
ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa
de golpe de estado
Uma reportagem especial publicada na edição de ontem do jornal O Globo funcionou como um novo empurrão no ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para o epicentro da vida política do País, reforçando a impressão de muitos observadores e o desejo de muitos aliados e apoiadores de que ele deixe mais uma vez a magistratura e mergulhe na busca do poder maior da República pelo caminho das urnas. Assinada pela respeitada jornalista Vera Magalhães, que conhece a fundo as entranhas do poder e os meandros da política brasileiros, a matéria do jornal fluminense – que conta resumidamente a trajetória do ex-líder estudantil, ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão, ex-senador da república, ex-ministro da Justiça e agora ministro da Suprema Corte, resume situação atual dele na visão de um aliado: “Flávio Dino no STF é um leão numa gaiola de passarinho”.
A exemplo de outras reportagens feitas por diferentes órgãos da elite da imprensa no País, o registro de O Globo contraria frontalmente a previsão de alguns de que, ao acatar a decisão do presidente Lula da Silva (PT) para ocupar uma cadeira na mais alta corte de justiça do País, abrindo mão de um mandato inteiro de senador da República, Flávio Dino estaria mandando para o espaço a possibilidade de vir a ser candidato a presidente da República, com potencial para ser eleito. Analistas diversos, entre eles alguns que não lhe são simpáticos, concordam num ponto: de longe o mais preparado e bem-sucedido político da sua geração, o líder maranhense conquistou estatura para ser presença obrigatória em qualquer lista de presidenciáveis para 2026 ou, no máximo, para 2030.
Quem acompanhou com atenção o confuso desenrolar do quadro político brasileiro de 2015 para cá viu a evolução do então governador do Maranhão no cenário nacional. Ele assumiu a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), alertando a Nação de que o impeachment era uma armação política para apeá-la e o seu partido do poder. Os fatos logo mostraram que ele tinha razão. Depois de uma convivência sem maiores traumas com o presidente Michel Temer (MDB), o então governador enfrentou o poder de fogo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que o elegeu como principal adversário, o que o levou ao “posto” de mais intenso e destemido enfrentador do presidente.
Ministro da Justiça no Governo Lula da Silva, Flávio Dino viveu e venceu o maior desafio da sua carreira ao comandar a reação ao 8 de Janeiro de 2023, quando o Brasil esteve, de fato, na iminência de sofrer um golpe de estado. Foi personagem central de uma situação dramática, marcada por atos decisivos – como o afastamento do governador de Brasília e a intervenção no Sistema de Segurança Pública da Capital da República – concretizados em meio a um forte clima de tensão, agora revelada na rica reportagem de Vera Magalhães. Numa abordagem mais ampla, a reportagem mostra que Flávio Dino foi, durante um ano, a face política do Governo Lula da Silva, principalmente no enfrentamento às forças da oposição bolsonaristas, por ele impiedosamente demolidas em audiências no Congresso Nacional.
O crescimento e ampliação da sua imagem na opinião pública fez com que aliados do PT, assim como adversários da oposição, tentassem minar sua credibilidade, para evitar que ele se tornasse o nome indicado pela frente de centro-esquerda para suceder o presidente Lula da Silva. Ele resistiu e driblou todas as ciladas, consolidando sua posição até se tornar ministro da Suprema Corte, em fevereiro de 2024. Ali, enfrentou o poder de fogo do Congresso Nacional ao fazer o inimaginável: romper a couraça que negava transparência ao uso dos recursos e emendas parlamentares, suspendendo a liberação de recursos até que regras, acentuando sobretudo a transparência, fossem votadas e implantadas. Essa guerra, por ele vencida, definiu o seu gigantismo como membro da Corte Suprema.
