Brandão assume hoje com ampla noção de governo e sólida base para brigar pela reeleição

 

Flávio Dino e o sucessor Carlos Brandão, que assume hoje e abre nova fase numa relação política de respeito e lealdade, rara nos dias de hoje, que vem dando certo

O vice-governador Carlos Brandão (PSB) será empossado hoje, pela Assembleia Legislativa, como Governador do Estado do Maranhão, para fechar o mandato iniciado em 1º de janeiro de 2019 e cumprido até 31 de março de 2022 pelo governador Flávio Dino (PSB). Ao assumir o cargo, Carlos Brandão ganha o direito de concorrer à reeleição, para um mandato, no pleito de outubro deste ano. Nos próximos nove meses, o substituto eventual legal do governador do Maranhão será o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que está no exercício do cargo desde a noite de quinta-feira, e nele permanecerá até às 16 horas de hoje, quando o parlamento estadual consumar a transição entregando as chaves do Palácio dos Leões ao médico veterinário Carlos Brandão. Ele chega ao comando do Estado do Maranhão aos 63 anos, tendo no currículo a experiência de vários anos como secretário de Meio Ambiente e secretário-chefe da Casa Civil, dois mandatos consecutivos de deputado federal e dois mandatos, também consecutivos de vice-governador do Maranhão, com atuação eficiente e leal, tendo ainda na grade curricular o vistoso item “ficha limpa”. No plano político, Carlos Brandão vai liderar a grande aliança partidária articulada pelo então governador Flávio Dino, de quem recebeu total apoio para montar e consolidar o projeto de sucedê-lo.

Na condição de governador titular, Carlos Brandão inicia a segunda etapa da sua caminhada para as urnas comandando uma ampla e plural estrutura político-partidária, o que lhe assegura a condição de favorito na disputa em que terá como adversários o senador Weverton Rocha (PDT), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Agir36), o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o senador Roberto Rocha (PTB), o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), o suplente de deputado federal Simplício Araújo (Solidariedade), o professor Hertz Dias (PSTU) e o servidor público Enilton Rodrigues (PSOL). A chapa que encabeçará terá o advogado Felipe Camarão (PT) como vice e o ex-governador Flávio Dino como candidato ao Senado.

Carlos Brandão construiu as condições para suceder Flávio Dino no comando do Poder Executivo, no qual terá o desafio de manter as linhas gerais de um Governo inovador pelo ousado viés social. Construiu assim as condições para ser ungido candidato do grupo liderado por Flávio Dino, de modo que sua indicação, só não aceita pelos senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama (Cidadania) – que se juntaram num projeto a favor do chefe pedetista. É o desfecho natural de uma construção cujos componentes foram a extrema lealdade política, a participação ativa no Governo ao longo de sete anos, e a discreta, mas eficiente, montagem da sua base política nesse período. Essa costura o fez mudar de partido várias vezes – menos por vontade própria, mais pelos movimentos partidários nacionais -, até conseguir desembarcar no porto seguro do PSB, acompanhando o governador Flávio Dino, consolidando o projeto de candidatura no melhor dos cenários.

O neossocialista Carlos Brandão vai para as urnas com o apoio do PT, que emplacou o vice Felipe Camarão, e, por via de desdobramento, com o aval do ex-presidente Lula da Silva, que o terá como seu candidato no Maranhão, um ganho político de grande potencial eleitoral. Sua base política reúne, por enquanto, nove dos 18 deputados federais, mais de 30 dos 42 deputados estaduais, pelo menos 120 dos 217 prefeitos declarados e um exército de vereadores em todas as regiões do estado. Além disso, Carlos Brandão construiu muitos canais de comunicação e relacionamento com a sociedade civil organizada, como entidades empresariais e sindicais, organizações de profissionais liberais, segmentos da área cultural, credenciando-se para uma relação baseada no diálogo. Essa linha de ação política alcança também os diversos segmentos do serviço público e suas organizações representativas.

Ainda jovem e entusiasmado, Carlos Brandão reúne todas as condições e credenciais para ser um sucessor à altura do seu avalista Flávio Dino. Chega ao comando do Poder Executivo com plena consciência do que vai encontrar e, ao que tudo indica, decidido a dar continuidade ao programa de governo do seu antecessor, cuja implantação acompanhou de perto e sabe exatamente o que fazer para mantê-lo.

