A nove dias da eleição, a briga interna pelo controle do PL, que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro a cometer um descontrole verbal num ataque violento ao deputado federal Josimar de Maranhãozinho e seu grupo, que controlam o partido no Maranhão, tem reflexos na disputa do 2º turno para a Prefeitura de Imperatriz. Ele os taxou de “corruptos” e “marginais” e numa resposta ao presidente nacional do PL, Waldemar Costa Neto, e escorregou feio ao indagar se não existe honestos no estado. A ofensa indireta aos maranhenses impactou fortemente a campanha da candidata bolsonarista Mariana Carvalho (Republicanos). É que o ataque de Jair Bolsonaro a Josimar de Maranhãozinho se deu pouco depois de o chefe do PL no estado haver declarado seu apoio à candidata do Republicanos, levando chefes bolsonaristas a aconselharem Jair Bolsonaro a não mais participar da campanha da sua candidata em Imperatriz, onde pretendia passar três dias.
O mal-estar causado pelo destempero verbal do ex-presidente da República, além de fragilizar a candidatura de Mariana Carvalho, embalou indiretamente a candidatura de Rildo Amaral (PP), ampliando o favoritismo demonstrado no resultado do 1º turno, quando ele foi o mais votado. Mariana Carvalho e seus estrategistas tentaram nacionalizar a eleição em Imperatriz por intermédio de Jair Bolsonaro. Mas o projeto fracassou ao longo da campanha, na qual o candidato do PP focou Imperatriz e seus problemas, numa demonstração de que está mais antenado com esse cenário do que a candidata bolsonarista, que tem um discurso genérico e ideológico, pregando os postulados da direita radical. Todas as avaliações ouvidas pela Coluna afirmaram que Rildo Amaral foi muito melhor no debate da TV Mirante, realizado nesta semana.
A candidata do Republicanos perde consistência política, principalmente com a possibilidade de Jair Bolsonaro não passar os “três dias” em Imperatriz, como prometera. Além disso, o seu discurso tem o viés bolsonarista, atacando fortemente o Governo do Estado e, mais ainda, o Governo Federal, o que significa dizer que, se eleita for, não terá como bater às portas do Palácio dos Leões e do Palácio do Planalto. Rildo Amaral, por sua vez, amplia o seu suporte político, que começou com a atuação intensa do seu padrinho, o ministro do Esporte André Fufuca (PP), e tendo como apoiador o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB). Em seguida, ganhou o apoio do terceiro colocado na disputa, o deputado federal Josivaldo JP (PSD), e recebeu o aval do PT por meio do vice-governador Felipe Camarão (PT). E agora ganha o respaldo efetivo do governador Carlos Brandão, que ficou afastado no 1º turno, por uma questão de coerência, mas abraçou a sua candidatura e deve passar dois dias em Imperatriz neste final de semana.
No campo político e no das possibilidades relacionadas com o futuro administrativo de Imperatriz, ciente de que, se eleito for, vai enfrentar desafios gigantescos por conta do desastre que foi o segundo mandato do prefeito Assis Ramos, o candidato Rildo Amaral tem à sua frente um horizonte largo. Ele integra a base de apoio do governador Carlos Brandão, com quem, se eleito for, poderá fazer parcerias importantes, e com o Governo Federal, podendo ter acesso a recursos e programas decisivos para o futuro da segunda maior e mais importante cidade do Maranhão. Com o acréscimo de que o ministro André Fufuca será um parceiro importante na Esplanada dos Ministérios.
No contexto das possibilidades todos os exames e avaliações indicam que, com o rombo que será deixado pelo atual chefe do Executivo, a pergunta que está sendo feita é a seguinte: se eleita for, onde Mariana Carvalho buscará parcerias para viabilizar seus projetos? Nem ela nem seus aliados responderam objetivamente a essa indagação, que é crucial para o futuro de uma cidade que tem desafios a serem vencidos nas áreas mais sensíveis, como saúde, educação, mobilidade, infraestrutura, saneamento, e por aí vai…
PONTO & CONTRAPONTO
Prefeitos derrotados preparam máquinas para passar aos sucessores
Prefeitos que não se reelegeram ou que viram seus candidatos derrotados correm agora para “arrumar” a casa para passar o bastão e os problemas dando a impressão de que tudo vai bem na máquina municipal. É o caso de três prefeitos de cidades importantes: Dinair Veloso (PDT), de Timon, que perdeu a eleição para o deputado Rafael Brito (PSB), Éric Silva, de Balsas, cujo candidato, Celso Henrique (PP), foi derrotado por Alan da Marissol (PRD), e Luciano Genésio (PP), que viu seu pretenso sucessor, Kaio Hortegal (PP), derrotado por André da Ralpnet (Podemos).
Em Timon, a máquina administrativa municipal está sendo sacudida por uma série de medidas destinadas a conter gastos, colocar espaços para funcionar e ajustar a contabilidade, para que haja algum equilíbrio entre receita e despesa, além do que for possível deixar em caixa para o novo mandatário. O prefeito eleito Rafael Brito certamente passará um pente fino na estrutura da Prefeitura, para saber como vai começar a trabalhar.
Em Pinheiro, o prefeito Luciano Genésio estaria com dificuldades para fechar as contas para passar a chave do cofre para o seu sucessor, André da Ralpnet. Depois de uma campanha acirrada, durante a qual o prefeito Luciano Genésio jogou pesado para eleger seu sucessor, o que se diz nos bastidores é que o novo prefeito estaria determinado a fazer um levantamento minucioso, para saber o que tem para começar, e para cobrar explicações, se for o caso.
E finalmente Balsas, onde o prefeito Éric Silva encerra dois mandatos apontados como bem-sucedidos, mas com a preocupação de passar ao sucessor uma máquina funcionando normalmente. Sua providência para isso foi baixar um decreto no qual detalha um amplo pacote de dicas de contenção e organização, que vão do corte de cafezinho ao uso de água e energia elétrica.
É isso aí.
Eliziane se prepara para retomar campanha para a presidência do Senado
Depois de um período de absoluta discrição como secretária do Governo Brandão, a senadora Eliziane Gama (PSD) se prepara para retomar seu mandato em Brasília. Ao retornar ao jogo pesado da política no Congresso Nacional, que nesse momento está mais agitado ainda com a corrida pelo comando das duas Casas, a senadora maranhense avisa que retomará sua campanha à presidência do Senado, já contando com o apoio de parte da bancada feminina, da qual é uma das principais articuladoras. Ele enfrentará o peso pesado Davi Alcolumbre (União Brasil), candidato favorito, que já contaria com os votos do maranhense Ana Paula Lobato e Weverton Rocha, ambos do PDT. Não se vislumbra a possibilidade de vitória de Eliziane Gama, mas com certeza ela sairá da disputa politicamente mais forte, podendo fazer parte da Mesa Diretora. Eliziane Gama precisa se manter em evidência. Afinal, a sua corrida à reeleição está próxima da largada.
São Luís, 18 de Outubro de 2024.