À medida em que se aproxima o período das convenções partidárias para as eleições de outubro, ganha corpo a previsão de que a corrida ao Palácio dos Leões se dará dentro da polarização da disputa presidencial entre o ex-presidente Lula da Silva (PT), que segundo pesquisas têm a esmagadora preferência do eleitorado maranhense, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se desdobra para viabilizar seu projeto de reeleição com boa votação no Maranhão. Sem nenhuma exceção, as forças políticas maranhenses estão divididas em frentes partidárias lideradas pelos candidatos a governador, também com forte influência dos candidatos a senador. De um lado, o governador Carlos Brandão (PSB), o seu companheiro de chapa Felipe Camarão (PT) e o seu candidato ao Senado, o ex-governador Flávio Dino (PSB) comandam uma grande frente partidária reunindo a maioria das siglas de esquerda, engajada na pré-candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Do outro lado, o senador Weverton Rocha (PDT), tendo como vice o deputado estadual Hélio Soares (PL), comanda uma frente de partidos que expressam o espectro da direita no Maranhão, tendo o senador Roberto Rocha (PTB) como candidato à reeleição e o presidente Jair Bolsonaro, que tenta renovar o mandato.
Articulada pelo ex-governador Flávio Dino ao longo dos sete anos em que comandou o Governo, a frente partidária que dá sustentação ao projeto de candidatura do governador Carlos Brandão a reeleição começa pelo seu próprio partido, o PSB, seguido do PT, PCdoB, Cidadania, PP, PPV e PSDB, levando ainda siglas menores como Democracia Cristã, além de fatias expressivas do União Brasil, que está dividido ao meio, e do Republicanos. Nessa grade partidária deve ingressar informalmente o MDB. Esses partidos formam a base da chapa majoritária encabeçada pelo governador Carlos Brandão, tendo o ex-governador Flávio Dino como pré-candidato ao Senado e caminham para apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Nessa seara, as forças que não votam com o líder petista são o PP, que apoia Carlos Brandão e Flávio Dino, mas marcha em apoio ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, como é o caso também de grandes fatias do União Brasil e do Republicanos.
Ainda no âmbito da esquerda, com o ex-presidente Lula da Silva estão também o Solidariedade – de centro-esquerda -, que não soma com o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão porque tem o suplente de deputado federal Simplício Araújo como pré-candidato ao Governo do Estado, mas apoiam o projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino. E o PSOL, que apoia o líder petista, mas tem candidato próprio ao Governo do Estado, Enilton Rodrigues. O PSTU, por sua vez, está fora, pois tem Hertz Dias candidato a governador e Vera Lúcia como candidata a presidente.
No contraponto, com exceção do PSC, que tem Lahesio Bonfim como pré-candidato a governador, e do PSD, que disputa o Governo do Estado com Edivaldo Holanda Jr., as forças de direita se mobilizaram em torno do projeto de candidatura do senador pedetista Weverton Rocha (PDT) e da pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Não está claro se Weverton Rocha e Roberto Rocha formalizarão a aliança já declarada. O fato concreto é que eles caminham para as urnas embalados por uma frente formada pelo PDT – que desconhece totalmente a pré-candidatura do pedetista Ciro Gomes à presidência da República -, pelo PL, que indicou o vice Hélio Soares, pelo PTB, PROS e parte do União Brasil e do Republicanos, além de siglas inexpressivas. Essas forças se articulam para fortalecer o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Pelo que vai se desenhando até aqui, o quadro parece definitivo, mesmo com a possibilidade de mudanças pontuais. Em princípio, todas essas agremiações partidárias realizarão suas convenções até o final deste mês, de modo a que estejam prontas para a campanha eleitoral propriamente dita, que será iniciada em meados de agosto.
PONTO & CONTRAPONTO
Nem todos os candidatos a governador definiram vice e senador
Enquanto Carlos Brandão, Weverton Rocha, Enilton Rodrigues e Hertz Dias caminham para as convenções com chapas definidas, Lahesio Bonfim, Edivaldo Holanda Jr. e Simplício Araújo ainda não montaram inteiramente as suas chapas.
Lahesio Bonfim já declarou apoio ao projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), mas ainda não bateu martelo sobre seu vice, que poderá ser o vereador Gutemberg Araújo (PSC). Edivaldo Holanda Jr. também ainda não escolheu seu vice nem o seu candidato a senador, embora seu partido, o PSD, já tenha declarado apoio ao senador Roberto Rocha. Por sua vez, o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., cujo partido, o PSD, declarou apoio ao senador Roberto Rocha, parece estar livre para apoiar, pessoalmente, a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado, ou ficar neutro nesse item, o que parece improvável numa disputa desse nível. Finalmente, Simplício Araújo já marcou sua convenção, tem decidido o seu apoio ao projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino, mas até agora não falou em vice.
Eleição do governador vai definir o futuro da Famem
Uma guerra não declarada está em curso pelo comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), e seu desfecho será o primeiro grande desdobramento político da disputa para o Governo do Estado. Se o governador Carlos Brandão vencer a eleição, é quase certo que o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), será candidato à presidência da entidade municipalista, com todas as chances de desbancar o PDT, que hoje comanda a entidade pelas mãos do prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier, chefe da campanha do senador Weverton Rocha. Se o eleito for Weverton Rocha, o controle da entidade permanecerá com o seu partido, podendo eleger quem ele vier a indicar para substituir Erlânio Xavier, que segundo corre nos bastidores, será homem forte no governo pedetista.
São Luís, 10 de Julho de 2022.