A menos que haja uma reviravolta dentro do Grupo Sarney, causada, por exemplo, com o PMDB lançando um quarto nome num rompante, ou, do outro lado, o PSB peite o governador Flávio Dino e lance um projeto eleitoral fora da escrita do Palácio dos Leões, o quadro de candidatos de peso para a corrida eleitoral em São Luís está praticamente definido. E se essa avaliação estiver correta, a eleição de 2016 para a Prefeitura da Capital se dará entre três candidatos da mais nova geração de políticos maranhenses: o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada federal Eliziane Gama (Rede Sustentabilidade) e a vereadora Rose Sales (PV). Eles terão uma oportunidade sem igual de mostrar durante a campanha o que essa geração tem, de fato, na cabeça, podendo até mesmo indicar novos rumos na política maranhense.
O prefeito Edivaldo Jr. entra na corrida para conquistar um novo mandato com a experiência de quem entrou “zerado” no primeiro, sofreu o isolamento imposto pela governadora Roseana Sarney, enfrentou acusações de despreparo, mas soube absorver a pancadaria e sobreviver até a chegada de um aliado no Palácio dos Leões. Agora fortalecido, está deslanchando o governo e deu uma guinada radical no campo político e partidário ao deixar o PTC e ingressar no PDT. Edivaldo Jr. terá na campanha a grande oportunidade de mostrar que conhece São Luís, sabe quais são e onde estão os seus problemas centrais. Além do mais, já deve ter a fórmula para resolver cada um deles. Poderá fazer isso com um discurso novo, inteligente, focado na realidade e sem estar preocupado que os Leões ao lado do Palácio de la Ravardière querem hostilizá-lo.
Ao se filiar à Rede, agremiação criada pela ex-senadora Marina Silva, a deputada federal Eliziane Gama deu um salto de qualidade na sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís, pois largou PPS, um partido quase fora de contexto e que nada tem a oferecer ao eleitor. Na Rede, ao contrário, pode lhe dar um discurso moderno, que começa com a tarefa de mostrar ao eleitorado uma nova maneira de fazer política. A candidata da Rede terá a oportunidade de, através da linha programática do seu partido, provocar uma discussão séria sobre o presente e o futuro de São Luís. Se tem mesmo a inteligência política que muitos lhe atribuem, poderá transformar o programa da Rede numa bandeira com poder de arrebanhar seguidores.
A vereadora Rose Sales ganhou a mesma oportunidade ao desembarcar no PV, onde recebeu, de cara, o status de pré-candidata do Grupo Sarney à prefeita de São Luís. Nascida da base, e com a experiência de dois mandatos na Câmara de São Luís, ela reúne todas as condições de montar um discurso inovador tendo como base os postulados do PV, que vão muito além da pregação de “ecochatos”. Para isso, pode contar com a colaboração do deputado federal Sarney Filho, que se notabilizou como um dos mais ativos e respeitados líderes verdes do tabuleiro da política nacional.
Se esses três candidatos resolverem, de fato, inovar, modernizando os seus discursos de acordo com as linhas partidárias que defendem, pensando São Luís a partir dos valores contidos nas doutrinas e programas dos seus partidos, darão uma contribuição imensa ao processo político da Capital. E com reflexos nas eleições estaduais de 2018. Mais do que isso, fecharão o cerco para inviabilizar projetos eleitorais baseados em postulados políticos já vencidos e deixarão sem espaço candidatos que entrarem na corrida pelo caminho da pancadaria verbal pura e simples.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Sorrisos para o público
Tudo aconteceu como um entusiasmado encontro de parceiros políticos fidelíssimos. O governador Flávio Dino (PCdoB) recebeu ontem o senador Roberto Rocha (PSB), e após uma conversa rápida e descontraída, posaram para fotografia com sorrisos largos, como se tudo estivesse às mil maravilhas entre eles. Mas a realidade é outra. A relação de Dino e Rocha já não é a da campanha, durante a qual trilharam juntos e não esboçavam sequer uma divergência, por mais simples que fosse o assunto. Eleitos e empossados, os dois perceberam que têm muito mais diferenças do que puderam imaginar na corrida às urnas. O governador não concordou com algumas ações do senador, que também não gostou de algumas atitudes do governador. Resultado, os dois se afastaram, dando a entender que o divórcio político seria irreversível. A foto distribuída ontem pela Secom tenta passar à opinião pública que tudo está em ordem naquele relacionamento. Mas o mundo político todo sabe que a realidade é bem diferente.
Ministros amigos
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho, participou ontem, em Brasília, da posse coletiva dos novos ministros do governo da presidente Dilma Rousseff. Além de levar o seu apoio à reforma ministerial operada pela presidente da República, o chefe do Poder Legislativo estadual foi a Brasília se congratular com dois ministros, especificamente: André Figueiredo, deputado federal do Ceará, que assumiu o Ministério das Comunicações como representante do PDT no governo, e Marcelo Castro, deputado federal do PMDB do Piauí, que foi guindado ao comando Ministério da Saúde. O deputado Humberto Coutinho cultiva relações pessoais com os dois ministros. Seu relacionamento de amizade com André Figueiredo vem da convivência no PDT. Já sua amizade com Marcelo Castro da proximidade de Caxias com Teresina e, mais, do fato de serem médicos e ter a saúde pública como item de ação política. Acompanharam o presidente Humberto Coutinho a Brasília os prefeitos de Caxias, Leo Coutinho, e de Parnarama, Davi Carvalho.
Eleição no Judiciário
O Tribunal de Justiça elege hoje sua direção ara o biênio 2016/2017. Diferentemente de outros colégios, a eleição se dá por acordo, seguindo uma ordem em forma de rodizio. O presidente deverá ser o desembargador Cleones Cunha, um dos mais experientes integrantes do Colégio de Desembargadores. Os cargos de vice-presidente e corregedor geral de Justiça devem ser preenchidos por acordo, mas sendo quase certo que será ocupado pela desembargadora Anildes Cruz, atual vice-presidente do Poder Judiciário, mas pode haver surpresas. A eleição da nova direção se dá num momento de crise no Poder Judiciário, que parece viver um vazio de liderança, que pode ser preenchido pelo desembargador Cleones Cunha.
São Luís, 06 de Outubro de 2015.