Se os rumores que correm nos bastidores políticos ganharem consistência e se transformarem em verdades partidárias, o Grupo Sarney vai se dividir em duas frentes na corrida sucessória em São Luís. A primeira será com a candidatura da vereadora Rose Sales pelo PV. E a segunda poderá ser a candidatura do ex-deputado Ricardo Murad pelo PMDB. Os dois projetos começam a ganhar forma e, ao que tudo indica, um não interferirá no outro, como também parece não haver possibilidade de Murad e Sales formarem uma chapa, um tendo o outro como vice. Rompida com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e desencantada com o governador Flávio Dino, a nova estrela verde está determinada a brigar pela Prefeitura enfrentando o projeto de reeleição do prefeito e a candidatura da deputada federal Eliziane Gama (Rede Sustentabilidade). E Ricardo Murad não abre mão de continuar pleiteando a vaga de candidato, decidido que está a entrar no jogo para disputar a eleição. Essas forças só se unirão num eventual segundo turno, se uma delas chegar lá. Mas a política é mais dinâmica do que posicionamentos fechados.
A vereadora Rose Sales caminha para ser a candidata do PV pelas chamadas “vias normais”, ou seja: estava sem partido, conversou com o PV, teve sua proposta aceita e ingressou na agremiação, que a recebeu festivamente e já na condição de pré-candidata à Prefeitura. O entusiasmo foi tamanho que o deputado federal Sarney Filho, chefe maior do partido no Maranhão e um dos graúdos do comando nacional foi claro e direto ao anunciar que Rose Sales será a candidata à Prefeitura em 2016. Não bastasse o anúncio formal da conversão da vereadora ao PV, Sarney Filho foi mais longe: delegou a Rose Sales poderes totais para que ela articule a base política da sua candidatura em nome do PV. Em resumo: Rose Sales, até prova em contrário, será a candidata do PV à Prefeitura de São Luís, o que lhe garante, em tese, uma fatia expressiva do poder de fogo do Grupo Sarney na Capital.
Na mesma seara sarneysista estão o PMDB e o ex-deputado Ricardo Murad. O partido, que tem força nada desprezível em São Luís, acaba de sair de uma refrega pelo controle estadual, que levou ao embate o senador João Alberto e o ex-deputado Ricardo Murad. O primeiro levou a melhor; o segundo brigou, reclamou, mas já dá claros sinais de conformação. Mas dentro do partido há os que fazem a leitura de que Ricardo Murad não pode ser simplesmente descartado. E defendeu que o PMDB deve entregar-lhe a vaga de candidato a prefeito de São Luís. Não é o projeto do senador João Alberto, mas é um projeto que conta com clara simpatia do senador Edison Lobão e da ex-governadora Roseana Sarney, que juntos com o atual presidente, formam o triunvirato que dá as cartas dentro do PMDB. Há quem diga que até o ex-presidente José Sarney simpatizaria com a eventual candidatura de Ricardo Murad.
A verdade é que o PMDB não tem um projeto definido para a disputa eleitoral em São Luís, a começar pelo fato de que não dispõe de um candidato que mobilize o partido. Além disso, o PMDB corre o risco de ficar desgastado se com a força que tem se conformar em participar de uma aliança na qual ofereça no máximo um candidato a vice. Isso pode acontecer, por exemplo, se o ex-prefeito João Castelo (PSDB) vier a ser candidato. Os pemedebistas graúdos não querem essa solução, preferem o lançamento de um candidato do partido, que vá para as ruas e para o rádio e a TV em franca e contundente oposição ao prefeito Edivaldo Jr. e, por tabela, ao governador Flávio Dino (PCdoB). E ninguém parece mais indicado para cumprir essa tarefa do que o ex-deputado Ricardo Murad, com todo o rosário de controvérsias que o cerca. E o mais importante: ele topa a briga.
Essa situação terá de ser resolvida quando as águas de março secarem no ano que vem e terminar o prazo para a mudança de partido de quem tiver interesse em disputar as eleições municipais. É provável que se não tiver a legenda do PMDB, Ricardo Murad embarque em outra canoa partidária, que pode ser a do PTN, que já esteve em suas mãos, mas hoje é controlada pelo deputado federal Aluísio Mendes (PSDC), que lhe daria de bom grado a vaga de candidato a prefeito de São Luís. E como em política no Maranhão até boi voa, como dizem as raposas, não será absurdo imaginar até uma chapa Ricardo Murad/Rose Sales, como a única fórmula de reunir o Grupo Sarney na Capital.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Maioria quer impeachment de Dilma
Estimulada pelo debate que vem sendo travado no meio político nacional sobre o movimento da oposição para depor a presidente Dilma Rousseff (PT) por meio de um processo de impeachment no Congresso Nacional, a Coluna indagou a seus leitores a respeito do assunto. Durante varias semanas, manteve aberta a enquete em que perguntou se o leitor é a favor ou contra o impedimento da chefe Nação ou não tem opinião formada sobre o assunto. Votaram 191 leitores, e o resultado foi seguinte: 112 responderam que são a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff; 76 se manifestaram contra a medida; e somente três responderam que não têm opinião formada acerca do assunto. Mesmo que essa enquete não tenha valor estatístico, Ou seja, uma maioria expressiva abraçou o projeto da oposição e quer ver a presidente da República pelas costas, enquanto uma minoria, mesmo sofrendo as consequências desastrosas da crise econômica e política em que o país está mergulhado, manifestou-se contrária ao processo do impeachment. Chama a atenção o fato de que os eleitores estão posicionados.
Ex-aliado é obstáculo
Um dos obstáculos à candidatura do ex-deputado Ricardo Murad á prefeitura de São Luís pelo PMDB é o vereador pemedebista Fábio Câmara. Antes aliado firme do então secretário de Estado da Saúde, em nome de quem circulava no meio político e teve apoio intenso para chegar á Câmara Municipal, Fábio Câmara entrou em rota de colisão com Ricardo Murad quando este lançou as candidaturas de Andrea Murad e Souza neto à Assembleia Legislativa. O objetivo de Câmara era suceder Murad no parlamento estadual, mas o seu projeto foi atropelado pelas duas candidaturas lançadas e apoiadas direta e ostensivamente pelo secretário de Saúde. As relações se desgastaram a tal ponto que os dois romperam politicamente e encerraram as relações pessoais. Aqui e ali Fábio Câmara diz ter interesse em disputar a Prefeitura de São Luís, mas é um projeto que não tem consistência, apesar de ele ter construído uma base eleitoral expressiva na cidade. Os bombeiros acham que podem construir um acordo que reaproxime os dois.
São Luís, 03 de Novembro de 2015.