Fala de Othelino Neto e foto de Weverton Rocha e Márcio Jerry indicam que 22 já está na pauta

 

Othelino Neto disse que não disputará o Senado se Flávio Dino for candidato; Weverton Rocha e Márcio Jerry no Congresso: foto deu o que falar no meio político

Por mais que algumas lideranças tentassem alimentar o discurso segundo o qual é muito cedo para se falar de sucessão estadual em 2022, algumas declarações feitas ontem, em gestos e entrevistas, mostraram que a pauta sucessória já está em vigor e que será tema de infindáveis manifestações e articulações até abril do ano que vem, quando fase prévia do jogo terminar e a guerra propriamente dita será iniciada. Primeiro foram as declarações do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) sobre seu futuro nas próximas eleições; segundo, foi uma imagem fotográfica do senador Weverton Rocha, presidente estadual do PDT, e o deputado federal licenciado, presidente estadual do PCdoB e atual secretário de Cidade. Os dois registros deram o que falar nos bastidores da política e fora deles, dando margem a uma frenética série de especulações, confirmando assim a suspeita de que o tema sucessório dificilmente sairá da posição de prioridade que já ocupa na agenda política estadual.

Em várias entrevistas, o presidente Othelino Neto, que assumiu ontem o mandato para o qual fora eleito ainda em abril de 2019, confirmou que seu projeto inicial era disputar a vaga de senador. Mas essa possibilidade entrou em banho-maria quando o governador Flávio Dino (PCdoB), que chegou a admitir disputar a Presidência da República, desde que por uma grande aliança juntando o centro-direita, o centro, o centro-esquerda e a esquerda, e até mesmo disputar uma cadeira na Câmara Federal para ajudar seu partido na luta pela sobrevivência formal, avisou recentemente que sua opção primeira é pela candidatura ao Senado, o que começa a ganhar forma definitiva. Nesse caso, Othelino Neto foi claro: não será candidato a senador e buscará a reeleição de deputado estadual.

Um dos quadros que mais ganharam musculatura política nos últimos tempos, Othelino Neto tem um leque de opções bem maior do que Senado e Assembleia Legislativa. Nos vários cenários possíveis, ele pode, por exemplo, vir a ser candidato a vice-governador numa chapa de consenso da aliança dinista liderada por Weverton Rocha ou pelo vice-governador Carlos Brandão (Republicanos). Ou pode ainda, numa hipótese remotíssima, mas possível na política do Maranhão, vir a assumir o Governo se o vice-governador optar por outro rumo, o que lhe daria a possibilidade de tentar a reeleição. O presidente da Assembleia Legislativa é centrado, tem os pés no chão e sabe planejar seu futuro com cuidado, como demonstraram todos os seus passos desde que conseguiu eleger-se vice-presidente do parlamento estadual em fevereiro de 2015.

Numa outra perspectiva, a imagem que registrou Weverton Rocha e Márcio Jerry ontem, em Brasília, deu margem a uma série de especulações, sendo a mais factível e interessante delas a que enxergou no registro o prenúncio da candidatura do líder pedetista como candidato a governador e o líder comunista como candidato a vice, numa chapa abençoada por Flávio Dino, que a completaria como candidato ao Senado. O frenesi causado pela imagem de ontem, na verdade, só deu mais força a uma possibilidade que já vem sendo imaginada há tempos nos bastidores da política. O próprio Márcio Jerry foi perguntado sobre o assunto, tendo respondido com evasivas, mas com um largo sorriso no rosto, que disse mais que suas palavras.

O fato é que, num gesto de coerência raro na política, o presidente da Assembleia Legislativa praticamente arquivou seu projeto senatorial ao condicioná-lo à decisão quase certa do governador Flávio Dino de candidatar-se à vaga. Deixa em aberto, por enquanto, seu próximo passo, mas com a sabedoria de não criar obstáculo à liderança do governador Flávio Dino e a cautela de ter pavimentado sua reeleição ao parlamento estadual nas últimas eleições, nas quais participou diretamente da eleição de 19 prefeitos. Já em relação à sugestiva imagem ligando Weverton Rocha e Márcio Jerry, trata-se de uma possibilidade, muito remota, é verdade, mas não descartável, pois basta lembrar o que aconteceu nos surpreendentes movimentos que resultaram na recente eleição do prefeito de São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Assembleia reabre empossando nova Mesa e é saudada por Flávio Dino

Nova Mesa Diretora: Othelino Neto ao centro, ladeado por Cleide Coutinho, Paulo Neto, Andrea Resende e Pará Maranhão à esquerda, e por Glaubert  Cutrim, Detinha, Rildo Amaral e César Pires à direita, eleitos antecipadamente em abril de 2019

