A saída do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. dos quadros do PDT, anunciada ontem por ele próprio, foi recebida como um fato político “quase” natural, mas guarda pelo menos três aspectos que valem a pena ser avaliados no atual cenário político. O primeiro é que Edivaldo Holanda Jr. utilizou o PDT para facilitar sua reeleição em 2016 com plena convicção de que não permaneceria no partido. O segundo: a saída do ex-prefeito afunda mais ainda o PDT em São Luís, onde já deu todas as cartas, mandando e desmandando. E o terceiro: a não permanência do ex-prefeito no PDT levanta dúvidas sobre a condução do partido pelo senador Weverton Rocha, seu chefe inconteste. Ontem, os principais nomes da agremiação preferiram “ignorar” o desligamento do ex-prefeito, como também seus porta-vozes em meios de comunicação, que preferiram não tocar no assunto. Mas não há como não avaliar o passo de Edivaldo Holanda Jr. sem medir o peso dessa decisão dentro da agremiação pedetista.
Quando se esquivou de participar da disputa pela sua sucessão, recusando-se a apoiar o deputado Neto Evangelista, candidato da aliança do PDT com o DEM, articulada por Weverton Rocha, o então prefeito Edivaldo Holanda Jr. mandou um recado claro de que sua saída do partido após o pleito seria questão de tempo. Primeiro porque, político da chamada “direita civilizada”, mais inclinada ao centro, o ex-prefeito não tem qualquer afinidade com o viés esquerdista do PDT. Além do mais, com o cacife político que amealhou em dois bem-sucedidos mandatos no comando de São Luís, alcançou status para comandar um partido e não permanecer submetido ao comando forte do senador Weverton Rocha. Agora, está livre para ter um partido para chamar de seu ou se filiar a uma legenda onde seja a estrela maior. Quem sabe não retornará ao PTC, pelo qual se elegeu prefeito em 2012? O controle está garantido.
Quanto ao futuro, Edivaldo Holanda Jr. tem horizonte largo pela frente. Ao preencher seu vácuo partidário, poderá sentar na mesa com o governador Flávio Dino (PCdoB) como opção para companheiro de chapa do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), ou entrar na briga por uma cadeira de deputado federal, projeto que poderá realizar sem maiores dificuldades. Há quem o veja entrando na corrida ao Palácio dos Leões, mas uma avaliação mais cuidadosa certamente concluirá que não é ainda o seu momento de queimar esse cacife tão duramente armazenado. Isso porque nesse momento, quando tudo parece conspirar a seu favor, o pior que lhe pode acontecer é dar um passo em falso e sofrer uma derrota eleitoral.
No que diz respeito ao PDT como força partidária, a saída de Edivaldo Holanda Jr. aumenta fortemente o enorme desgaste sofrido pelo partido em São Luís na corrida eleitoral do ano passado. A agremiação, que comandou a cidade por 20 anos nas últimas três décadas, tinha um prefeito, não lançou um candidato e fez uma aliança com um partido adversário em torno de um candidato que o prefeito queria ver pelas costas. O comando o pedetista montou a equação perfeita para o desastre. Resultado: o PDT perdeu a mais importante Prefeitura do Maranhão, teve sua representação reduzida na Câmara Municipal e agora, de quebra, perde o quadro mais influente depois do senador Weverton Rocha.
Ao deixar o PDT, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. dá um passo ousado, pois, mesmo sem um papel de comando, sua permanência no partido lhe dava a garantia de uma sólida estrutura partidária, base necessária para viabilizar seus projetos, sem ter necessariamente de disputar espaços de poder com o chefe maior da agremiação. Dono de boa experiência, e tendo no pai, o deputado Edivaldo Holanda (PTC), raposa tarimbada, um bom conselheiro, o ex-prefeito de São Luís certamente sabe o que estava fazendo quando decidiu deixar a legenda comanda pelo senador Weverton Rocha, nome forte na corrida ao Palácio dos Leões.
PONTO & CONTRAPONTO
Especulação sobre migração de Dino do comunismo para o socialismo anima PSB
Em meio à especulação segundo a qual o governador Flávio Dino estaria avaliando resolver seu futuro partidário até o final deste mês, tendo como opções permanecer no PCdoB ou migrar para o PSB, ou seja, abandonar o comunismo e se converter ao socialismo, o presidente da legenda socialista no Maranhão, Luciano Leitoa, ex-prefeito de Timon, reafirmou que o partido continua com as portas escancaradas para o governador do Maranhão. Disse, porém, nada saber sobre o que foi especulado durante o dia, colocando em dúvida a veracidade da informação.
De acordo com os especuladores, Flávio Dino inclinado a migrar para o PSB, mas sabe que sua saída do PCdoB poderá significar o fim da legenda, à qual está filiado desde que deixou o PT, no início deste século. Foi no PCdoB que disputou todas as suas eleições, com vitórias e derrotas, situações que contribuíram para que o ex-petista criasse um vínculo forte com o mais antigo partido de esquerda do País. E nenhuma das fontes da Coluna admitiu a possibilidade de o governador rever sua posição partidária no momento. Ao contrário, todas disseram que, pelo menos por enquanto é difícil imaginar Flávio Dino fora do PCdoB, principalmente sabendo que sua saída poderá causar o fim do partido.
O próprio governador não se manifestou a respeito dessa especulação.
Reaproximação de Lula com Sarney anima parte do MDB no Maranhão
Emedebista graduados do Maranhão estão torcendo para que o partido reedite a aliança com o PT para as eleições do ano que vem. Sabem, porém, que essa possibilidade, se vier a se concretizar no plano nacional, enfrentará muitas dificuldades no Maranhão. Isso porque, atualmente, o caminho mais claro para o PT no Maranhão é compor com o PCdoB e não mais com o MDB, como aconteceu nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Agora, mesmo considerando a importância do ex-presidente José Sarney numa eventual articulação de uma nova aliança PT/MDB no País, como querem muitos petistas e emedebistas, no Maranhão, o aliado preferencial do líder petista é o governador Flávio Dino, que esteve na linha de frente da cruzada contra processos e prisão do ex-presidente.
São Luís, 08 de Maio de 2021.