O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) ampliou ontem, expressivamente, o seu espaço na crônica política como o parlamentar que recusou convite do presidente Lula da Silva (PT) para assumir o ministério das Comunicações, depois de ter sido anunciado pelo próprio chefe da Nação como nome escolhido, convidado e que aceitou o convite, só tendo pedido um tempo, o período da Semana Santa, para acertar algumas coisas dentro do seu partido para, finalmente, deixar a liderança do União na Câmara Federal e se mudar para um dos prédios da Esplanada dos Ministérios. A decisão do deputado, sem paralelo em tempos recentes, revelou duas situações politicamente dramáticas: a completa bagunça que é o União Brasil, fruto de uma complicada fusão do DEM com o PSL, e a dramática fragilidade do Governo Lula da Silva na sua relação com o Congresso Nacional, onde é minoritário e depende de acordos com as feras do Centrão para sobreviver.
De quebra, a decisão do parlamentar reduziu o espaço político do Maranhão na máquina federal, que agora só conta com um ministro maranhense, o deputado federal André Fufuca (PP), titular da pasta do Esporte e que é pré-candidato a senador. No primeiro ano do Governo Lula da Silva, o Maranhão tinha três ministros: Flávio Dino (Justiça), Juscelino Filho (Comunicações) e André Fufuca (Esporte).
“Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil”, declarou Pedro Lucas Fernandes em nota divulgada ontem à noite, em que anuncia permanência como líder do União na Câmara Federal. A nota foi o desfecho constrangedor de uma articulação malsucedida dos articuladores governistas, marcada por decisões não amadurecidas, anúncios precipitados e falta de feeling dos articuladores do Governo e dos chefes do partido, para não enxergar o desastre anunciado.
Pedro Lucas Fernandes foi parte do imbróglio, se bem que a seu favor está o fato de que aceitou o convite do presidente Lula da Silva “pedindo um tempo” para ajustar as coisas dentro do partido, que ele sabia não seriam ajustadas. Começou com o fato de que o ex-ministro das Comunicações, deputado Juscelino Filho, se candidatou a assumir a liderança da bancada do União com a ida de Pedro Lucas, atual líder, para o ministério. O ex-ministro teve o apoio da turma do antigo DEM, na qual ele milita, mas foi rejeitado pela corrente de ex-bolsonaristas e pela maioria dos independentes, com a agravante de que o presidente Antonio Rueda não o queria na liderança.
Pedro Lucas Fernandes, que segue a linha do presidente Antonio Rueda, tentou articular um caminho alternativo, escolhendo um nome de consenso para substitui-lo na liderança, encontrou resistências poderosas dentro do partido, onde a situação ficou a seguinte: a maioria aprovou sua ida para o ministério. Mas, por conta das diferenças, a escolha do novo líder poderia mergulhar o partido numa guerra fratricida. Diante da tensão e da impossibilidade da escolha de um líder de consenso, Pedro Lucas Fernandes se dobrou às pressões para continuar na liderança e acabou recusando o convite para ser ministro, deixando o presidente Lula com uma tremenda bomba para desativar.
Ele queria ser ministro das Comunicações, substituindo ao deputado federal Juscelino Filho (União), mas a guerra nas entranhas do União Brasil, onde se debatem ex-bolsonaristas, comandados pelo ex-presidente do PSL, Luciano Bivar; os independentes, caso de Pedro Lucas Fernandes, que segue a orientação do presidente Antonio Rueda; e o grupo do DEM, controlado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), a quem Juscelino Filho é ligado.
Além de um forte desgaste emocional pelos dias e noites ao telefone e nos enfrentamentos cara a cara dentro do União, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes saiu praticamente inteiro do imbróglio. Afinal, ser líder de um partido do tamanho do União Brasil na Câmara Federal lhe dá um invejável poder de fogo, formado pela visibilidade, pelo lugar cativo na mais importante mesa de negociações da República, além do controle sobre grande parte do bolo de emendas a bancada que seus integrantes têm direito.
