A senadora Eliziane Gama (Cidadania) se consolidou mesmo como a voz do Maranhão na CPI da Covid – como desenhara a Coluna na edição do dia 20/05/ -, e foi mais longe, como a mais atuante membro da Bancada Feminina na Comissão e, para muitos observadores, um dos senadores que mais tem contribuído para dar consistência à investigação. Diferentemente dos seus dois colegas de bancada, os senadores Weverton Rocha (PDT) e Roberto Rocha (sem partido), a representante maranhense ocupou um espaço largo e importante na Comissão, fazendo intervenções bem articuladas e indagações apropriadas aos depoentes. Tanto que ontem o blog O Antagonista – cujos integrantes são de direita, mas fazem um jornalismo sério -, revelou que a senadora estaria sendo incluída no chamado G7 da CPI, grupo formado por senadores de oposição e independentes, entre eles o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL). A atuação de Eliziane Gama vai muito além da CPI, com excelente produção legislativa e for atuação política, como a desassombrada crítica que fez ontem à decisão do comando do Exército de não punir a afrontosa e perigosa indisciplina do general Eduardo Pazuello.
A senadora maranhense foi bem em todas as suas intervenções na CPI da Covid, mesmo sem ser membro. Ao contrário dos seus colegas de bancada, que têm mantido distância da Comissão – não são obrigados a participar, é bom lembrar -, a senadora tem sido presença constante e ativa, tendo até aqui inquirido todos os depoentes, convocados e convidados, com questionamentos pertinentes, focados na temática e marcados pelo equilíbrio, procurando obter respostas que apontem a origem dos problemas e os responsáveis. Ela foi dura com o ex-ministro da Saúde, general Pazuello, criticando-o severamente pelas contradições do seu depoimento: “O senhor mentiu muito aqui”, disse ele ao general cujas respostas a indagações importantes não a convenceram.
Suas intervenções na CPI são via de regra fundamentadas em informações e números. Quem acompanha sua trajetória desde o seu primeiro mandato de deputada estadual sabe que que essa é uma das mais fortes marcas do seu trabalho parlamentar. Jornalista por formação e radialista experiente, Eliziane Gama sempre ilustrou seus pronunciamentos com números, percentuais, índices. Essa marca foi importante para o seu trabalho na Câmara Federal, onde se destacou como membro da CPI da Petrobras. Daí o fato de sempre fundamentar suas manifestações com informações numéricas e estatísticas.
Ontem, fora do âmbito da CPI, a senadora Eliziane Gama foi igualmente dura com o comando do Exército por conta da decisão de não punir o general Eduardo Pazuello pela transgressão disciplinar e o desrespeito às regras sanitárias que que ele praticou ostensivamente ao participar de um evento de natureza política ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em meados de Maio, no Rio de Janeiro. Na sua avaliação, com a decisão de arquivar o caso, o comando do Exército abriu precedente grave, que pode fragilizar a instituição militar, agora sujeita a um estado de anarquia, à medida que a indisciplina não punida do general pode estimular atos de insubordinação dentro da força. “Essa decisão desmoraliza o comandante do Exército”, disse ela, em tom de indignação.
Não será surpresa, portanto, se a senadora Eliziane Gama vier, de fato, a integrar o chamado G7 da CPI da Covid, provavelmente como representante da Bancada Feminina, mesmo sem integrar formalmente a Comissão. Ali, ela se juntará ao seu colega de partido, senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES), que também vem se destacando como um dos membros mais centrados e preparados da Comissão. Leva ao grupo convicção quanto a sua posição de cidadã, competência parlamentar e, sobretudo, destemor político, certa de que, apesar das tensões e das provocações golpistas, as instituições do País garantirão a democracia.
PONTO & CONTRAPONTO
General dos EUA erra e pede desculpas; general brasileiro erra, é amparado e debocha
Estados Unidos, 6 de Junho de 2020 – O chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Mark Milley, o militar mais poderoso do planeta, apareceu na TV para pedir desculpas aos norte-americanos. Ele não perdeu uma guerra, não maltratou subordinados, não desviou dinheiro público, não foi apanhado com uma prostituta, nada disso. Seu erro, quase um crime naquele País, foi ter acompanhado o presidente Donald Trump, seu chefe maior, num ato político. Numa jogada de marketing, Donald Trump “convidou” seus assessores na Casa Branca para acompanhá-lo numa caminhada até à Igreja de St. John, parcialmente destruída por um incêndio na noite anterior. Ali, o presidente pousou para fotógrafos com uma bíblia na mão, num ato claro de exploração política, duramente criticado até por aliados do partido Republicano. Para que a comitiva chegasse ao templo, a polícia teve de afastar manifestantes a cassetete e gás lacrimogêneo. Sem saber do que se tratava, o general Mark Milley, fardado, integrou a comitiva. Mas quando se deu conta de que, como general e chefe do Estado Maior, participara daquele ato, entrou quase que em desespero, ciente de que cometera uma transgressão muito grave e imperdoável. Horas depois, como que em estado de choque, o general convocou uma coletiva e fez uma declaração: “Eu não deveria ter estado lá. Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna. Devemos defender o princípio de um Exército apolítico que está tão profundamente enraizado na própria essência de nossa república”. Se redimiu.
Brasil, 23 de Maio de 2021 – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como sempre desrespeitando as regras sanitárias, liderou um passeio com milhares de motociclistas e partidários em carros. No retorno, o presidente subiu num palanque e fez um discurso fortemente político. Ao seu lado, em trajes civis, ninguém menos que o general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ele também sem máscara e lixando para as normas sanitárias. E foi muito mais longe quando pegou o microfone e discursou exaltando o chefe. A Constituição do Brasil reza, de maneira direta, que militar da ativa, soldado ou general, não pode participar de ato político e partidário. O regimento das Forças Armadas prevê punição severa para essa transgressão. O caso foi denunciado ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, que ontem alegou que o colega dele nada fez de errado e arquivou o caso. A conclusão dominante: o comandante do Exército abriu caminho para que qualquer militar, independentemente da patente, participe de ato político com a certeza de que estará desrespeitando a Constituição, mas não será punido. Em resumo: enquanto o general americano assumiu seu erro e pediu desculpas aos seus compatriotas, o general brasileiro errou feio, debochou dos brasileiros, foi blindado por seus superiores e pode entrar para a História como o oficial que instaurou a anarquia militar no Brasil.
Enquanto Bolsonaro desmoraliza Exército, Dino fortalece a Polícia Militar
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro faz de tudo para fragilizar as Forças Armadas estimulando a insubordinação no generalato e insiste na insanidade de que a população deve se armar, no Maranhão o governador Flávio Dino (PCdoB) navega em outra direção. Quarta-Feira, por exemplo, a Assembleia Legislativa promulgou duas leis relacionadas com a Polícia Militar. A primeira consolida a criação da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP), e a segunda cria o 2º Batalhão de Polícia Militar de Turismo e o 39º Batalhão da Polícia Militar. Na verdade, tanto a FEISP e os batalhões já estão criados e funcionando via Medida Provisória, agora convertidas em lei estadual.
São Luís, 04 de Junho de 2021.
Ribamar , a grande diferença é que um é GENERAL americano, não é ajudante de ordens! O outro, o brasileiro, aquele que integra a população que precisa ser estudada, pois mergulha no esgoto, ou seja ,mergulha na MERDA e não tem nem coceira, não passa de um AJUDANTE DE ORDENS.