Federação PP/União nasce com força para ocupar espaço amplo na política do Maranhão

André Fufuca, Pedro Lucas Fernandes, Juscelino Filho,
Amanda Gentil e Allan Garcez integram a
Federação PP/União Brasil criada ontem

Se nasceu para redesenhar o mapa político-partidário brasileiro, alterando fortemente o equilíbrio das forças no Congresso Nacional, com 109 deputados federais e 33 senadores, a Federação PP/União Brasil, formalizada nesta terça-feira em Brasília, chega para impactar expressivamente o cenário político do Maranhão. Para começar, tem quatro deputados federais – Pedro Lucas Fernandes (UB), que é o líder da bancada do União na Câmara Federal; Juscelino Filho (UB), Amanda Gentil (PP) e Allan Garcez (PP) -, o ministro do Esporte – André Fufuca, que é deputado federal pelo PP -, cinco deputados estaduais, um do União Brasil, Neto Evangelista, e quatro do PP Arnaldo Melo, Catulé Jr. (PP), Júnior França (PP),  e Hemetério Weba (PP) -, 46 prefeitos – entre eles os de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), de Caxias, Gentil Neto (PP), e o de Santa Inês, Felipe dos Pneus (PP) -, além de pelo menos três centenas de vereadores. Trata-se, portanto, de uma força com poder de fogo para influenciar os rumos da política maranhense a partir desse momento.

Essa massa partidária potencialmente poderosa vai precisar, primeiro, de um líder. Os nomes mais destacados no momento são André Fufuca (PP) e Pedro Lucas Fernandes, que se encontram mergulhados em agendas que quase não lhes deixam tempo para cuidar das suas bases. O primeiro é ministro do Esporte e pré-candidato a senador, enfrentando agora a dúvida sobre a sua permanência ou não no Governo – ele disse à Coluna que vai defender a permanência no Governo, mesmo sabendo que parte dessa Federação quer se posicionar na Oposição. Sua permanência no Ministério do Esporte vai depender da posição que a Federação vai tomar nas próximas semanas em relação ao Palácio do Planalto.

Por seu turno, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que há duas semanas abriu mão de ser ministro das Comunicações para continuar na liderança do União na Câmara Federal, estancando uma crise que poderia desmontar de vez o partido já marcado por uma profunda divisão interna. Dificilmente terá tempo para se dedicar à organização do partido e da Federação no Maranhão. A deputada Amanda Gentil é jovem e ativa, mas lhe falta a experiência necessária, ainda que ela tenha como mentor o competente ex-prefeito de Caxias, Fábio Gentil (PP), atual secretário de Estado da Agricultura.

Essa tarefa deverá sobrar para o deputado federal Juscelino Filho, ex-ministro das Comunicações. O seu único “porém” é não ter alinhamento com o Palácio dos Leões, embora pregue a unidade política defendendo as candidaturas do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo e a do governador Carlos Brandão ao Senado

Para atuar como um partido, a Federação PP/União vai precisar alinhar o discurso dos seus representantes na Assembleia Legislativa, que atualmente se movimenta na base do “cada um por si”, não havendo sintonia partidária nos deputados do PP – Arnaldo Melo, Catulé Jr., Júnior França e Hemetério Weba – que, vale lembrar, está com o mandato cassado e deverá ser substituído nos próximos dias pela suplente Helena Duailibe (PP). Além disso, os três deputados do PP devem criar também uma sintonia com o representante do União, o deputado Neto Evangelista, atual líder do Governo no parlamento estadual.

Mesmo que quase todos os seus integrantes sejam afinados com o governador Carlos Brandão, à medida que os dois partidos integram a base de sustentação do Governo, existe divergência em relação ao Senado. O ministro André Fufuca, a deputada Amanda Gentil e o líder Pedro Lucas Fernandes mantêm sintonia fina com o Palácio dos Leões, enquanto o agora ex-ministro das Comunicações, deputado Juscelino Filho, embora não faça oposição ostensiva, não tem o mesmo alinhamento com o Governo, caso também do deputado Allan Garcês, bolsonarista roxo, e que mantém relações cautelosas e nada efusivas com o Palácio dos Leões.