A Assembleia Legislativa do Maranhão iniciou suas atividades do ano legislativo de 2021 (o terceiro da 19ª Legislatura) de forma inédita: empossando a nova Mesa Diretora, eleita no primeiro semestre de 2019. Sob a presidência do deputado Othelino Neto, que renovou o mandato naquela eleição, o novo comando do Poder Legislativo do Maranhão terá a seguinte composição: 1º vice-presidente: Glaubert Cutrim (PDT), 2º vice-presidente: Detinha (PL), 3º vice-presidente: Rildo Amaral (Solidariedade), 4º vice-presidente: César Pires (PV), 1º secretário: Andréia Rezende (DEM), 2º secretário: Cleide Coutinho (PDT), 3º secretário: Pará Figueiredo (PSL) e 4º secretário: Paulo Neto (DEM).

Consumada a posse das nova Mesa, em ato presenciado pelo procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau e pelo desembargador Tyrone Silva, representante do Judiciário, o presidente Othelino Neto definiu o momento: “Este novo biênio é importante para todos nós. Continuaremos trabalhando muito pelo Maranhão, cumprindo com o nosso dever de legislar e fiscalizar as ações do Poder Executivo, ajudando aqueles que mais precisam da proteção do Estado”. E completou: “A presença dos senhores mostra, mais uma vez, para o Maranhão inteiro e para o Brasil, a capacidade de diálogo que nós temos. O Maranhão dá um bom exemplo para o Brasil. Quem ganha com isso é a sociedade, quando nós todos, servidores públicos, estamos cumprindo com o nosso dever. Ruim seria se nós tivéssemos a capacidade de, mesmo na divergência, dialogar. Esse espírito público que supera divergências ideológicas é que tem norteado a Assembleia Legislativa do Maranhão”.

O governador Flávio Dino, que participou do ato remotamente, por videoconferência, saudou o Legislativo: “Quero transmitir meus votos de êxito nesta nova etapa da caminhada do Parlamento do nosso Estado. Sempre com a convicção de que independência e harmonia serão as marcas dessa nova quadra, como tem sido desde que tive a alegria e a honra de ser empossado como chefe do Poder Executivo estadual. Assim temos caminhado e assim continuaremos, porque acreditamos que os trilhos da Constituição são aqueles que nos conduzem a bons destinos”.

 

Senado faz sucessão civilizada; na Câmara Federal, novo presidente começa atacando antecessor

Rodrigo Pacheco venceu no Senado e Arthur Lira foi eleito na Câmara Federal

O Brasil assistiu ontem ao Congresso Nacional renovar seus comandos com dois cenários absolutamente diferentes. No primeiro, o Senado da República deu um exemplo de seriedade, com o presidente eleito, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo Palácio do Planalto, deu uma prova de civilidade política, desfazendo ali mesmo o clima de disputa ao saudar respeitosa decentemente a sua oponente, a senadora Simone Tebet (MDB-MT), e elogiar a obra do seu antecessor, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Além disso, abriu seu discurso mandando um recado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os golpistas que o cercam no Palácio do Planalto: não admitirá qualquer ameaça à democracia, à Constituição, às liberdades civis e o Estado Democrático de Direito. Foi uma transição de fazer inveja ao antes civilizado e hoje combalido Senado norte-americano, principal referência parlamentar do planeta até o mês passado.

Na Câmara Federal o ambiente foi outro. Numa decisão que surpreendeu até mesmo seus partidários, o novo presidente, deputado Arthur Lira (PP-AL), não completou uma hora no cargo e já partiu para o revanchismo. O seu primeiro ato formal foi uma resolução legislativa desmanchando ato do seu antecessor, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), aceitando deum bloco de partidos de esquerda que apoiou seu adversário, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). E o fez de maneira agressiva, deixando muito claro que vai manter a Casa em clima de guerra, ao contrário do novo presidente do Senado, que preferiu unir a Câmara Alta.

Os dois cenários deixaram claro que, a exemplo do ex-presidente Davi Alcolumbre, o presidente Rodrigo Pacheco, terá relação próxima com o presidente Jair Bolsonaro, mas não permitirá sua interferência no Senado. Já os primeiros atos e gestos do presidente da Câmara Federal indicaram que, ao contrário do seu antecessor, o presidente Jair Bolsonaro e sua turma vão, direta ou indiretamente, dar as cartas na Casa.

São Luís, 02 de Fevereiro de 2021.

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