
A Região Tocantina, formada por 16 municípios e polarizada por Imperatriz, o segundo maior e mais importante Maranhão, foi o foco central do movimento municipalista do governador Carlos Brandão, que indiferente às tensões políticas que vem encarando, ali passou dois dias reunido com prefeitos para ouvir as suas demandas, decidindo investimentos prioritários e dialogando com deputados que representam os milhares de eleitores daquele economicamente rico e politicamente decisivo pedaço do estado. Foram mais de 20 horas de reuniões numa maratona que só terminou quando o governador e todos os prefeitos tocantinos acertaram o que será feito pelo Governo do Estado em cada um dos municípios. Na tarde ontem, Carlos Brandão desembarcou em Carolina.
Com agenda programada para se reunir com os 217 prefeitos maranhenses e com ele definir investimentos prioritários a serem feitos pelo Governo do Estado, o governador Carlos Brandão empreende uma versão mais aprimorada do “governo itinerante”, com mais trabalho e menos festa, e dá sinais fortes de que cumprirá a meta. Com os 16 chefes municipais tocantinos, ele aumentou para 88 o número de prefeitos com os quais já acertou “os ponteiros”. A meta, segundo um a fonte próxima a ele, é fechar a agenda municipalista até meados de junho e entregar as obras até o início do ano que vem, mas com o esforço de que tudo esteja pronto até o final deste, que ele definiu como “o ano da colheita”.
Em Imperatriz, além do chefe local, o governador se reuniu com os prefeitos, Davinópolis, São João do Paraíso, Amarante do Maranhão, Cidelândia, Buritirana, Sítio Novo, Campestre do Maranhão, Governador Edison Lobão, São Francisco do Brejão, Vila Nova dos Martírios, Ribamar Fiquene, Porto Franco, Montes Altos, Itinga do Maranhão e Estreito.
Com essa movimentação, além de levar em frente ao seu projeto de Governo, o governador avança também no plano político, à medida que mantém uma relação com os líderes municipais e com os seus intermediários, que são os deputados estaduais. Em Imperatriz, auxiliado pelos secretários de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, e pelo chefe da Casa Civil Sebastião Madeira, por exemplo, entre uma reunião e outra com prefeitos, ele trocou impressões com os deputados estaduais da e região – Antônio Pereira (PSB), Janaína (Republicanos), Ricardo Arruda (MDB), Cláudio Cunha (PL), Kekê Teixeira (MDB), Eric Costa (PSD) e Viviane Silva (PDT) -, todos integrantes da sua base de apoio na Assembleia Legislativa, e o deputado federal Josivaldo JP (PSD).
No meio político, ganha força a impressão de que, embalado pelo seu movimento municipalista e a sua base parlamentar, o governador Carlos Brandão chegará em 2026 com cacife político e potencial eleitoral suficientes para dar as cartas na corrida à sua sucessão. E é unânime a convicção se ele for candidato a senador será, de longe, o mais votado, o que será um reforço mais no seu projeto político. E se, quebrando a “tradição”, optar por permanecer no Governo e lançar um candidato que não seja o vice-governador Felipe Camarão (PT), enfrentará um quadro mais complexo, mas será o patrono de uma chapa competitiva, já que, na avaliação de atentos observadores, atrairá o apoio de boa parte dos prefeitos, que são decisivos em qualquer eleição majoritária.
A maratona municipalista, de fato, já está produzindo dividendos políticos de peso nas diversas regiões do Maranhão. Recentemente, prefeitos de grandes municípios, como os de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), de Timon Rafael Brito (PSB), de Coroatá, Roberto Costa (MDB) e Caxias, Gentil Neto (PP) e Paço do Lumiar, Fred Campos (PSB), por exemplo, declararam que apoiarão a decisão que o governador Carlos Brandão tomar em 2026, seja ela qual for.
Essa base poderá estar muito mais ampliada quando a agenda municipalista ceder lugar à agenda eleitoral.
Em Tempo: No noite de quinta-feira, após a série intensa de reuniões, o governador Carlos Brandão envergou uma camiseta do Cavalo de Aço e foi assistir ao embate do time tocantino com o MAC Para alívio de uns e frustração de outros, jogo terminou no zero a zero.
PONTO & CONTRAPONTO
Vozes dentro do grupo dinista defendem posição mais amena em relação a Brandão
A banda dinista da aliança governista estaria se articulando para adotar uma posição mais amena em relação ao Governo do Estado, numa estratégia que visa manter uma convivência menos tensa com o governador Carlos Brandão (PSB). O discurso do deputado Carlos Lula, na terça-feira, sugerindo ao governador que ouça os conselhos do ex-governador José Reinaldo Tavares, que em recente entrevista ao jornal O Imparcial, foi um exemplo nessa direção. Ele destacou que José Reinaldo Tavares avaliou que o afastamento do governador Carlos Brandão e do ministro Flávio Dino “não tem retorno”, mas ao mesmo tempo defendeu que os grupos retomem o diálogo.
Dentro do grupo dinista já há vozes que pregam a necessidade de gestos em relação ao governador Carlos Brandão, que tem sinalizado com a possibilidade de permanecer no Governo e lançar um candidato à sua sucessão, que pode ser o secretário Orleans Brandão. O amadurecimento desse projeto tem preocupado alguns dinistas destacados, que veem nesse quadro grandes riscos ao projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão.
A Coluna conversou com dois dinistas de proa, que manifestaram essa preocupação.
Problemas do Curso de Medicina de Caxias serão discutidos em audiência pública
A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa voltou suas atenções para as condições em que estão funcionando o braço da Uema em Caxias, especialmente no que diz respeito ao Curso de Medicina. A Comissão acatou requerimento do deputado Catulé Jr. (PP), apoiado pelos deputados Arnaldo Melo (PP), que é médico, e Adelmo Soares (PSB), que é odontólogo, para a realização de uma audiência pública para discutir a situação do Curso de Medicina e debater saídas para melhorá-lo.
A informação geral é a de que alguns cursos oferecidos pela Uema em Caxias passam por problemas que comprometem a sua qualidade. O caso mais grave seria o de Medicina, que foi implantado para ser um exemplo, mas que nesse momento sofre por falta de estrutura e de professores qualificados, equipamentos e recursos para manter suas atividades.
Outros representantes de Caxias, como as deputadas Cláudia Coutinho (PDT), que é enfermeira, e Daniella (PSB), que nutricionista e já administrou hospital, já haviam chamado a atenção para os problemas do Curso de Medicina, mas foi o deputado Catulé Júnior que assumiu a bandeira e levou o problema para a Comissão de Educação, que se posicionou requerendo a realização da audiência pública.
Vale registrar que Caxias é hoje um centro de ensino universitário, e nada mais natural que o Curso de Medicina da Uema ali seja a grande referência em qualidade.
São Luís, 16 de Maio de 2025.