O fato é que, a exemplo do que acontece no plano nacional, o Maranhão político está vendo o nascimento de um gigante partidário, que primeiro terá de se organizar e definir um perfil bem nítido, para depois dizer a que veio. E o primeiro passo será se posicionar com clareza suficiente. Afinal, além de quatro deputados federais para reeleger, terá o desafio de emplacar um representante na bancada maranhense no Senado.

PONTO & CONTRAPONTO

Bancada da Federação terá de se alinhar por candidatura ao Senado

André Fufuca espera o apoio Juscelino Filho
e Pedro Lucas Fernandes para o Senado

Na vasta e desafiadora pauta que vai enfrentar no Maranhão, a Federação PP/União terá de fazer um esforço muito grande para chegar a um consenso interno em relação à disputa para o Senado.

Por tudo o que foi dito até agora, os quatro deputados federais titulares – André Fufuca, Pedro Lucas Fernandes, Juscelino Filho e Amanda Gentil – fecham com a quase certa candidatura do governador Carlos Brandão a uma das vagas na Câmara Alta.

Mas em relação à segunda vaga, o nó está dado dentro da Federação, e precisa ser desatado. É que o deputado e atual ministro André Fufuca caminha para ser candidato da Federação a senador, já tendo de cara o apoio incondicional da colega dele Amanda Gentil.

A pergunta que se faz é a seguinte: os deputados Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes, que são do União Brasil, apoiarão a candidatura de André Fufuca para a segunda vaga?

Não é segredo para ninguém que até agora o deputado Juscelino Filho, que integra a ala oriunda do DEM no União Brasil, que tem um alinhamento antigo com o PDT, tende claramente a apoiar a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) à reeleição.

Os próximos movimentos dirão como essa equação será resolvida, inclusive com o posicionamento do deputado Pedro Lucas Fernandes em relação à vaga de senador pleiteada por André Fufuca.

Cassação de Hemetério Weba começa a causar tensão e constrangimento na Alema

A situação do deputado Hemetério Weba (PP) está criando um foco de tensão e constrangimento na Assembleia Legislativa. Ele está judicialmente cassado, sem nenhuma brecha para recorrer com alguma possibilidade de salvar o mandato. E decidiu se licenciar para tratamento de saúde.

Ontem, a deputada, Fabiana Vilar (PL), cobrou, da tribuna, a declaração de vacância da cadeira ocupada pelo parlamentar, para permitir a posse da 1ª suplente, Helena Duailibe. Ela inclusive reclamou da influência que Hemetério Weba está mantendo num hospital na região do Turi, cobrando providências do Palácio dos Leões.

Fabiana Vilar, do PL, criticou duramente Hemetério Weba

Hemetério Weba foi criticado por
Fabiana Vilar; Yglésio Moises fez ponderação

O deputado Yglésio Moises (PRTB), por sua vez, foi buscar na ética argumentos para criticar deputados que estão cobrando providências da Mesa da Assembleia Legislativa no sentido de resolver, de uma vez por todas, o imbróglio criado na Casa com a cassação do parlamentar. Para ele, deputado não deve agir contra mandato de colega.

Diante do quadro de tensão, que já se torna constrangimento, uma vez que a cassação do deputado Hemetério Weba já é fato consumado na Justiça, a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), fez um pronunciamento defendendo a posição da Mesa Diretora e esclarecendo que todas as providências em relação ao caso estão sendo tomadas. A presidente pediu calma e cautela, assegurando que a Mesa cumprirá as decisões judiciais, mas sem açodamento e rigorosamente dentro das regras.

São Luís, 30 de Abril de 2025.

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