Ao contrário do que muita gente concluiu apressadamente, ao declarar apoio ao projeto de candidatura do vereador-presidente Paulo Victor, que se filiou ao PSDB em grande festa na sexta-feira (04) à Prefeitura de São Luís, o deputado Rubens Júnior, único representante petista na bancada federal, não falou em nome do PT, mas em seu próprio nome. Esse registro é necessário para se avaliar o tamanho da importância que o PT terá na corrida ao Palácio de la Ravardière. Nessa avaliação, deve-se levar em conta dois fatores de suma importância nesse contexto. O primeiro é como se posicionará o braço do PT em São Luís, que costuma navegar contra a bússola que orienta o PT estadual, como ocorreu na eleição estadual de 2022, por exemplo. E o segundo fator é o seguinte: qual será o peso do PT, de volta ao poder nacional com o Governo Lula da Silva III e ao poder estadual, onde é representado pelo vice-governador Felipe Camarão, na disputa pela Prefeitura de São Luís. Há quem diga que o PT ludovicense vai acabar dando as cartas e há também quem aposte que o partido vai jogar pesado para ganhar, pelo menos, um naco do poder na Capital.

Para começar, o primeiro ponto a ser levado em conta é o fato de que o que está em jogo é o comando político e administrativo da maior e mais importante cidade do Maranhão, onde estão um sexto da população e quase dois décimos do eleitorado maranhenses, sem falar na influência econômica e na sua mundialmente reconhecida importância cultural. Todos os indícios apontam uma situação em que o PT, agora politicamente agigantado pela volta ao comando do País e consciente do largo avanço da direita, vai agir decidido a ganhar espaço político nos grandes centros. O melhor exemplo foi anunciado na semana passada: num processo difícil internamente, o PT decidiu, pela primeira vez, abrir mão de disputar a Prefeitura de São Paulo para apoiar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL, apontado como favorito em todas as pesquisas.

Guardadas as devidas proporções, São Luís não é diferente de São Paulo e das demais capitais, na maioria das quais o PT já tem um norte para a disputa. Só que no Maranhão o PT é uma malha de correntes com pouca afinidade e que vivem às turras. O comando estadual tende hoje a levar o partido para a base de uma candidatura apoiada pela aliança que dá sustentação ao Governo do Estado, formada por PSB, PCdoB e PT, em princípio em torno de um candidato do PSB, que tem o deputado federal Duarte Jr. como o nome mais forte, inclusive com o apoio da cúpula nacional do partido. Mas dispõe também a opção de acatar a posição do deputado federal Rubens Júnior e abraçar a candidatura do neotucano Paulo Victor, que tem a simpatia do Palácio dos Leões.

Pelo que se vê no cenário atual, o comando nacional do PT dificilmente abrirá mão de ter o prefeito, o vice-prefeito ou, pelo menos, uma bancada forte na Câmara Municipal, pois precisará de vozes que ecoem as ações nacionais do partido e do Governo Lula da Silva. E para resolver sua participação na corrida sucessória em São Luís, que, numa hipótese muito remota, pode ser até com candidato próprio, o PT precisará primeiro se harmonizar internamente, construindo um discurso comum de cabo a rabo. E mais: com a consciência de que o fracasso pode prejudicar o Governo Lula da Silva e o projeto de chegar ao poder pleno no Maranhão com a candidatura do vice-governador Felipe Camarão em 2026 ao Governo do Estado, o qual disputará na condição de governador em busca da reeleição.

Enfim, aparentemente distante da briga pela Prefeitura de São Luís, o PT, se vier a assumir o poder de fogo político que voltou a ter com a retomada do comando da máquina federal, pode vir a ser uma força decisiva na guerra na qual o prefeito Eduardo Braide (PSD) buscará a reeleição.

 PONTO & CONTRAPONTO

André Fufuca sem pressa na definição da pasta ministerial que vai ocupar

Mesmo sem saber ainda qual a pasta que lhe será entregue pelo presidente Lula da Silva, o deputado federal André Fufuca (PP) inicia a semana certo de que será ministro do Governo Lula da Silva. Isso foi confirmado na sexta-feira pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o articulador do Governo no Congresso Nacional. Ele também não revelou a pasta a ser destinada ao líder do PP na Câmara Federal.

Ontem, a Coluna perguntou ao parlamentar qual será a sua pasta, e ele respondeu sucinto: “Ainda não sabemos”.

E acrescentou, sem a afobação dos novatos e com a paciência das raposas tarimbadas: “Vamos aguardar”.

Esse vamos aguardar deve ter sido inspirado pelo que disse o presidente da Câmara Federal, deputado alagoano Arthur Lira (PP) depois de uma conversa com o presidente Lula no fim de semana.

DESTAQUE

A caminho da Ilha a tubulação para implantação de gasoduto em São Luís

Mensagem surpreendente postada ontem pelo presidente da Gasmar, Alan Kardek Duailibe na sua conta no wat-zap:

“A orientação do Governador Carlos Brandão é iniciar um novo ciclo de industrialização no Maranhão. Essa decisão é fundamentada em sua conhecida visão estratégica, já que o nosso estado é rico em gás natural e esse é o caminho para uma nova matriz energética baseada em nossas riquezas, além de iniciarmos no Brasil um novo ciclo de descarbonização, pois o GNL é a transição da transição.

A Gasmar passou o último ano trabalhando para que essa determinação ocorresse e acabamos de receber a tubulação para o primeiro gasoduto de São Luís”.

Parece uma manifestação qualquer, sem maior importância, à medida que chega ao público por um texto minúsculo, ainda que entusiasmado do presidente da Gasmar, que já foi diretor da Agência Nacional de Petróleo, sendo, portanto, detentor de autoridade técnica para falar sobre o assunto.

Se lida com a devida atenção, a nota do engenheiro Alan Kardek Duailibe traz informações que podem gerar vários e promissores desdobramentos na ciranda econômica do Maranhão.

Não é todo ano que se lê, de fonte devidamente autorizada, que o Governo se movimenta efetivamente para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento industrial no Maranhão. E que esse megaprojeto se baseia no fato concreto de que o estado é rico em gás natural (GNL). E por conta desses fatores, o Maranhão deve dar a largada em novo ciclo de descarbonização, e que a exploração correta das gigantescas reservas maranhenses funcionará com “a transição da transição” para uma economia descarbonizada, como exigem todos os tratados sobre recursos energéticos mundo a fora.

E como se isso não bastasse, o presidente da Gasmar informa a chegada da tubulação para a construção do primeiro gasoduto de São Luís. Trata-se de um sonho que vem dos anos 60, quando se especulou pela primeira vez sobre a existência de gás natural no Maranhão.

O conteúdo da nota e seus potenciais desdobramentos deveria ser manchete de jornal e matéria principal de emissoras de TV e Rádio.

São Luís, 06 de Agosto de 2023.