Esquerda e centro-esquerda precisam se unir e evitar o fracionamento na corrida ao Palácio do Planalto no ano que vem, de preferência em torno de um nome de consenso, que poderá ser o ex-presidente Lula da Silva, caso ele recupere seus direitos políticos. Além disso, as forças de Oposição devem alinhavar um programa viável e abrangente, para convencer o eleitorado de que tem condições de dar logo a volta por cima. Essas definições são a base para enfrentar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que até aqui tem o projeto eleitoral mais estruturado. Trata-se de um candidato forte, que tem uma base eleitoral consistente, mas fragilizado por um governo desastroso, e que por isso não vencerá a eleição. Esse, em resumo, é o quadro do momento, segundo o governador Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ontem ao jornal O Globo, na qual manifestou também a seguinte avaliação, em tom de sentença: “Para perder de Bolsonaro, nós temos de errar muito”.
Na entrevista, o governado Maranhão se reafirma como um político com posição ideológica muito clara, que tem os pés no chão e que se move por um pragmatismo que faz todo sentido no atual cenário político do Brasil. Ele se mostra convencido de que o lançamento de pré-candidaturas agora, como fez o ex-presidente Lula ao indicar que o PT já fez opção pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, prejudica a possiblidade de um grande diálogo envolvendo ele próprio, Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL). “Se bate o martelo muito precocemente, em se tratando de um partido importante como o PT, pode criar interdições ao debate”, alerta o governador, explicando que “colocar nome na frente não parece uma tática ajustada”.
O alerta do governador maranhense contra a fragmentação da esquerda e do centro-esquerda se baseia no fato de que, no seu entendimento, o presidente Jair Bolsonaro é um candidato forte, com um projeto estruturado, em condições de chegar ao segundo turno como o nome a ser batido. O fato de ter um projeto eleitoral estruturado, com uma base de apoio que alcança 30% do eleitorado, não assegura a reeleição ao presidente. “Ele perde a eleição”, diz o governador, manifestando certeza de que, se vier a ser candidato, o ex-presidente Lula reúne as condições para derrotá-lo. Esse cenário tem como suporte os bem-sucedidos dois governos do líder petista, que liderou o País de 2003 a 2010 com o apoio de forças de centro – o MDB, por exemplo -, de centro-esquerda e esquerda, com força política e prestígio para eleger Dilma Rousseff (PT) como sucessora. Com Lula fora do páreo, o caminho possível é a construção de uma aliança e de uma candidatura pelo diálogo.
Flávio Dino defende a construção de um novo programa para o Brasil como outro fator decisivo para o enfrentamento do projeto de reeleição de Jair Bolsonaro. Na sua avaliação, a dura realidade social e econômica imposta aos brasileiros pela pandemia do novo coronavírus e os desmantelos do atual governo federal transformaram o País e tornaram defasados e inadequados todos os programas partidários em vigor. Diante disso, não há como enfrentar Jair Bolsonaro sem um programa novo, realista, que interprete o novo cenário nacional, com os precarizados, os uberizados. “Tem que modular o programa porque a realidade mudou. O programa de 2022 não pode ser o mesmo do Lula em 2002”, destacou o governador do Maranhão.
Incluído na lista dos candidatos a candidato a presidente da República na seara da esquerda, juntamente com Ciro Gomes – que não abre mão de ser candidato – e Guilherme Boulos – novo xodó da esquerda radical -, o governador Flávio Dino não confirma nem nega que esteja de fato interessado em entrar nessa disputa. Seu silêncio é indicador de que, mesmo já tendo declarado que seu projeto eleitoral preferencial é disputar uma cadeira no Senado, ele ainda admite entrar na corrida presidencial, mesmo que na hipótese de o ex-presidente Lula sair candidato, tendo-o como vice. Suas declarações a O Globo, porém, antes de serem de um pré-candidato, são as de um líder que vem ganhando espaço e respeito no cenário político nacional.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana pode entrar na corrida ao voto, mas descarta candidatura ao Senado e ao Governo
É quase certo que a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) suspenderá a aposentadoria para retornar à corrida pelo voto. Conforma registrado pela Coluna há duas semanas, a líder emedebista está inclinada a disputar uma cadeira na Câmara Federal para ajudar o seu partido a aumentar o número de representantes na bancada maranhenses.
Mas no seu círculo mais próximo há vozes instigando-a a entrar na guerra pelo Palácio dos Leões. Elas argumentam que, ao contrário de 2018, quando concorreu sem chance contra o governador Flávio Dino, ela pode entrar como uma espécie de “terceira via” no confronto que se desenha entre o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) e o senador Weverton Rocha (PDT). No cálculo desses roseanistas roxos e saudosos do poder, Roseana Sarney entra na briga com pelo menos 30% das preferências do eleitorado, num cenário em que não se tem ainda informações confiáveis sobre o poder de fogo do vice-governador – que concorrerá como governador – e do senador pedetista.
Com os pés fincados no chão, Roseana Sarney não quer acrescentar a terceira derrota ao seu rico currículo eleitoral. Isso significa dizer quer, pelo menos até aqui, sua simpatia é por uma eventual candidatura à Câmara Federal.
Crise no Grupo Leitoa, em Timon, tem a ver com o futuro político do ex-prefeito Luciano Leitoa
Mais clara, a cada dia, a motivação que causou rompimento no Grupo Leitoa, em Timon, onde o deputado estadual Rafael Leitoa (PDT) foi alijado da corrente depois de entrar em rota de colisão com o ex-prefeito Luciano Leitoa (PSB) e o pai dele, o também ex-prefeito Chico Leitoa (PDT).
Depois de dois mandatos na Prefeitura de Timon, o jovem Luciano Leitoa, 40 anos, e que já foi deputado estadual e deputado federal, ficou sem mandato, precisa de um mandato, pois não vê sentido permanecer no tabuleiro da política apenas como presidente regional do PSB. Especula-se que que poderá disputar uma cadeira na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa. Ao mesmo tempo, seu pai, Chico Leitoa, estaria inclinado a encarar as urnas, preferencialmente para a Câmara Federal.
Se Chico Leitoa e Luciano Leitoa se candidatarem, como vem sendo especulado, Rafael Leitoa se prepara para tentar o terceiro mandato na Assembleia Legislativa. Trata-se, como é óbvio, de uma conta que não fecha, pois, mesmo sendo o quarto maior eleitorado do Maranhão, o tabuleiro político de Timon não comporta três membros de uma mesma família brigando por cadeiras nos parlamentos estadual e federal.
Há quem diga que um deles vai desistir, o que permitirá as seguintes situações. Se Chico Leitoa desistir de disputar a Câmara Federal, Luciano Leitoa tentará voltar para Brasília, podendo o pai tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa, nesse caso rifando Rafael Leitoa. Mas pode acontecer de Chico Leitoa abrir mão de concorrer à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa, Luciano Leitoa tentará ir para Brasília numa dobradinha com Rafael Leitoa, este tentando renovar o mandato na Assembleia legislativa.
A fonte da Coluna garante que é esse o problema no Grupo Leitoa
São Luís, 14 de Fevereiro de 2021.