Se for para sair deixando a bancada do União Brasil unida, com uma liderança efetiva, tudo bem, mas se for para sair deixando um ambiente de instabilidade e disputa na representação partidária, o melhor será continuar onde está. É essa a posição do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, líder da bancada do União Brasil na Câmara Federal, em relação ao convite que recebeu do presidente Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério das Comunicações no lugar do deputado federal Juscelino Filho (União), que pediu demissão e foi demitido há duas semanas pressionado pela condição de réu em processo no qual é acusado de corrupção com emendas parlamentares destinadas à Prefeitura de Vitorino Freire.
Não há dúvida de que Pedro Lucas Fernandes quer ser ministro das Comunicações, e no plano pessoal só depende de uma decisão dele para aceitar o convite presidencial. Só que o parlamentar maranhense mantém no seu alforje político uma reserva de ética partidária que o impede de colocar os seus interesses à frente dos interesses do partido. Para ele, não faz sentido deixar a liderança, para a qual foi eleito há pouco tempo, para ser ministro deixando para trás um ambiente de forte crise dentro do partido, com vários colegas, entre eles o ex-ministro Juscelino Filho, tentando chegar à liderança numa disputa fratricida.
Não há que duvidar de que Pedro Lucas Fernandes quer ser ministro, principalmente convidado pelo presidente Lula da Silva, numa conversa franca no início da semana, no Palácio da Alvorada. Ele aceitou de pronto, mas jogou aberto com o presidente pedindo um tempo – o período da Semana Santa -, para resolver as coisas dentro da bancada escolhendo um novo líder. No acerto com o chefe da Nação, que o conhece, Pedro Lucas foi objetivo: se a sucessão dele na liderança foi resolvida de maneira pacífica, ele assumirá o comando da pasta. Se isso não acontecer, ele prefere permanecer como líder, abrindo para que um colega seu de partido assuma o Ministério das Comunicações.
A situação dentro do União Brasil é tensa por conta da disputa entre várias correntes, em especial as originárias do antigo PSL, que romperam com o bolsonarismo, e os grupos oriundos do DEM, da qual faz parte Juscelino Filho. Saído das fileiras do PTB, onde nasceu e cresceu politicamente, tendo lá permanecido até que a insanidade do presidente Roberto Jefferson destruiu a agremiação criada por Getúlio Vargas, Pedro Lucas Fernandes trabalha para pacificar as duas correntes, e foi exatamente essa ação pacificadora que o tornou líder de uma bancada de 58 membros da Câmara Federal, o que representa grande peso e influência nas decisões da Casa.
Nas suas entrevistas, mais recentes, como a concedida ao influente jornalista Domingos Costa, Pedro Lucas Fernandes tem colocado as coisas com clareza, explicando que só dirá o sim definitivo se conseguir articular a escolha de um líder que não enfrente restrições na bancada, que precisa de uma condução articulada. O fato de o ex-ministro Juscelino Filho querer a liderança é lícito, mas ele enfrenta resistências, que fundamentam as tais restrições como o motivo pelo qual ele perdeu o ministério. Pedro Lucas Fernandes tem se mantido fora dessa discussão, não levantando qualquer óbice à indicação do colega maranhense, mas também sem fazer campanha aberta em seu favor. Sua condição de líder o desobriga de um posicionamento dessa natureza em relação ao colega.
O fato é que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes está muito entusiasmado pelo convite que recebeu do presidente Lula da Silva, e além das orações da Semana Santa, está mergulhado nas articulações por meio das quais chegará ao Domingo de Páscoa como ministro das Comunicações ou reafirmando sua condição de líder.
PONTO & CONTRAPONTO
De olho na Assembleia Legislativa, Paulo Victor vai disputar uma seara eleitoral minada

Osmar Filho, Neto Evangelista e Yglésio
Moises, entre outros, em São Luís
Na esteira do presidente da Câmara Municipal de São Luís, o vereador Paulo Victor (PSB), que segundo nove entre dez observadores será candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa, alguns outros candidatos estão fazendo contas sobre os nichos eleitorais que serão liberados em São Luís.
Dois deles chamam a atenção, o nicho deixado pelo atual prefeito de Bacabal, Roberto Costa, que sempre atuou fortemente na Capital. O outro poderá ser aberto pelo atual deputado estadual Fernando Braide, que segundo fonte ligada à família Braide, poderá ser candidato a deputado federal.
Atualmente, vários deputados bem votados em São Luís se preparam para buscar a reeleição, como Osmar Filho (PDT), que foi vereador por muito tempo, presidiu a Câmara Municipal, Yglésio Moises (PRTB), que tem base forte na Capital, e Wellington do Curso (Novo), que tem a cidade como sua principal prioridade, e Neto Evangelista (União), que herdou e vem mantendo o legado do pai, o ex-vereador e ex-deputado João Evangelista. Outros parlamentares, como Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), residem na cidade, recebem boas votações e querem ser considerados representantes dos ludovicenses.
Com quase 800 mil eleitores, São Luís poderia contar com pelo menos meia dúzia de deputados alinhados que atuassem como uma “bancada” da Capital, a exemplo do que acontece hoje com Caxias, que está representada por quatro deputados: Cláudia Coutinho (PDT), Catulé Jr. (PP), Daniella Gidão (PSB) e Adelmo Soares (PSB). Mas isso, ao que parece, não acontecerá tão cedo.
Membros da direita radical fazem guerras isoladas

Flávia Berthier, e embaixo: Lahesio Bonfim é
duramente atacado por Mical Damasceno
A direita radical do Maranhão, identificada com a ala mais reacionária do bolsonarismo, está vivendo uma espécie de autofagia, com membros destacados travando guerras isoladas. Esse ambiente de total discórdia veio à tona recentemente com dois confrontos.
O primeiro: segundo alguns canais da blogosfera, a vereadora por São Luís, Flávia Berthier (PL), bolsonarista roxa, atual presidente do PL Mulher do Maranhão, mesmo tendo sua atuação política resumida à cidade de São Luís, acusou o suplemente de deputado federal no exercício do mandato Allan Garcez, de agir nas sombras para ataca-la e desgastar a sua imagem política. Até onde é sabido, os dois são candidatos à Câmara Federal e querem ganhar os votos dos bolsonaristas mais radicais.
O segundo: a ultradireitista deputada estadual Mical Damasceno (PSD) abriu fogo de artilharia pesada contra o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), que se movimenta como nome da direita na corrida ao Palácio dos Leões em 2026. Ela o acusou de “falar muita besteira”, avaliando que o ex-prefeito “tem alguns parafusos frouxos”. E completou, enfática: “Ele não nos representa”.
Há quem preveja que isso é só o começo e que mais troca de chumbo grosso está a caminho.
São Luís, 18 de Abril de 2026.