasília, acompanhando prefeitos na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, onde, com o aval do prefeito-presidente da Famem Roberto Costa (MDB), participou de todos os eventos, culminando com a reunião com a bancada maranhense. De lá, deslocou-se para a Região Tocantina, onde participou de inaugurações em vários municípios, entre eles Sítio Novo e Bom Jesus das Selvas, onde inaugurou sistemas de abastecimento de água, numa maratona que terminou em Imperatriz, onde reforçou os compromissos do governador Carlos Brandão e foi elogiado pelo prefeito Rildo Amaral (PP), um dos avalistas da sua pré-candidatura. Nas suas falas, Orleans Brandão não critica o Governo Flávio Dino.

O vice-governador Felipe Camarão, que enfrentou dias tensos por conta de um print que rebateu como fake news, virou o jogo com uma intensa agenda, que começou em Imperatriz, com sua participação no Congresso da Juventude da Assembleia de Deus, no qual foi bem acolhido por milhares de jovens. Dalí, o vice-governador visitou vários municípios da região e retornou a São Luís, onde cumpriu uma intensa agenda de reuniões com estudantes, uma delas numa escola estadual, no evento Diálogos com a Juventude, no qual reafirmou ser pré-candidato a governador. “Quero ser o pré-candidato dos jovens, da mulherada, da juventude evangélica, da juventude dos terreiros, da juventude preta, da juventude branca, da juventude de todas as cores e raças, de uma juventude plural”, declarou.

Muitos apostaram que o caso do print ofensivo à deputada Mical Damasceno, a ele atribuído, desanimaria sua caminhada. Erraram, porque o vice-governador, diante do avanço expressivo do secretário de Assuntos Municipalista, retomou as rédeas da sua trajetória e reagiu buscando apoio em segmentos da juventude, onde Orleans Brandão ainda não chegou. Em todos os eventos, ele tem dito ser pré-candidato a governador, deixando claro tratar-se de um projeto irreversível, seja qual for a posição do governador Carlos Brandão. E com um detalhe que tem chamado a atenção: não faz críticas ao Governo nem cobranças ao chefe do Executivo.

O fato é que o secretário de Assuntos Municipalista se encontra em pré-campanha intensa, com o aval do governador Carlos Brandão e o apoio aberto de secretários, deputados governistas e prefeitos com os quais tem estreitado relações. Na mesma toada, o governador Felipe Camarão está mergulhado numa pré-campanha quase solitária, mas ocupando espaços no eleitorado mais jovem, com o qual tem diálogo aberto e franco, com o eleitorado católico, do qual é militante, e abrindo caminho no eleitorado evangélico e demais religiões.

E o detalhe mais curioso dessa medição de forças: pelo menos até aqui, Orleans Brandão não atacou Felipe Camarão nem Felipe Camarão atacou Orleans Brandão. Esse cuidado sugere que há espaço, ainda que mínimo, para um entendimento.

PONTO & CONTRAPONTO

Pesquisa revela Brandão com gestão aprovada por 63,9%

Carlos Brandão: bem avaliado

O governador Carlos Brandão (PSB) anda com sorriso largo nos últimos dias. Motivo: uma pesquisa do Instituto Opinião, feita em 63 municípios das diversas regiões maranhenses, informa que a gestão dele é aprovada por nada menos que 63,9%, contra 28,1% de desaprovação. A pesquisa ouviu 1.978 pessoas entre os dias 15 e 19 deste mês.

Não é pouca coisa. São raros os governadores com aprovação nesse patamar. E com o destaque relacionado com grandes cidades, onde, via de regra, Governos não são bem vistos. Em Imperatriz, por exemplo, o governador tem gestão aprovada por 61,7%, o que pode ser considerado uma façanha, e em Presidente Dutra, a gestão de Carlos Brandão alcançou estratosféricos 72,1%.

E um dado que faz toda a diferença na pesquisa: perguntados se o Maranhão está melhor do que quatro anos atrás, 40,2% responderam que sim, enquanto 37,9% disseram que está igual e apenas 19,3% opinaram que piorou.

Parte desse reconhecimento está no fato de o governador Carlos Brandão haver centrado seu Governo numa política municipalista, aplicando recursos do estado em obras discutidas e definidas diretamente com prefeitos.

Com esse cacife, e se ele for mantido até o ano que vem, Carlos Brandão acumulará poder de fogo para uma eleição fácil para o Senado, se decidir sair, e também para embalar um candidato à sua sucessão que vier a lançar, caso resolver cumprir seu mandato integralmente.

Pedro Lucas mostrou coerência partidária ao recusar ministério

Pedro Lucas: coerência

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes, líder do União Brasil na Câmara Federal, demonstrou ser um político maduro e coerente numa declaração recente em que ele esclarece, em definitivo, a sua decisão de recusar o Ministério das Comunicações. Disse ele:

 “Eu não fui ao Ministério das Comunicações por uma questão de partido. Eu tinha que acalmar a bancada. Naquele momento, se eu saísse, é uma bancada muito grande, 60 deputados, que eu comando dentro da Câmara, e iria ter uma disputa muito forte. Quem não queria ser ministro? Talvez seja o ápice de um deputado, mas estou aqui de cabeça erguida”.

A explicação é reveladora de uma visão política em que o partido, e não o partidário, é colocado em primeiro lugar, como acontece nas grandes democracias. São muitos os casos de ministros que se agarram ao cargo, mesmo que metade do seu partido vote contra o Governo. O deputado Pedro Lucas Fernandes preferiu chegar ao “ápice” e permanecer com o líder da bancada e assim evitar uma crise na bancada. Um bom exemplo de coerência partidária.

São Luís, 25 de Maio de 2025.

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