A corrida ao Palácio dos Leões no pleito do ano que vem – que já vinha ganhando densidade e velocidade com reuniões regionais em torno da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), pelo iminente início de campanha do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD) nos municípios, pela campanha aberta do prefeito Lahesio Bonfim (PSL) e pelo discurso diuturno de pré-candidato do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) – teve largada consumada neste Sábado, em Imperatriz, com o lançamento da pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). Não foi um evento qualquer, foi uma largada mesmo. O senador pedetista reuniu num grande palanque seus aliados e boa parte do PIB político da Princesa do Tocantins, e avisou, no seu discurso, que é candidato a governador e que é impossível desistir, e sentenciou: “Esse projeto não tem volta, pois veio para ganhar a eleição”.
Quando são pressionados por prazos eleitorais, muitos fatos políticos costumam ter vida efêmera. Mas com o evento de Imperatriz, o senador pedetista passou um recado enfático e, ao que parece, definitivo na confirmação da sua candidatura. Na prática, ele sinalizou que não pretende cumprir o acordo pelo qual caberá ao governador Flávio Dino (PSB) coordenar os entendimentos para definir o candidato do grupo à sua sucessão. E foi incisivo no discurso: “Gosto muito do Flávio Dino, é meu amigo, ele tem o reconhecimento de todos nós pelo trabalho que ele fez no Maranhão. Só que eu quero ser candidato de baixo para cima. Eu quero o apoio dele, mas na verdade quem vai me apoiar e me eleger é o povo do Maranhão”. E provocado sobre a possibilidade de recuar, foi igualmente enfático: “Vocês já viram foguete dando marcha ré? Então vamos para frente, que o Maranhão tem pressa e quer ser feliz”.
Qualquer análise do discurso que fez em Imperatriz certamente chegará à conclusão de que Weverton Rocha está determinado a ser candidato, com disposição inclusive para romper com a aliança se não for ele o escolhido. E como todas os sinais também indicam que o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que será governador titular a partir de Abril, não abre mão de sua de ser candidato, a tendência óbvia é a de que os dois irão para o confronto, para se bater e enfrentar, cada um por si, os demais candidatos, entre eles o mais viável, o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Todos os movimentos de Weverton Rocha até aqui têm mostrado a disposição, quase obstinada, dele de partir para o confronto aberto, caso não obtenha o status de candidato da aliança articulada pelo governador Flávio Dino.
Ainda é cedo para se afirmar com segurança que todos os projetos de candidatura ao Governo rascunhados até aqui estejam definitivamente consolidados. Mas também não há como garantir que algum deles venha a ser retirado por falta de consistência e de futuro nas urnas. Pelo que foi documentado em Imperatriz, mesmo que venha a sofrer uma reviravolta, o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha é sólido, tornando-o o concorrente a ser vencido, como também é sólido e bem lastreado o projeto de candidatura do vice-governador Carlos Brandão, condição que certamente alcança ainda a pré-candidatura de Edivaldo Holanda Jr..
A largada oficial de Weverton Rocha em Imperatriz, embalada pelo slogan #O Maranhão mais feliz, não foi um ato comum de reafirmação política. Foi, pelo seu tamanho – cerca de duas mil pessoas em área aberta – e pelo peso político das lideranças presentes – entre elas o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), o prefeito Assis Ramos (DEM), os deputados federais André Fufuca (PP) e Juscelino Filho (DEM), os deputados estaduais Marco Aurélio (PCdoB), Rildo Amaral (SD) Ricardo Rios (PDT), além de prefeitos e ex-prefeitos da região – um evento pré-eleitoral de peso. E que sinalizou, de maneira muito clara, a largada do senador Weverton Rocha, dentro ou fora da aliança governista, em direção às urnas de 2022.
PONTO & CONTRAPONTO
Racha: Julião Amin, ex-presidente do PDT, declara apoio a Brandão
Nem tudo foi festa para o senador Weverton Rocha no fim de semana em que lançou, num grande ato em Imperatriz, sua pré-candidatura ao Governo do Estado. Na noite de Sexta-Feira, 13, enquanto se reunia com líderes tocantinos e cuidava dos últimos detalhes para a festa política de Sábado, o senador recebeu uma notícia desconcertante: naquele momento, em São Luís, o ex-deputado federal Julião Amin, um dos fundadores do PDT no Maranhão, visitava o vice-governador Carlos Brandão e declarava apoio ao seu projeto de candidatura. O movimento de Julião Amin escancarou o “racha” que vem estraçalhando o PDT, principalmente a sua grande em São Luís, desde a partida do ex-governador Jackson Lago e do deputado federal Neiva Moreira. Julião Amin não pé um pedetista qualquer. Bancário que se destacou como presidente do Sindicato dos Bancários nos anos 80, ainda em plena ditadura, Julião Amin foi um dos fundadores do PDT do Maranhão ao lado de Jackson Lago e Neiva Moreira, tendo se tornado um dos mais próximos colaboradores dos dois líderes. Com a morte de Jackson Lago, assumiu a presidência do partido, mas foi logo destronado por Weverton Rocha. Julião permanece no partido, que já representou em seis mandatos parlamentares – três de deputado estadual e três de deputado federal -, mas não segue a orientação de Weverton Rocha, atuando como oposição interna. Com a declaração de apoio ao vice-governador Carlos Brandão, Julião Amin mostra que o senador e presidente não é unanimidade no partido.
Partidos rejeitam Bolsonaro temendo clima de bagunça
O deputado federal André Fufuca (PP) encontra-se com um baita problema na sua mesa de trabalho no posto de atual presidente nacional do partido: a tentativa de filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seus filhos e sua tropa de choque ao seu partido. Corre o zumzum dando conta de que o presidente está em conferência com os líderes do partido – além de André Fufuca, pesam na legenda o deputado federal alagoano Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, e o senador piauiense Ciro Nogueira, atual chefe da Casa Civil – para definir uma posição. Isso porque boa parte dos deputados federais do PP já avisou que não quer saber do presidente e sua turma no partido, criando assim um clima de constrangimento para os líderes.
Antes do PP, Jair Bolsonaro foi rejeitado no PMB, depois mirou no Patriotas, que igualmente lhe fechou as portas por meio de uma crise entre apoiadores e não apoiadores do presidente dentro do partido. Agora está causando um estica-encolhe dentro do PP presidido no Maranhão e no plano nacional pelo deputado federal André Fufuca, onde também é rejeitado por parte dos deputados federais do partido. Nos três casos, a rejeição ao presidente é justificada pelo temor de que Jair Bolsonaro e sua tropa estabeleçam um clima de bagunça dentro do partido. No caso específico do Maranhão, o temor dos líderes é que o senador Roberto Rocha acompanhe o presidente e reivindique o comando estadual do partido. Nesse contexto de rejeição, sua procura poderá terminar nos portões do PTB, que poderá ser apressada com o presidente do partido, Roberto Jefferson, na cadeia. Parece ser o único em que o presidente será acolhido, caso resolva entrar. É o sonho colorido da presidente do partido no Maranhão, deputada Mical Damasceno.
São Luís, 15 de Agosto de 2021.