“A reunião será no dia 29. Até lá vamos conversar bastante para ver o pensamento da maioria. Agirei como sempre: serenidade e diálogo”.
A declaração é do governador Flávio Dino (PSB), dada no final da tarde de sábado (13) em resposta a indagação feita pela Coluna a respeito dos pedidos para que a escolha do candidato da aliança governista ao Governo do Estado fosse adiada. Com a manifestação, o governador descartou a possibilidade de adiar a reunião com pré-candidatos e líderes dos partidos da aliança governista, deixando claro que não vai alterar a agenda sucessória definida com as mesmas lideranças no início do ano, como prevê a carta por elas assinada. Os pedidos para que a escolha do candidato seja adiada partiram de Felipe Camarão, pré-candidato do PT ao Palácio dos Leões, e pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa, principal apoiador e avalista da pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). O vice-governador e pré-candidato a governador Carlos Brandão (PSDB) defendeu o cumprimento da agenda, com a definição do candidato governista neste mês.
A lógica do governador Flávio Dino é simples e objetiva: a reunião do dia 29 deverá definir o candidato. Os pré-candidatos já tiveram tempo necessário para se viabilizar, o que justifica plenamente a manutenção da agenda e a realização do encontro. No seu entendimento, os pré-candidatos têm ainda duas semanas para conversar, atrair apoiamento e firmar posição em relação ao futuro. O governador acredita que na reunião a maioria estará formada e em condições de apontar o nome que, na avaliação dela, deve ser o candidato da base governista à sucessão estadual.
Na sua declaração, o governador Flávio Dino afirma que está, como sempre esteve, pronto para o diálogo e que agirá com serenidade, como, aliás, tem sido sua postura ao longo desse processo que o tem como coordenador. Diálogo não faltou, pelo menos até agora. O senador Weverton Rocha, o vice-governador Carlos Brandão e os secretários de Estado Simplício Araújo e Felipe Camarão se lançaram na disputa por sua conta e risco, cientes, portanto, das regras definidas em Janeiro e firmadas em carta por todos assinada. Seus projetos de candidatura foram definidos e “ganharam a estrada” sem que nenhuma força em contrário minasse sua caminhada. De lá para cá, todos puderam realizar suas pré-campanhas sem restrições, inclusive dando-lhes ares de campanha propriamente dita, como os movimentos liderados pelo pedetista Weverton Rocha e pelo tucano Carlos Brandão.
Nesse processo, o governador Flávio Dino manteve as portas abertas ao diálogo franco, sem nhenhenhém, colocando as coisas sempre nos seus devidos lugares, e sempre sinalizando que o candidato que será escolhido, se não exata e rigorosamente por consenso, pelo menos pela voz da maioria das lideranças partidárias da base governista. Nesse processo, pelo menos até aqui Flávio Dino atuou serenamente, apesar das pressões, provocações e até de ataques de que tem sido alvo. Mesmo nos momentos mais tensos da pré-campanha, o governador manteve a serenidade, alimentando canal com os pré-candidatos, inclusive mantendo integralmente a participação deles e seus partidos no Governo. Nesse contexto, Weverton Rocha manteve o PDT no comando da abrangente Secretaria de Desenvolvimento Social e do Detran; Simplício Araújo não teve perdido um só naco de poder como titular da Secretaria de Indústria, Comércio e Energia; Felipe Camarão se lançou pré-candidato mantendo o mesmo espaço como secretário de Educação poderoso e influente, e Carlos Brandão vem atuando como vice-governador prestigiado e atuante.
Não está categoricamente decidido que o candidato da aliança governista será inadiavelmente escolhido na reunião do dia 29. Mas não há dúvida de que ela será realizada com esse objetivo e, a julgar pelo ânimo do governador, será um marco decisivo na corrida sucessória dentro da base aliada, com fortes e decisivas repercussões fora dela.
PONTO & CONTRAPONTO
Felipe Camarão impressiona vice nacional do PT e pode sair candidato do partido
O secretário Felipe Camarão caminha para ser o candidato do PT ao Governo do Estado. As dificuldades ele enfrentava dentro do partido, como cristão novo na seara petista, foram mandadas para o espaço com a passagem do vice-presidente nacional do PT, Márcio Macêdo, pelo Maranhão.
O N° 2 do comando nacional do partido, que é homem de confiança do ex-presidente Lula da Silva, ficou impressionado com o perfil administrativo e político do secretário de Educação e, em vez de mergulhar em infindáveis e explosivas reuniões com as forças que formam o PT maranhense, surpreendeu ao sinalizar que Felipe Camará pode, sim, ser o candidato do PT à sucessão do governador Flávio Dino.
Márcio Macêdo cumpriu integralmente sua agenda no Maranhão: conversou com as correntes que formam o partido, esteve com o governador Flávio Dino e manteve contato com os pré-candidatos da base governista. Tudo com o objetivo de municiar a direção nacional do PT com informações que lhe permita ajustar a bússola do PT maranhense para as eleições de 2022.
De tudo o que viu e ouviu no multifacetado PT maranhense, a melhor impressão que colheu foi exatamente a pré-candidatura de Felipe Gamarão a governador. E de acordo com uma fonte do partido, Márcio Macêdo retornou a Brasília motivado a sugerir que o PT banque a candidatura de Felipe Camarão ao Governo em faixa própria.
Filiação de Moro ao Podemos empurra Braide para o tabuleiro sucessório estadual
A filiação do ex-juiz-chefe da Lava Jato Sérgio Moro ao Podemos levou o debate político para dentro do Palácio de la Ravardière e tirou o prefeito Eduardo Braide da chamada “zona de conforto”. Antes da filiação do ex-ministro da Justiça ex-bolsonarista linha de frente, o prefeito de São Luís vinha se movimentando à margem da corrida presidencial, passando a impressão de que não estava interessado na guerra pela sucessão do presidente Jair Bolsonaro (a caminho do PL) nem na corrida ao Palácio dos Leões. O desembarque de Sérgio Moro pode dar um giro de 360 graus na situação do prefeito, que além dos problemas que enfrenta, terá agora de, como maior liderança do Podemos no Maranhão, preparar terreno para o provável candidato presidencial do partido no estado, implicando isso a definição de como o Podemos vai participar da política estadual. Lançará candidato a governador. Mas vai errar feio quem esperar que Eduardo Braide vá queimar cartuchos à toa. Político racional e estrategista eficiente, que pode incluir o lançamento de um candidato ao Governo do Maranhão ou uma aliança com um candidato já posto, ou ainda resumir a participação do partido criando palanque para o eventual presidenciável. Especulações à parte, o fato é incontestável: o prefeito de São Luís terá de assumir também a condição de líder partidário, e isso implica abraçar a eventual candidatura do ex-chefe da Operação Lava-Jato.
São Luís, 14 de Novembro de 2021.