Em resumo: Carlos Brandão chega ao Palácio dos Leões para assumir um Governo inovador e sem manchas éticas, e que pretende manter e ajustar de acordo com sua visão.  E também liderando uma base político-partidária ampla e sólida, com a qual pretende chegar às urnas e, se possível, renovar o mandato.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Indicação de Camarão foi tiro certeiro de Flávio Dino

Felipe Camarão será o companheiro de chapa de Carlos Brandão na disputa

Nenhuma surpresa na escolha do advogado Felipe Camarão (PT) para candidato a vice na chapa de Carlos Brandão. Para começar, trata-se de um quadro de proa do Governo Flávio Dino, que se credenciou para a vaga como gestor público e por ter se tornado um petista maiúsculo dentro e fora do partido. Todas as avaliações indicam que ele soma política e eleitoralmente e conta com o aval do comando nacional e da direção estadual e de amplo apoio na base partidária.

A escalação de Felipe Camarão para vice de Carlos Brandão é o desfecho de uma das articulações mais bem elaboradas de Flávio Dino em tempos recentes. Enxergando muito à frente, o então governador tirou o seu competente e prestigiado secretário de Educação do antigo DEM, o fez ficar algum tempo sem partido e, no momento certo levou para o PT. Já neopetista, Felipe Camarão se lançou pré-candidato a governador, ganhou  respeito dentro do partido e se credenciou para ser candidato a deputado federal, sendo apontado no meio político como um dos prováveis a serem eleitos.

Na montagem da equação para a disputa eleitoral na aliança liderada por Flávio Dino, o PT repetiu a experiência de 2010, quando indicou o sindicalista Washington Oliveira para vice de Roseana Sarney (MDB). Tinha a prerrogativa de indicar o primeiro suplente na chapa de Flávio Dino ao Senado. O cálculo era: se eleito senador e se Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto, Flávio Dino certamente será ministro, abrindo vaga ao suplente. O PT na vaga de vice, porque, se Carlos Brandão for reeleito agora, certamente renunciará ao mandato para disputar o Senado ou a Câmara Federal em 2026, dando a Felipe Camarão a oportunidade de fechar mandato de governador e se candidatar à reeleição.

A indicação de Felipe Camarão para vice pode garantir a presença de aliados firmes de Flávio Dino à frente do Governo até 2030, caso Carlos Brandão seja reeleito agora e Felipe Camarão em 2026.

Comete erro grosseiro quem duvida da habilidade política de Flávio Dino.

 

Othelino joga aberto, decide apoiar Brandão e garante suplência de senador à Ana Paula Lobato

Ana Paula Lobato – exibindo seu diploma de vice-prefeita eleita de Pinheiro, será candidata a suplente na chapa de Flávio Dino ao Senado

O presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB) deu o mais certeiro dos tiros políticos dessa fase de montagem para as eleições de outubro. Ele pisou no freio na sua condição de aliado e avalista da pré-candidatura do senador Weverton Rocha, desistiu de migrar do PCdoB para o PDT, reafirmou sua aliança com o ex-governador Flávio Dino e declarou apoio à pré-candidatura de Carlos Brandão ao Palácio dos Leões. E como é praxe na seara política, a contrapartida veio, e generosa: sua esposa, Ana Paula Lobato (PDT), atual vice-prefeita de Pinheiro, foi escolhida para ser 1º suplente na chapa do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Ana Paula Lobato vai migrar para o PSB.

Othelino Neto surfou nas ondas traiçoeiras do arrojado, mas inconsistente, projeto de poder liderado pelo senador Weverton Rocha. Pela força política que reuniu como chefe de poder, tornou-se uma espécie de avalista da pré-candidatura do senador pedetista. Mas, ao contrário do chefe do PDT, e por forças da condição de presidente do poder Legislativo, ele manteve inalterada sua relação com o governador Flávio Dino, com quem continuou dialogando. O desfecho de ontem foi o resultado de um longo roteiro de conversas e avaliação. No qual chegou à conclusão de que caminhava para uma aventura de alto risco. Assim, entre a expectativa de direito da vice-prefeita de Pinheiro e a possibilidade de ela se tornar suplente de senador e assumir o mandato com a convocação do eventual titular Flávio Dino num eventual Governo Lula fez o presidente da Assembleia decidir pela mudança de rota.

O dado que chama a atenção nessa articulação foi que tudo se deu abertamente, num jogo político só jogado por raposas experimentadas.

São Luís, 02 de Abril de 2022.

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