A eleição retumbante e sem concorrente do vereador Paulo Victor (PCdoB) para a presidência da Câmara Municipal de São Luís foi o arremate do desmonte do PDT na Capital, com reflexos no estado como um todo. O partido que deu as cartas na maior e mais importante cidade e colégio eleitoral do estado, tendo o controle do Executivo e do Legislativo por mais de duas décadas, perdeu praticamente todo o seu espaço, vai quase desaparecer do cenário ludovicense com a posse do novo presidente em janeiro de 2023. Hoje na presidência da Casa por meio do vereador Osmar Filho, um político sem liderança e sem traquejo para a articulação, o PDT se esforça para ser o suporte do prefeito Eduardo Braide (sem partido), mesmo sabendo que ele tem outras opções para se garantir. E mais do que isso, o PCdoB e seus aliados dificilmente aceitarão ter o PDT como interlocutor, o que passa a ser um problema para o atual líder do Governo, vereador Raimundo Penha (PDT).
Depois de ter chegado ao poder com a maiúscula eleição de Jackson Lago prefeito em 1988, derrotando Carlos Guterres (MDB), o poderoso candidato do então governador Epitácio Cafeteira (MDB), o PDT de São Luís fez a prefeita Conceição Andrade (PSB) em 1992, elegeu de novo (1996) e reelegeu (2000) Jackson Lago, e de ter eleito Tadeu Palácio em 2002, e ainda garantido a reeleição de Edivaldo Holanda Jr. em 2016, o partido mergulhou num processo de encolhimento. Esse processo fez dele hoje uma agremiação sem rumo no seu berço, onde está o que sobrou do seu maior símbolo, sua militância. Tudo causado por um projeto de poder pessoal seu presidente, o jovem e arrojado senador Weverton Rocha, agora pré-candidato ao Governo do Estado.
Em crise do PDT começou depois da morte de Jackson Lago, quando houve uma guerra pelo comando partidário da qual Weverton Rocha, um jovem político ambicioso e arrojado apoiado pelo presidente nacional, Carlos Lupi, saiu vitorioso, e desde então vem moldando o partido à sua maneira tendo como foco central o seu projeto de poder. Nada de errado, não fosse o fato de que ele não combinou as demais lideranças do partido nem com familiares de Jackson Lago, todos militantes. No confronto interno, Weverton Rocha levou a melhor banindo figuras importantes do partido, tendo conseguido tempos depois impor sua liderança, apoiado pelo comando nacional e pelos militantes mais jovens. Jogou duro e levou a melhor, mesmo deixando profundas sequelas.
Seu projeto de poder começou bem, com a sua eleição para o Senado em 2018, que seria apenas o trampolim para o Palácio dos Leões. Até então bem-sucedido, começou a jogar errado quando, em vez de preparar um candidato pedetista para disputar a sucessão do prefeito Edivaldo Jr., optou por fazer um acordo mirabolante com a cúpula nacional do DEM, pelo qual lançou prefeito o deputado Neto Evangelista (DEM), para enfrentar o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) e o deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos). Em troca, o DEM apoiaria sua candidatura ao Governo do Estado. Neto Evangelista não vingou, e no segundo turno da disputa em São Luís, em vez de apoiar o candidato governista, preferiu apoiar Eduardo Braide, com dois objetivos: evitar a todo custo a eleição de Duarte Jr. e obter de Eduardo Braide a promessa de apoio à sua candidatura ao Governo. Resultado: Eduardo Braide venceu a eleição, Duarte Jr. foi o segundo, mas saiu das urnas muito mais forte, enquanto o PDT saiu do pleito bem menor, sem a prefeitura e com apenas quatro vereadores. Dos 45 prefeitos que elegeu pelo partido, pelo menos 10 já se afastaram da sua pré-campanha.
Em janeiro de 2021, Weverton Rocha conseguiu eleger o vereador Osmar Filho presidente da Câmara, sinalizando que jogaria o peso do seu prestígio senatorial e sua relação com o prefeito Eduardo Braide garantiriam ao PDT continuar no comando da Casa. Sem liderança, Osmar Filho, com o apoio do senador e do Palácio de la Ravardière, tentou montar uma base de apoio em torno da candidatura do respeitável vereador Gutemberg Araújo (PSC), mas o projeto foi arquivado pelo surpreendente poder de articulação do vereador Paulo Victor, que apoiado pelo Palácio dos Leões se elegeu ontem, sem oponente.
A pergunta que se faz no meio político é o que será do braço maranhense do PDT se o senador Weverton Rocha, que já não lidera a corrida às urnas, não ganhar as chaves do Palácio dos Leões em outubro. As previsões são no mínimo sombrias.
PONTO & CONTRAPONTO
Com Madeira para a Casa Civil, Brandão apostou na experiência política e prestigiou Imperatriz
O governador Carlos Brandão (PSB) montou uma equipe técnica e alinhada à visão do ex-governador Flávio Dino. Fez, porém, ajustes reveladores de que o seu Governo terá um forte viés político. E nessa seara, a escolha do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, para a Casa Civil, foi um tiro certeiro. O primeiro: médico por formação Sebastião Madeira é um político tarimbado, de larga experiência. Um dos fundadores do PSDB, teve atuação destacada como deputado federal durante o Governo FHC, chegando à presidência do Instituto Teotônio Vilela, centro de estudos políticos do partido. Foi duas vezes prefeito de Imperatriz, deixando ali um legado respeitável. O segundo: nomear um ex-prefeito de Imperatriz para o mais importante e influente cargo da Governadoria é uma maneira inteligente e produtiva de prestigiar a maior e mais importante cidade do Maranhão depois de São Luís. O terceiro: mesmo que esteja afastado das atividades partidárias e que o PSDB tenha sido entregue a Inácio Melo, marido e operador político da senadora Eliziane Gama (Cidadania), Sebastião Madeira poderá atrair muitos tucanos para a base de apoio do governador Carlos Brandão.
JP e Mical aliviados por deixarem o PTB e ingressarem no PSD
O deputado federal Josivaldo JP e a sua colega estadual Mical Damasceno não conseguem controlar a expressão de alívio por haverem deixado o PTB e ingressado no PSD. Ele, que era presidente, e ela, sua antecessora no posto, romperam com Roberto Jefferson depois que ele decidiu entregar o partido ao senador Roberto Rocha. A felicidade dos dois foi completada com o seu desembarque no PSD, um partido de centro-direita e cuja representação no Maranhão é bem ajustada sob o comando do deputado federal Edilázio Jr., que tem como braço-direito o experiente deputado César Pires, os dois focados na candidatura do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. a governador. E levaram de quebra o deputado Pastor Cavalcante, que deixou o PROS, que ganhou destino incerto no Maranhão depois que foi entregue ao suplente de deputado Marcos Caldas.
São Luís, 05 de Abril de 2022.