Na avaliação de um profundo conhecedor dos bastidores de Brasília, é provável que um líder do União seja bem mais importante do que um ministro das Comunicações.
PONTO & CONTRAPONTO
Vox Brasil: Braide lidera, Lahesio é segundo e Camarão briga com Rocha e Orleans pela terceira posição
Nova pesquisa do instituto Vox Brasil Pesquisa e Marketing sobre a corrida para o Governo do Maranhão, divulgada ontem com exclusividade pelo respeitado site de notícias comandado pelo jornalista Diego Emir, sacudiu os bastidores da política estadual. Os números confirmam a liderança isolada do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), com 31,90% das intenções de voto, tendo como segundo colocado o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) com 22,20%, seguido do vice-governador Felipe Camarão (PT) com 11,16%, do ex-senador Roberto Rocha (Republicanos), com 9,04%, e o secretário Orleans Brandão (MDB) com 8,47%. O levantamento encontrou 9,62% de eleitores dispostos a anular o voto e 7,61% que não saberiam em quem votar.
De um modo geral, os números do Vox Brasil confirmam o panorama mostrado por outros levantamentos, o que reforça a impressão de que é esse o cenário da corrida nesse momento.
Eduardo Braide se mantém estável no patamar dos 30 pontos percentuais, podendo alcançar 36% ou cair para até 26%, conforme a margem de erro. Lahesio Bonfim surpreende reforçando sua posição de segundo colocado, podendo alcançar 27 pontos percentuais ou cair para 18 pontos, de acordo com a margem de erro.
Chama a atenção na pesquisa o fato de o vice-governador Felipe Camarão (11,16%) estar liderando a briga pela terceira colocação com o ex-senador Roberto Rocha (9,04%) e com Orleans Brandão (8,47%), o que desenha um empate técnico entre os três, se levada em conta a elevada margem de erro.
E vale registrar que o ex-senador Roberto Rocha lidera a rejeição, com 27%, seguido do ministro Flávio Dino (17%), Lahesio Bonfim (11%), Eduardo Braide com 9%. Roseana Sarney com 8% e Felipe Camarão (7%).
Os números dessa pesquisa sugerem que nenhum candidato tem estabilidade suficiente para deitar na cama e viver da fama. Eles apontam para uma corrida eleitoral dura, com altos e baixos, com muita movimentação à vista.
Em Tempo: a pesquisa Vox Brasil ouviu 1.050 eleitores em 31 municípios no período de 12 a 17 de abril e tem margem de erro de 4,5%, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%.
Beto Castro já conta com o seu e mais seis votos na corrida à presidência da Câmara de São Luís
Se não houver um retrocesso que inverta a lógica política que move a Câmara Municipal de São Luís, o vereador Beto Castro (Avante) pode comprar o paletó da posse como sucessor do vereador Paulo Victor na presidência da Casa.
Hoje de manhã, ele, que é o atual 2º vice-presidente da instituição parlamentar, contabilizou a sexta declaração de voto, desta vez por parte do vereador Antônio Garcês (PP), que, afirmando ser grato a gestos dele, anunciou que lhe dará o seu voto.
– Declaro aqui meu apoio com a certeza de estar contribuindo com um projeto sério e comprometido com a nossa cidade – disse o parlamentar, juntando-se ao presidente Paulo Victor, aos vereadores Marlon Botão (PSB), Daniel Oliveira (PSD), Marcos Castro, Cléber Filho (MDB).
Modesto, Beto Castro agradeceu o apoio fazendo a seguinte declaração: “Esse projeto não é do Beto Castro, é da Câmara Municipal de São Luís. Fico muito feliz com a confiança do vereador Antônio Garcês. Ele se junta a outros colegas que acreditam que podemos fazer um trabalho sério, transparente e voltado para o bem da nossa cidade”.
São candidatos ainda os vereadores Marquinhos (União) e Concita Pinto (PSB), que até agora não receberam manifestações de apoio.
São Luís, 23 de Abril de 2025.