A primeira-dama Michele Bolsonaro desembarca hoje em São Luís, para participar de um evento com mulheres. E amanhã, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) chegará à Capital do Maranhão para evento de campanha. O casal presidencial faz um último e tenso esforço para virar, pelo menos, parte do eleitorado nordestino, que em média deu 70% para o ex-presidente Lula da Silva (PT) no 1º turno. É improvável que Jair Bolsonaro reverta fatia expressiva dos 68,84% (2.603.454 votos) recebidos por Lula da Silva, para somar com os módicos 26,02% (983.861 votos) que recebeu em território maranhense. Mas, para o presidente, que anda atormentado pelas pesquisas, que apontam vantagem do líder petista, o Maranhão virou uma espécie de obsessão para o candidato do PL.
Jair Bolsonaro sabe que não terá vantagem no Maranhão, a começar pelo fato de que os seus poucos apoiadores estão pulverizados por falta de aliados com estatura para liderá-los na organização de um grande movimento a seu favor. O problema é que, por meio da sua maioria, o Maranhão, em que pesem os problemas que enfrenta, tem personalidade política forte, sabe o que quer nesse sentido. E o recado nessa direção foi dado no 1º turno com a reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), a eleição do ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado, e a maioria esmagadora de votos dados a Lula da Silva. Foi mais uma surra histórica, que tem tudo para ser repetida no 2º turno.
O senador Roberto Rocha (PTB), que amarga o peso da derrota na disputa para o Senado urnas e agora a tragédia anunciada que foi a morte do filho, Paulo Roberto Rocha, ontem, vítima de câncer, não está em condições de assumir tarefas na campanha. O senador Weverton Rocha (PDT), que teve como candidato a vice o presidente oficial do PL no Maranhão, deputado estadual Hélio Soares, saiu das urnas atropelado pelo bolsonarista Lahesio Bonfim (PSC), emitira todos os sinais avisando que não participaria do “bota fora”. O próprio Lahesio Bonfim só se posicionou para pedir votos depois que recebeu duras cobranças eleitores bolsonaristas.
Único chefe bolsonarista nas urnas, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que de fato comanda o PL no Maranhão, não parece disposto a “queimar” seu filme nessa “cruzada” do presidente pela reeleição. Independente, Josimar de Maranhãozinho e sua mulher, a deputada estadual Detinha (PL), eleita deputada federal como campeã de votos, são nomes certos na base de apoio do Governo na hipótese de reeleição do chefe maior. Josimar e seus comandados sabem que tentar essa reviravolta tem um custo político elevado, que, ao que parece, não estão dispostos a pagar.
No contrapeso à investida à investida presidencial estão mais de 2,6 milhões de eleitores que sufragaram a candidatura do ex-presidente Lula da Silva nas urnas maranhenses. Eles estão representados pelo governador reeleito Carlos Brandão e pelo senador eleito Flávio Dino, por quase duas centenas de prefeitos, e pela maioria dos vereadores, deputados estaduais e deputados federais eleitos e reeleitos, e até por vozes importantes e influentes da sociedade civil do Maranhão. Mesmo vozes desse grupo que se manifestaram na contramão, como o deputado estadual reeleito Yglésio Moyses (PSB), que surpreendeu meio mundo ao anunciar voto em Jair Bolsonaro na rodada final da eleição presidencial.
O avassalador resultado do 1º turno no Maranhão fez o presidente Jair Bolsonaro compreender que seus aliados no estado não o levarão a lugar algum. E aí está a explicação para o fato de o presidente escalar sua mulher, Michele Bolsonaro, e a ele próprio para virem ao Maranhão fazer o esforço final para “ganhar” o eleitorado maranhense, que dificilmente dará a reeleição presidencial. É o esforço final numa guerra que pode resultar numa derrota completa de Jair Bolsonaro, num estado que já em 2018 lhe disse que não o queria como presidente.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto comanda a transição na Assembleia legislativa
A campanha para o 2º turno da eleição presidencial entre o ex-presidente Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, ainda está em curso, a diplomação dos eleitos só acontecerá daqui a um mês, mas o processo de transição na Assembleia Legislativa já está em curso. Ali, o presidente Othelino Neto recolocou a máquina legislativa nos devidos trilhos, retomando a rotina de despachos e de realização de seções, ao mesmo tempo em que coordena a movimentação para a eleição da nova Mesa Diretora, que, tudo indica, será comandada por ele próprio. Um dos aspectos a serem observados é que novos deputados já circulam no Palácio Manoel Beckman com a desenvoltura de quem já tomou posse. No início da semana, por exemplo, o preside das do Poder Legislativo recebeu numa visita de trabalho, do presidente do Poder Judiciário, desembargador Paulo Velten, que o procurou para uma agenda formal para discutir assuntos de interesse da máquina judiciária estadual. E o dado diferencial foi que o presidente do parlamento estava acompanhado por depois deputados eleitos, Carlos Lula e Rodrigo Lago, ambos integrantes da futura bancada do PSB, a maior da próxima legislatura.
Edilázio Jr. deve ter de passar o comando estadual do PSD para Josivaldo JP
Corre nos bastidores da política que a monumental perda sofrida pelo deputado federal Edilázio Jr. (PSD) não de resumirá à não reeleição. Pelo que está sendo ventilado, além de voltar a ser um cidadão comum, ele provavelmente terá de passar o comando do PSD no Maranhão para o seu colega de partido, o deputado federal Josivaldo JP. É o que manda a “regra” segundo a qual braços partidários estaduais devem ser comandados por deputados federais. Josivaldo JP deve ser convocado pelo presidente nacional do partido, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que deverá passar-lhe as chaves da agremiação no Maranhão. Isso deverá ocorrer tão logo o novo Congresso Nacional seja instalado, em fevereiro do ano que vem.
São Luís, 14 de Outubro de 2022.