Eney Santana partiu aos 100 anos levando sua gentileza e parte da memória política do Ma

Eney Santana: a altivez e a elegância escondiam a delicadeza

Partiu ontem, aos 100 anos, a caxiense Eney Tavares Lisboa de Santana, ex-primeira-dama do Maranhão, esposa, companheira e paixão eterna do médico, professor e político Pedro Neiva de Santana, que governou o estado entre 1971 e 1975. As manifestações do governador Carlos Brandão (PSB) e da presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB) lamentando a perda destacam linhas gerais a respeito de quem foi Dona Eney Santana, como era conhecida, ao longo do século que durou sua existência: a aparência altiva, reforçada por uma elegância ímpar, sugerindo ascendência aristocrática, escondia uma mulher educada, atenciosa, esclarecida e muito ciente do espaço que ocupava na sempre intensa vida profissional, intelectual e política do marido.

Dona Eney Santana levou o registro rico de parte da história do Maranhão no século XX, que passa pelo Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas entre 1937 e 1945, durante o qual o marido Pedro Neiva foi prefeito de São Luís durante oito anos, indicado pelo poderoso interventor Paulo Ramos. Foi também deputado federal em 1938, e secretário de Fazenda do Governo José Sarney (1966/1970). Em outubro de 1970, indicado pelos militares com o aval do então senador eleito José Sarney e do governador Antônio Dino, foi o candidato da Arena e eleito governador do Maranhão, em pleito indireto, realizado pela Assembleia Legislativa, cargo que ocupou até 1975. Eney Santana viveu intensamente os bastidores desse processo – alguns acreditam que ela teve participação decisiva na posição do marido.

Na trajetória profissional, intelectual e política de Pedro Neiva, conhecido pela sua seriedade, Dona Eney Santana foi o braço forte dele, a sua confidente e sua conselheira. O que ficou evidenciado ao longo do tempo foi que o influente Pedro Neiva reverenciava a mulher, a ponto de ter entrado para o folclore político uma regra draconiana que vigorou no Palácio dos Leões durante aquele Governo: de segunda à sexta-feira, rigorosamente às 11 horas, a primeira-dama Eney Santana avisava ao governador que o almoço ir ser servido. Naquele momento, o governador Pedro Neiva, que tinha rigor britânico com horário, interrompia qualquer conversa, despedia-se do interlocutor e dirigia-se à ala residencial ao Palácio dos Leões, onde almoçava em companha da primeira-dama e só retornava ao gabinete de trabalho às 14 horas, para o expediente da tarde. Tal rotina só era quebrada em situação especialíssima.

Durante o Governo Pedro Neiva de Santana, em que pese o fato de que o Brasil estava amargando o período do general-presidente Garrastazu Médici, responsável pelos anos de chumbo da ditadura militar, que, além das posições políticas avessas, censurava grosseiramente as mais diferentes manifestações artísticas, o Maranhão viveu, curiosamente, um período explosivo no campo das artes.  Essa explosão veio com a música e o teatro produzido no Laborarte, por exemplo e muitas outras manifestações. Parte desse movimento teve a primeira-dama Eney Santana como incentivadora, atuando fortemente no apoio aos trabalhos ligados às artes plásticas. Tanto que o reconhecimento por essa atuação veio com a Galeria Eney Santana, referência destacada pela exposição de grandes nomes da pintura e da escultura no Maranhão.

Dona Eney Santana nasceu em Caxias em 1923 e casou ainda jovem com o já médico e político Pedro Neiva em Nova Iorque, terra natal dele, e onde viveram por algum tempo. O casal teve apenas um filho, Jaime, mas tinha como filhos a nora Alberlila e os netos Izabela, Pedro e Gabriela Santana. Jaime Santana graduou-se em economia e foi secretário de Fazenda no governo do pai, tendo deixado o cargo para se eleger deputado federal, liderando, junto com Aécio Neves, um movimento dissidente no MDB, que resultou na criação do PSDB.