Com o formato de mais um registro da rica e emblemática trajetória do ministro, a reportagem de O Globo é o mais novo indicador que de Flávio Dino poderá mais uma vez deixar a magistratura para voltar ao desafiador tabuleiro da luta pelo poder.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão anuncia: Polícia Civil ganha mais 40 delegados, 20 investigadores e oito peritos
O Sistema Estadual de Segurança Pública foi fortalecido ontem, com o anúncio feito pelo governador Carlos Brandão (PSB), da nomeação de 40 novos delegados, 20 investigadores e oito peritos, bem como a promoção de delegados e a progressão dos demais policiais civis, o que reforçará expressivamente a atuação da Polícia Civil. No mesmo anúncio, o mandatário informou que estão em fase final estudos para atender a demandas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
O anúncio foi feito na data em que se homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, patrono das instituições policiais brasileiras. E na sua fala, o governador agradeceu aos homens e mulheres que integram as instituições policiais do Maranhão.
Os esforços do atual Governo para fortalecer e melhorar a atuação do Sistema Estadual de Segurança Pública são traduzidos em números, como o programa de reformar 135 delegacias e batalhões de polícia nas mais diversas regiões do estado.
A Polícia maranhense ampliou sua eficiência com programas de inteligência, como o Meu Celular de Volta, que já recuperou e devolveu aos seus proprietários mais de mil aparelhos. O resultado foi a redução em 17% do roubo de celulares e 39% os roubos de veículos entre janeiro e março no Maranhão.
Esses reforços garantiram que no mesmo período 96% dos inquéritos foram concluídos pela Polícia Civil, resultado direto da convocação de 1.445 novos policiais civis, dos quais 826 estão devidamente formados, aos quais se somarão outros 389 recentemente nomeados.
Além disso, o Governo investiu fortemente em armamentos – munição, coletes, drones e outros equipamentos para fortalecer o trabalho das forças de segurança – e na mobilidade da Polícia com a aquisição de 700 viaturas.
É isso aí.
Pedro Lucas decide hoje se será ministro das Comunicações ou continuará líder do União
Depois do fim de semana prolongado, que passou ao telefone tentando desatar os nós que impedem a superação da crise que sacode o União Brasil desde que o deputado federal Juscelino Filho deixou o Ministério das Comunicações, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que lidera a bancada do partido na Câmara Federal e foi convidado pelo presidente Lula da Silva para ministro das Comunicações, seguiu ontem para Brasília com uma decisão tomada, que será anunciada numa reunião, hoje à tarde, aos seus colegas de partido.
A decisão: vai comunicar ao presidente Lula da Silva que não aceita assumir o Ministério das Comunicações, optando por permanecer como líder da bancada do União Brasil na Câmara Federal.
A situação no União Brasil é complicada, uma vez que o partido é formado por uma banda que abandonou o bolsonarismo, caminhando para o centro, e por outra, formada pelo grupo oriundo do antigo DEM.
O primeiro grupo, ao qual Pedro Lucas Fernandes pertence, o quer no Ministério, desde que sua vaga na liderança seja preenchida por um integrante dessa corrente. O segundo grupo, ao qual Juscelino Filho é ligado, quer o ex-ministro das Comunicações como sucessor no comando da bancada na Câmara Federal.
O presidente do partido, Antonio Rueda, ao qual Pedro Lucas Fernandes é ligado, não quer Juscelino Filho na liderança do partido, alegando que o União Brasil pode sofrer desgastes se colocar um réu no comando da sua representação. Ocorre que a chamada “ala do DEM”, comandada pelo baiano ACM Neto, apoia Juscelino Filho para a liderança, formando um impasse.
Para evitar mais uma crise e mais desgastes ao partido, Pedro Lucas Fernandes viajou decidido a abrir mão do ministério e permanecer no comando da bancada.
O desfecho desse imbróglio deve acontecer até o início da noite.
Em Tempo: Vale lembrar que há exatos 525 anos o Brasil era descoberto por Pedro Álvares Cabral, que desembarcava onde hoje é Salvador, na Bahia, no comando da frota composta por 13 embarcações: nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos. Essa frota levava cerca de 1500 homens, incluindo soldados, religiosos, e até mesmo condenados à morte que trocavam sua pena por exílio.
São Luís, 22 de Abril de 2025.