Dona Eney Santana manteve vida discreta depois da morte do marido, em 1984, alimentando intactas a sua postura altiva e sua gentileza. As manifestações nas instituições políticas maranhenses lamentando sua partida simbolizam o prestígio que amealhou durante a sua longa e rica existência. Pena que não tenha deixado escritas as suas memórias.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão e Camarão reabrem três escolas de referência em São Luís

Carlos Brandão, Felipe Camarão e Iracema Vale
inauguram o Centro Educacional João Paulo II

A rede de escolas estaduais em São Luís teve ontem devolvida parte importante da sua integridade física e cultural, com a reinauguração de três das mais tradicionais unidades escolares de São Luís: o Centro de Ensino Médio Coelho Neto, no Bairro Ivar Saldanha; o Centro Educa Mais Almirante Tamandaré, na Cohab/Anil; e o Centro de Ensino João Paulo II, no Habitacional Turu. Juntas, as três escolas, que são referências em qualidade de ensino e abrigam mais de três mil estudantes do ensino médio nos três turnos.

A reinauguração, que é parte de um grande programa, foi comandada pelo governador Carlos Brandão (PSB) e pelo vice-governador e secretário de Estado da Educação Felipe Camarão (PT), com a presença da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), deputados e secretários, professores e estudantes. Além da reforma em si, as três escolas serão dotadas de quadras esportivas cobertas, conforme anunciou o vice/secretário Felipe Camarão, informando que o governador Carlos Brandão lhe deu autorização nesse sentido.     

O velho e honrado Centro de Ensino Coelho Neto teve renovado o auditório com 200 lugares, e que foi rebatizado de “José Luís Cantanhede Lopes”, em homenagem a um dos seus primeiros professores. Conta agora com uma “midiateca”, que abriga um rico acervo literário e receberá equipamentos de informática, e que foi batizada “Bráulio Gadelha Costa”, professor e avô do vice-governador Felipe Camarão. Ganhou ainda novos laboratórios (Física/Matemática, Química/Biologia e Eletromecânica/Eletrotécnica).

Maior referência educacional da região da Cohab/Anil, o Centro Educa Mais Almirante Tamandaré, que abriga mais de mil alunos em três turnos, foi inteiramente reformado, ganhando novos equipamentos e sistema de refrigeração. Agora, a escola tem novo auditório, biblioteca e Sala Maker, adequada para o estudo e a prática da robótica, área na qual já começa a ser uma referência.

E o Centro de Ensino João Paulo II, onde o Governo do Estado investiu mais de R$ 2 milhões na reforma e construção de novo espaço escolar, que ganhou salas de aula reformadas, midiateca, auditório e mais um sistema de acessibilidade para as pessoas com deficiência. Escola com mais de 40 anos, passa a ser de novo uma escola de referência.

Uma boa notícia

Denúncia contra Rigo Teles causa embaraços

Rigo Teles: denúncia
constrangedora

Impressiona a informação de que Rigo Teles (PL), ex-deputado estadual e atual prefeito de Barra do Corda, esteja sob o risco de perder o mandato e ser banido da vida pública pelo suposto crime de “rachadinha”. Feita pelo Ministério Público, a denúncia tem por base o depoimento de um motorista, Adson Flávio Ribeiro da Silva, que afirma haver trabalhado para o então deputado Rigo Teles ao longo de 10 anos e que em parte desse tempo fora nomeado para um cargo em comissão no gabinete dele na Assembleia Legislativa e que era obrigado a entregar parte do salário ao parlamentar, configurando aí o crime de “rachadinha”.

Vários aspectos desse imbróglio chamam a atenção, a começar pelo fato de que Rigo Teles, que exerceu nove mandatos consecutivos, 36 anos, na Assembleia Legislativa que agora é o prefeito de Barra do Corda, sempre ter exibido sinais de riqueza, em parte fruto da fortuna erguida pelo seu pai, Nenzim, um dos grandes comerciantes e fazendeiros da região, e que foi também prefeito de Barra do Corda. Ainda adolescente, Rigo Teles e seus irmãos estudavam em São Luís morando numa casa no bairro do Apicum, onde habitavam os ricos da cidade nos anos 60 e até 70, e dirigindo carro próprio, coisa rara um estudante na Capital em qualquer tempo.

É desconcertante saber que um político com seu lastro, e que tem a mulher, Abigail Teles (PL), detentora de mandato parlamentar, mas licenciada e exercendo o cargo de secretária de Estado da Mulher, esteja na corda bamba da Justiça por um crime tão rasteiro. O resultado é um baita constrangimento, primeiro na população de Barra do Corda, que vê seu prefeito numa situação dessas, e depois, no Palácio dos Leões, com o fato de que uma das integrantes do primeiro escalão vive esse drama em família.

Será muito positivo o prefeito Rigo Teles mostrar que a denúncia não tem base. O que parece não ser fácil.

São Luís, 20 de Abril de 2022.

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